CityPenha Janeiro 2019

Janeiro / 2019 - nº 140 30 C omportamento Para que o amor dê certo: Tire as lentes cor de rosa Sabe quando a gente imagina e idealiza a pessoa com quem nos relacionamos e isso acaba se tornando uma lente que nos impede de ver quem o outro é de verdade? Para que o amor dê certo, é preciso tirar os óculos cor de rosa da ilusão. Quando imaginamos o amor ou idealizamos uma re- lação, criamos, mesmo que sem querer, uma ilusão base- ada em fantasias e expectativas. Segundo a Orientadora Emocional para Mulheres, com foco em relacionamen- tos, Camilla Couto, podemos pensar nessa ilusão como lentes cor de rosa que nos fazem enxergar somente aqui- lo que desejamos ver, não necessariamente o que é real: “com essas lentes, nos dispomos a enxergar claramente as qualidades que nos agradam no outro e nos privamos de ver aquelas que não condizem com o que esperáva- mos”, explica. Quem aí nunca fez isso? Para Camilla, tirar as lentes cor de rosa da ilusão significa enxergar o outro exatamente como ele é. Não como imaginamos que ele seja, nem como gostaríamos que ele fosse. “Pode parecer um pouco radical em um primeiro momento, mas é a mais pura verdade: o amor só acontece de forma mais profunda quando nos deparamos com a realidade. Do contrário, não passa de uma ilusão”, enfatiza a orientadora. “Existem casais que convivem por anos nessa situ- ação e, quando alguma ruptura acontece, eles se veem como realmente são. A pergunta é: a pessoa não se mos- trava como realmente é ou a outra é que não viu? Será que é possível fingir ser alguém durante tanto tempo na intimidade de um casal? O mais comum é que uma das partes (ou ambas) não desejasse ver o outro exatamente como é, para não correr o risco de ver sua idealização desmoronar”, completa Camilla. Segundo ela, o medo da realidade, de sermos con- trariados ou de termos que conviver com algo que não seja tão fácil e confortável são os fatores mais comuns para insistirmos na manutenção das lentes cor de rosa: “fazemos isso acreditando que seja melhor pensar que a pessoa é quem queremos que ela seja. Fazemos isso com a intenção de nos proteger das diferenças. E não nos damos conta do quanto isso é prejudicial para a relação. De que forma viver uma ilusão pode ser melhor do que viver a verdade?”, questiona. Camilla explica: “a realidade pode não ser tão doce, mas é dela que precisamos viver e é nela que os verda- deiros sentimentos se baseiam”. Tudo que é ilusão não dura para sempre. “Em algum momento, a ruptura de que falei acima acontece”, reflete a orientadora, que segue: “pode vir em forma de uma reação exagerada e brusca, de uma decisão inesperada, de uma traição ou de uma decepção. E então, as lentes se desfazem e nos vemos cara a cara com a realidade: ele não é exatamente como imaginamos e idealizamos. E aí, nos sentimos engana- dos pela vida. Enganados pelo outro. Enganados por nós mesmos. Mas só a última alternativa é correta: fomos enganados pelo nosso próprio medo de enxergar a verdade como realmente é”. Relações que duram no tempo têm menos idealização e mais compreensão. Menos super- ficialidade e mais parceria. “Amar de verdade, acontece quando conhecemos o outro como é: com suas sombras, suas fragilidades, suas fra- quezas, suas incertezas, seus medos – e, ainda assim, escolhemos conviver, compartilhar e crescer juntos”, revela Camilla. As lentes cor de rosa deixam tudo lindo em um primeiro mo- mento, são as lentes dos contos de fadas, da paixão, dos sonhos. E não podem durar para sempre, nem vão. Entender que é preciso olhar para a vida sem lentes que a filtrem, faz de nós mais maduros e mais prontos para amar verda- deiramente. por Katiuscia Zanatta

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