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Setembro / 2017 - nº 124
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omportamento
Os desafios da adolescência
nos dias atuais
Embora muita coisa esteja prevista geneticamente,
a grande vantagem do ser humano sobre as outras espé-
cies é sua capacidade de ser moldado pela relação com o
outro, com a sua própria história e com a cultura. Desde
o nascimento, o sujeito irá se constituir a partir daquilo
que experimenta enquanto vivências reais, imaginárias e
simbólicas. Um efeito dessa historicidade do desenvolvi-
mento humano é percebido nas evidentes mudanças nas
suas etapas ao longo dos séculos, ao ponto de podermos
localizar a origem do conceito de infância e a origem da
adolescência.
As transformações sociais, culturais e psicológicas da
vida humana tendem a alongar o tempo de passagem da
infância à maturidade. Desse processo, emerge um sujeito
meio criança, meio adulto, e demorou muito tempo para
que a própria ciência o descobrisse.
A definição de adolescência é importante, pois exis-
te muita confusão em relação a isso. A forma mais fácil
de defini-la é tomar como referência a idade. A partir do
referencial cronológico a Organização Mundial da Saúde
(OMS) definindo a adolescência como o período da vida
que vai precisamente dos 10 anos até os 19 anos, 11 meses
e 29 dias. Nessa fase ocorrem pelo menos três fenôme-
nos importantes do desenvolvimento humano: do ponto
de vista biológico, a puberdade, com o amadurecimento
sexual e reprodutor; do ponto de vista social a passagem
da infância para a vida adulta, com a assunção de papéis
adultos e a autonomia em relação aos pais; e, do ponto de
vista psicológico, a estruturação de uma identidade defini-
tiva para a subjetividade.
Ser jovem hoje em dia é muito diferente do que era ser
jovem na época dos nossos pais e avós. O mundo mudou
muito, e muitas coisas que existiam, hoje já não existem
mais. O que era moda, hoje é demodê. O que era sucesso,
hoje é um clássico.
Atualmente, ser adolescente tornou-se mais comple-
xo do que antigamente. Podemos citar como principais
causas alguns fatores como: o aumento da urbanização,
a tecnologia sofisticada, o alto nível de informação, o nú-
cleo familiar modificado, a solidão urbana, a violência, a
evolução cultural, econômica e social.
Os jovens de diversos países estavam unidos pelo arre-
batamento romântico, mas diferiam na maneira de se com-
portar, de vestir, de imaginar o futuro. Muitos refrigerantes
de cola rolaram debaixo da ponte, e hoje, às vésperas do
terceiro milênio, as diferenças praticamente desaparece-
ram. Pela primeira vez na História da Humanidade, existe
uma geração que, em escala planetária, sob o bombardeio
de uma onipresente indústria cultural e com extraordinário
acesso à informação, sente, ouve e vê as mesmas coisas.
Eles se acham engraçados e originais. Confiam em
si mesmos e desconfiam dos políticos e até do vizinho.
Querem terminar os estudos, ter sucesso na carreira. O di-
nheiro não é tudo, mas contam com uma vida confortável,
uma boa casa, uma família feliz. Adoram televisão, ou-
vem pirâmides intermináveis de CDs, saem muito com os
amigos. Não estão com cabeça para reflexões filosóficas.
Usam jeans e camiseta, bem descontraídos e de preferên-
cia com boas etiquetas. Devoram hambúrgueres e dedi-
lham computadores com presteza.
É na juventude que desbravamos o mundo, descobri-
mos quem somos e aprendemos com as experiências da
vida, e vivemos aquilo que quando formos mais velhos
vai ser a fonte da nossa sabedoria. O adolescente procura
sempre viver em grupo, onde na sua concepção isso é vital
e primordial. Além dessa convivência, precisa ser aceito
pelo grupo para que se sinta mais seguro.
Com a velocidade das mudanças, o adolescente de
uma geração causa estranhamento e perplexidade para as
anteriores. Todos sofrem com isso. Os pais, principalmen-
te, sentem-se desorientados e vivem o luto da perda do fi-
lho dócil, companheiro, que agora os trocam pela "balada
com a turma" e não é mais o primeiro aluno da classe. Os
jovens, por outro lado, ficam expostos a um excesso de
crítica, são estigmatizados e, infelizmente, muitas vezes
abandonados e incompreendidos.
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