CityPenha maio 2018

43 Maio / 2018 - nº 132 Gavrie’el também perguntou porque eliminá-los, Dam e Havva, enquanto outros projetos não receberam tal atenção. Mikha’el respondeu que Dam e Havva eram os melhores, tinham inteligência suficiente para aprender e transformar, capacidade de entender problemas, eram mais longevos e, principalmente, podiam se reproduzir. Ressaltou que os outros projetos se extinguiriam por si só. E, esclareceu, Nachashi, permitiu que Havva acessasse nossos arquivos e conhecesse todo nosso projeto e, durante o interroga- tório descobrimos ser ele agente de nosso irmão e estava aqui para sabotar a operação e impedir que retornássemos quando a revolução iniciasse. E quanto à todas as bases es- palhadas pelos continentes, perguntou Gavrie’el. Sem os equipamentos essas bases são apenas estruturas de pedra e, até retornarmos, já terão passado mais de mil anos aqui em Edin então não haverá perigo de nosso conhecimento cair em mãos erradas, respondeu Mikha’el. Nesse ínterim, um oficial chamou Mikha’el e informou que todos estavam prontos para partir. Mikha’el deu ordem de partida. As naves iniciaram a ignição de seus motores e subiram ao céu. Eles, Dam e Havva, dentro da caverna, recobraram a consciência e viram que a entrada estava bloqueada e não poderiam sair. Dam observou e viu um pouco de luz entran- do pelas frestas das pedras que bloqueavam a entrada, en- tendendo que o dia estava raiando. Pediu silêncio para Ha- vva e ouviu o som de água corrente. Pediu para ela aguardar, andou um pouco para o interior da caverna e após um tempo retornou. Pegou a mão de Havva e a guiou até um buraco na caverna onde se via um riacho subterrâneo e disse para pularem. Entraram na água e deixaram a corrente os guiar. Em alguns trechos ficaram submersos, em outros acima da linha d’água, até que avistaram uma luz, era a saída. Saíram do rio subterrâneo e foram para a margem. Dam ouviu o barulho de motores e apontou para cima, então viram as naves se afastando em direção aos céus e de- saparecerem. Havva pegou na mão de Dam dizendo: você me perdoa pelo que fiz? Dam respondeu: não há o que per- doar, acho que nós não teríamos chance! Éramos os melhores e por certo um risco! Havva refletiu um pouco e disse: você tem razão, quando Nachashi me mostrou os arquivos proibi- dos eu vi o que pretendiam. Nossa capacidade de aprender e transformar não era o objetivo do projeto. Dam! Continuou Havva, vi também que somos capazes de nos reproduzir, di- ferentemente dos outros projetos. Dam olhou para Havva e disse, então vamos povoar este lugar e nos preparar. Pelos meus cálculos eles voltarão den- tro de mil dos anos aqui de Edin, tempo suficiente para co- nhecermos melhor o lugar e nos fortalecermos. Havva olhou para Dam e perguntou, contaremos à nossa descendência tudo que sabemos? Dam respondeu, nada contaremos pois não estamos sós, temos um aliado entre os grandes; e, colo- cando a mão no ouvido retirou um pequeno dispositivo de comunicação e o mostrou à Havva dizendo, isto me foi dado por Gavri’el ele tivera conhecimento antecipado das ordens para nos eliminarem, mas, não concordou com isso. Foi ele que nos guiou até aquela caverna no lago e me disse para usarmos a lama como camuflagem, ele também me disse que voltariam e deveríamos preparar nossa descendência para confiar neles pois, com o nosso sucesso Gavri’el con- seguiu mudar o projeto e, ao invés de sermos meros servos dos Grandes, teríamos autonomia para crescer, multiplicar e transformar Edin. Ele, olhando fixamente para ela, disse: de agora em diante eu não sou mais Dam e você não é mais Havva e aqui não é mais Edin. Serei Adão e você Eva e esse lugar será chamado de Terra! Eva olhou para Adão e se abraçaram. Roberto de Jesus Moretti • Bacharel em Direito pela Universidade de São Paulo, Doutor em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública • rdjmoretti@gmail.com C onto

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