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Novembro / 2017 - nº 126
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C
omportamento
Não deixe para
amanhã o que você pode fazer hoje
Certamente, esta frase já foi dita muitas vezes. A simples
lembrança desse ditado popular sugere a evitação do ato de
procrastinar, isto é, adiar; espaçar; postergar; demorar; atrasar;
protrair; prolongar; retardar; protelar; prorrogar; pospor; dife-
rir; delongar; tardar e transferir para outro dia o que poderia
ser prontamente realizado.
Procrastinar
é a “arte” de deixar para amanhã; é um com-
portamento considerado normal ao ser humano, no entanto
pode ser muito prejudicial quando começa a impedir o funcio-
namento de rotinas pessoais ou profissionais.
O verbo procrastinar é utilizado no sentido de
negligencia-
mento de atividades
, ou seja, quando um trabalho não recebe
a devida atenção e importância que deveria, sendo deixado de
lado para a produção de outras atividades menos importantes,
por exemplo.
Por normal, o ato de procrastinar está relacionado com a
ansiedade, stress, falta de criatividade e outros sentimentos
que ajudam a desconcentrar a pessoa de seu objetivo. Esse
comportamento que se presumi interferir no desempenho in-
dividual ou grupal, estando presente cotidianamente em di-
versos contextos como: vida escolar/acadêmica, trabalho, re-
lações interpessoais, cuidados com a saúde, etc.
Para o psicólogo Tim Pychlyl, da Universidade de Carle-
ton no Canadá, procrastinação é tomar a decisão de não fazer
algo mesmo se sabendo que a longo prazo isso será pior. De
acordo com ele, não se trata de uma questão de gestão de tem-
po e sim de uma incapacidade de controlar emoções e impul-
sos, porque quando procrastinamos, estamos tentando melho-
rar nosso estado de ânimo evitando fazer algo que nos parece
desagradável; afirma ainda, “É como ficar bêbado ou comer
para se consolar: é uma estratégia que nos faz sentir melhor ao
nos distrairmos com um prazer de curto prazo e esquecermos
o problema”.
A formação de um “enrolador” muitas vezes começa na
infância. Crianças podem tornar-se procrastinadoras no futu-
ro por conta do tratamento que recebem dos adultos. Daí a
conveniência de revermos constantemente as nossas crenças,
para nos livrarmos de influências negativas que adquirimos ao
longo da vida.
Duas das vertentes mais clássicas são:
A criança extremamente protegida
, condicionada a
achar que sempre alguém fará por ela. Quando adulta, ela
tenderá, inconscientemente, a sentir-se insegura para agir, por
não ter alguém a auxiliando.
A criança que é exageradamente cobrada
, ela pode de-
senvolver a característica do perfeccionismo. Assim, ela tende
à procrastinação por acreditar que, mesmo se dedicando, não
conseguirá realizar as coisas de modo primoroso e acaba pos-
tergando tudo o que acha importante.
Os primeiros achados a respeito indicaram que nem todos
os comportamentos de procrastinação são inadequados, preju-
diciais ou levam a consequências indesejáveis. Nesse sentido,
são diferenciados dois tipos de procrastinadores:
os passivos
e os ativos
.
Os
passivos
são considerados procrastinadores tradicio-
nais, paralisando suas ações em virtude de indecisões de agir
sobre a realidade, deixando de executar tarefa em tempo hábil.
Em contrapartida, os
ativos
apresentam características de-
sejáveis de comportamentos e atitudes, preferindo trabalhar
sob pressão, tomando decisões, controlando o tempo e a auto
eficácia para melhor realização de tarefas.
Neste contexto, a procrastinação não se apresenta apenas
como um componente de administração de tempo, pois ela en-
volve fatores que também estão relacionados com fenômenos
comportamentais, afetivos e cognitivos, assim como destaca
a noção de que uma tarefa pode ser adiada até sua data-limite
e mesmo assim ser bem executada, obtendo resultados posi-
tivos, despertando no agente, sensações agradáveis de capa-
cidade de realização e auto eficácia (Fee & Tangney, 2000).
Destacamos então vários fatores a analisarmos:
Preferência por pressão (PPP)
: Esta característica consi-
dera o estresse como elemento preponderante, que é motivado
pela necessidade intrínseca de lidar com o desafio e por deman-
das externas para completar a tarefa no tempo determinado,
onde essa pressão pode desenvolver sentimentos de desafio,
que não são necessariamente negativos no plano psicológico.
Satisfação com os resultados (SCR)
: Os indivíduos que
procrastinam tendem a se motivar quando, sob pressão, exe-
cutam as tarefas em tempo hábil, obtendo resultados satisfa-
tórios. Portanto, procrastinadores ativos decidem intencional-
mente adiar suas tarefas, postergando para o último momento
sua execução com o intuito de utilizar eficazmente o seu tem-
po para obter um resultado gratificante.
Decisão intencional (DI)
: Os procrastinadores tendem a
alternar de uma atividade para outra sem muito planejamen-
to ou organização do tempo. Estão dispostos a adiar tarefas
que planejaram fazer, mudando a sua programação mesmo em
curto prazo. Assim, em vez de serem fixadas em sua rotina
atividades pré-agendadas, eles intencionalmente remodelam
suas atividades de forma a responder às mudanças externas.
Existem algumas técnicas simples que ajudam as pessoas a
diminuírem o ritmo da procrastinação, focando principalmen-
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