citypenha Julho 86 - page 64

Julho / 2014 - nº 86
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E
special
Quem enfrenta diariamente os 150, 200... 400 qui-
lômetros de trânsito caótico na Grande São Paulo sabe
muito bem o quanto isso prejudica a sua saúde, o bolso
e a carreira.
É humanamente impossível alguémmanter o bom hu-
mor logo ao saltar da cama, sabendo que mais uma vez
demoraráduas, três oumais horas para chegar ao trabalho,
dirigindo a5kmpor hora, respirandopoluiçãopura, sujei-
to a ruídos e à falta de educação de motoqueiros e moto-
ristas estressados alémdomedode arrastões.Acrescente a
tudo isto a angústia provocada pela incerteza de que não
chegará a tempo para um importante compromisso.
Se a alternativa for pelo transporte público as coisas
não serão melhores: filas intermináveis no transporte pú-
blico, desconforto de permanecer “prensado” em vagões
abarrotados de gente, algumas das quais nem sempre se
preocupam com a higiene pessoal.
Ohumor tende a piorar ao lembrar-se de que no come-
ço da noite tudo se repetirá no sentido oposto.
A sensação de tempo perdido é dolorosa. Basta ima-
ginar quantas coisas úteis poderiam ser feitas nesse perí-
odo de total improdutividade: uma caminhada matinal,
academia, leitura de atualização técnica, maior atenção
à família, o trato de um assunto pessoal pendente, entre
outros tantos.
Amá notícia é que não há sinais no horizonte de que a
questão da ampliação do transporte público e damalha ro-
doviária será resolvida,mesmono longoprazo.Quem sabe
no prazo remoto!!!A cada diamilhares de novos automó-
veis sãodespejados nas ruas já entupidas dametrópole.
Este cenário, corriqueiro na vida do paulistano, está
impactando o ambiente das organizações, fazendo dispa-
rar as demissões voluntárias.
De fato, no mundo corporativo é cada vez
mais frequente profissionais abandonarem
bons empregos em boas empresas, por conta,
única e exclusivamente do trânsito. Demitem-
-se para migrarem para empresas localizadas
na sua própria região domiciliar, até aceitando
cargos e saláriosmenores. Outros, mais deses-
perados, simplesmente demitem-se antes mes-
mo de obterem uma nova colocação. Há tam-
bém aqueles que optam por soluções radicais,
comoamudançadecidade.Mas tudoemnome
damelhor qualidade de vida.
Nesse contexto as empresas tambémmuda-
ram suas políticas de gestão de pessoas para se
adaptarem às novas características domercado
de trabalho. Para conseguir reter funcionários,
priorizam, nos processos seletivos, a contrata-
ção de candidatos residentes na mesma região
da empresa, ou relativamente próxima. O fator
“tempo no trânsito” passou a ser determinante
nas contratações, em todos os níveis.
As adaptações ao novo cenário são naturais, e podem
ser vistas como benéficas tanto para as em-
presas como para os profissionais. Todos ga-
nham, particularmente os profissionais, que,
mesmoem situaçõesdedesvantagem salarial,
serão compensados significativamente com a
ampliaçãodopadrãodaqualidadedevida.
Afinal, saúde não tem preço.
Durval Luchetti
•Consultor emGestão dePessoas
Trânsitoe
QualidadedeVida
1...,54,55,56,57,58,59,60,61,62,63 65,66,67,68,69,70,71,72,73,74,...84
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