CityPenha maio 2018

Maio / 2018 - nº 132 26 Dicas para quem precisa se reinventar profissionalmente depois da maternidade A maternidade não é tarefa fácil. De repente, aquela mu- lher que se achava poderosa, profissional exemplar, respon- sável por decisões importantíssimas se sente insegura para decidir se medica ou não uma febre, se leva no pediatra ho- meopata ou no alopata quando está doente, se dá uma bronca ou um abraço quando a criança desobedece e cai do banqui- nho que não deveria ter subido. Em momentos assim, nos sentimos sozinhas e, muitas vezes, impotentes. E, como se isso não bastasse, experimentamos, ao mes- mo tempo, outros sentimentos completamente opostos. Nos sentimos fortes como leoas defendendo nossa cria, sobrevi- vemos bravamente a centenas de noites sem dormir, expe- rimentamos uma felicidade inexplicável ao presenciar um simples sorriso. Vivemos essa polaridade de sentimentos e sensações. E é com esse vulcão interno que mui- tas de nós tenta voltar a investir no papel profissional como se nada de diferente estivesse acontecendo. Na minha opinião, é aí que está o erro. A sociedade tenta nos fazer acreditar que dá para separar a mu- lher profissional desta nova mulher, agora mãe. E não dá. Nosso cor- po, nossa mente, nossas emoções, nossa alma, tudo está integrado. E precisamos nos reinventar profis- sionalmente após a maternidade, ou após qualquer outra ex- periência transformadora que vivemos. Mas ainda se fala muito pouco sobre isso. Encontramos dicas sobre enxoval, amamentação e introdução alimentar. Sobre como brincar e o que fazer quando a criança faz birra. Sobre adaptação escolar e como voltar à forma depois da maternidade. Mas quase nada sobre os desafios de conciliar, de fato, maternidade e carreira. Por isso, quando eu voltei da minha licença maternida- de, procurei ouvir outras experiências, saber como diferentes mulheres lidam com essas questões, como se reinventaram nesta nova fase. Assim eu me reinventei também. Não chutei o balde, não abri mão dos meus sonhos, mas também não fiquei achando que tudo ia seguir do ponto em que tinha parado. Tive que fazer escolhas e assumir riscos. No começo foi muito difí- cil escrever o meu caminho, mas hoje olho satisfeita com as escolhas que fiz e com o que consegui. Então, fico à vonta- de para compartilhar algumas dicas que serviram para mim. Quem sabe elas ajudem você que está passando por esta fase também: • Não fique sozinha, remoendo suas dúvidas e sentimen- tos. Procure informação, conheça diferentes experiências e compartilhe as suas experiências com outras mulheres que estão passando por esta mesma situação. • Forme uma rede de apoio no local de trabalho. Não es- pere compreensão de todos os que trabalham com você. Re- conheça quem está mais próximo de entender e ajudar você e se aproxime, pedindo um colo, quando precisar. Geralmente outras mães com filhos de idades próximas passam por situa- ções semelhantes e são as melhores companhias nessas horas. • Reconheça que agora você é uma pessoa diferente, dê valor ao que melhorou e não dê tanta ênfase para o que piorou. A memória foi embora? Tudo bem, isso acontece mesmo, mas será que você não ficou mais focada e produtiva em seu horário de trabalho? Talvez mais empática com os outros ou, quem sabe, mais intuitiva para algumas decisões? • Não escolha “família” ou “carrei- ra”. Se os dois forem importantes para você, fique com os dois. Conheça os seus direitos para poder reivindicá-los se necessário e busque soluções criativas para driblar os de- safios que você, assim como eu, vai encontrar. • Acredite que é possível encontrar novos caminhos se você se fortalecer, investir em você, em seu desenvolvimento integrado, isto é, considerando a conexão entre seu corpo, sua mente, suas emoções, suas relações e um novo propósito para a sua vida. Isso vai te fortalecer para superar seus desafios! Assim como todas as mudanças importantes na vida, a maternidade nos modifica por inteiro, em todos os nossos papéis. Permita-se identificar a nova mulher que nasce junto com a mãe e, com isso, a nova profissional também. E você, que desafios está vivendo em seu papel profissio- nal depois de se tornar mãe? Tem dicas para compartilhar? Magele Valdo • Psicologa pós-graduada em Psicologia do Desenvolvimento e em Psicodrama com especialização em Sócio Psicodrama e Ciências Comportamentais. C omportamento Feliz Dia das Mães

RkJQdWJsaXNoZXIy NzkwMDY=