Agosto 2017 - page 12

Agosto / 2017 - nº 123
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C
omportamento
por Leda Sangiorgio
Ciúme pode ser saudável
para o casamento?
Há quem diga que o ciúme é necessário para o casa-
mento, já que é uma maneira de demonstrar preocupação
e interesse pelo outro. Por outro lado, pode ser difícil do-
sar esse sentimento de forma tão equilibrada. Portanto,
até que ponto o ciúme é normal e em que momento ele
se torna patológico?
Segundo Marina Simas de Lima, psicóloga, terapeu-
ta de casais e cofundadora do Instituto do Casal, o ciúme
pode ter significados diferentes para cada pessoa. “Para
alguns pode representar falta de confiança, para outros
pode representar cuidado um pelo outro. Em alguns ca-
sos pode aumentar a libido ou, contrariamente, produzir
raiva e afastamento. O mais importante é compreender a
relevância dele para a relação, se está baseado em fatos
reais e se sua função é positiva, gerando aproximação
do casal e reconexão, ou afastamento e destruição”, co-
menta Marina.
Ciúme patológico é sempre ruim
Para Denise Miranda de Figueiredo, psicóloga, te-
rapeuta de casais e cofundadora do Instituto do Casal,
quem apresenta o ciúme patológico quer ter absoluto
controle sobre o outro. “Há emoções e pensamentos
irracionais, assim como comportamentos inaceitáveis.
O medo de perder o (a) parceiro (a) é constante, assim
como a desconfiança excessiva. Isso tudo gera prejuízos
consideráveis em todos os aspectos da vida individual e
a dois”, diz Denise.
“Além do desejo de controle total sobre o outro, o
ciumento patológico se preocupa com os relacionamen-
tos anteriores, tem pensamentos obsessivos e fica re-
moendo pensamentos e sentimentos o tempo todo. E o
ciúme não vem sozinho: surgem vários sentimentos ao
mesmo tempo, como ansiedade, tristeza, raiva, vergo-
nha, culpa e insegurança. O ciumento patológico é uma
bomba relógio prestes a explodir e vivencia o amor de
uma maneira totalmente distorcida”, explica Denise.
A origem do ciúme patológico
“Em geral, o ciúme patológico está ligado a uma bai-
xa autoestima, insegurança e até mesmo a experiências
de traição de relacionamentos passados. Um estudo pu-
blicado em 2013, pelo Instituto Karolinska, da Suécia,
mostrou que 30% dos casos de ciúme patológico são
genéticos e os demais seriam influenciados por fatores
ambientais. De qualquer maneira, quem passa por isso
precisa buscar ajuda, porque quando não tratado, o ciú-
me patológico pode levar a desfechos trágicos”, comen-
tam as terapeutas.
Elas ajudam você a identificar 5 comportamentos que
podem representar o ciúme patológico:
1- Controle total: O ciumento patológico controla a
roupa, determina quais os lugares que podem ser fre-
quentados, com quem pode falar, etc.
2- Efeito surpresa: Faz aparições repentinas e inespe-
radas no trabalho, na faculdade/escola, na academia, etc.
A ideia é “pegar” o outro em flagrante.
3- Acesso irrestrito: Por exigência e insistência, tem
acesso a todas as senhas, acessa mensagens, celular, che-
ca e-mails, vê o histórico de ligações, etc.
4- Afastamento social: Proíbe o(a) parceiro(a) de fre-
quentar lugares sozinho(a) e afasta quem pode ameaçar o
relacionamento, como amigos e familiares.
5- Agressão física e verbal: Em um último está-
gio, o ciumento patológico pode chegar a agredir(o)
parceiro(a), tanto física, como verbalmente.
Quando é hora de procurar ajuda
“Uma boa relação é baseada na confiança, no di-
álogo franco e na liberdade de expressão. Se você se
sente tolhido(a), converse com seu parceiro(a), esta-
beleça limites e busquem juntos estabelecer a con-
fiança de forma a poder expressar um para o outro
o que sentem nos momentos de insegurança e que
se sentem ameaçados. Isso já é um bom começo”,
finalizam Marina e Denise.
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