CityPenha maio 2018
Maio / 2018 - nº 132 14 Cida Lopes • Gestora/Produtora de Eventos/Docente – MBA em Hospitalidade • cida.aparecida.lopes@gmail.com D estaque com os pais, que precisam excluí-los de suas próprias vidas em uma tentativa desesperada de se permitir existir como uma pessoa diferente daquela que a mãe espera dele (a). Ato dos mais difíceis para um ser humano, às vezes a presença da mãe é tão opressora e imponente que não nos sentimos no direito de ser. Amãe não se dá conta que pode sufocar os (as) filhos (as) com suas expectativas para eles (as). Recebem sob seus cuidados seres que desconhecem absolutamente o mundo, tentamos ensinar a eles (as) tudo que sabem ou acham, que irá protegê-los (as) e, um dia, eles (as) lhe dirá, que nada daquilo serve, e que eles (as) vão fazer as coisas "à sua maneira". Essa atitude muitas vezes as desesperam, quando não deveria: com esse rom- pimento, eles (as) geralmente são capazes de encontrar o próprio caminho, que costuma ser um meio termo entre os desejos deles e suas vocações naturais. Enquanto mães, é difícil aceitar a libertação dos filhos (as) do nosso domínio e cuidado. Queremos que eles (as) não cometam os erros que cometemos, então interferimos mais do que deveríamos. Doce ilusão: eles (as) não co- meterão os erros que cometemos. Cometerão os próprios erros e aprenderão com eles (as), independente do quanto queiramos protegê-los (las). Para o filho querer essa mãe em sua vida é inquestioná- vel, mas, não dessa maneira como ela deseja e sim de uma maneira saudável, que lhe permita existir como pessoa. Mal sabem que nunca deixarão de estarem presentes. Disfarçadamente, eles (as) estão sempre observando as mães em busca de nossa avaliação daquilo que estão fa- zendo. Se as mães estão aprovando ou reprovando? Ainda que se esteja em silêncio e sem interferir, o olhar, a expres- são facial, os gestos, tudo é observado como dicas sobre o caminho que estão percorrendo. O mais difícil dessa relação se encontra no processo de individualização de ambos os seres. Por ser uma relação que tem início de maneira absolu- tamente simbiótica, como um sendo parte do corpo do outro, é difícil principalmente para a mãe entender que aquele ser a quem deu vida é um ser diferente e independente dela. É difícil para uma mãe aceitar a mudança em seu papel na vida de um filho, de protago- nista durante os primeiros anos para coadju- vante na idade adulta. É difícil entender que, apesar de tudo isso, o amor que um filho (a) nutre por uma mãe é imenso e desconhece barreiras. Existe e sobrevive mesmo em situ- ações adversas, apesar dos limites impostos, das distâncias, da idade. Segundo psicólogas, os adolescentes pre- cisam sentir que é ouvido. A mãe tem que estar próxima. A família deve estar atenta às amizades, ao comportamento do filho (a) e precisa saber o que está acontecendo na vida dele (a). Por isso, a conversa tem que ser aberta. Isso não quer dizer que os pais devam concor- dar com o adolescente, mas ter uma maneira de se comuni- car onde haja compreensão para ambas as partes. É difícil tanto para mães quanto para filhos (as) saber quando renunciar a uma discussão ou briga, por reconhecer que não poderá fazer o outro entender o seu ponto de vista, e decidir dar um passo em direção a um ponto médio. Mas essa é uma relação geralmente cheia de extremos e de poucos pontos médios. Fundamental e básica para qualquer ser humano, a relação entre mãe e filhos (as) pode ser um oásis num deserto ou uma disputa eterna de individualidades. Atravessada por um amor que costuma ser incondicio- nal de ambas as partes, não é uma relação imune a confli- tos nem que está finalizada. Como toda e qualquer outra relação, é passível de ser melhorada sempre, e oferecem incríveis oportunidades de aprendizado e crescimento para ambas as partes. Como toda relação humana, é construída a quatro mãos: depende de dois para crescer, existir, e se fortalecer. Independente de quem decida ceder e quando, com o crescimento dos (as) filhos (as) e o amadurecimento das mães, é importante cultivar um diálogo maduro e aberto. A ideia é superar os medos infantis de punição ao ex- pressar os próprios sentimentos, ou de ofender os pais, porque são as coisas não ditas ou ditas sem respeito que costumam criar mágoas e distâncias. É só através de um diálogo sincero e amoroso que po- demos crescer e permitir ao outro crescer, abertos, cons- cientes de que nenhuma das partes está imune a erros e que ambos precisam contar com a capacidade de perdoar do outro, para que o tempo fortaleça os vínculos da relação.
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