CityPenha maio 2015 - page 10

Maio / 2015 - nº 96
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Incondicional, sentimento materno
é marcado por expressões clichês
Apesar de não agradar alguns filhos, expressões características
de mães soam de forma engraçada e podem representar
preocupação e proteção por parte da mãe
D
estaque
Apesar de a maioria não gostar e muitas vezes até colocar
o tema em pauta entre os amigos, as frases e comportamen-
tos clichês característicos das mães têm, no geral, o intuito
de educar e moldar os filhos nas diretrizes daquela família.
Muita gente interpreta o perfil da mãe como chato e vitimis-
ta, principalmente quando elas dizem “você só vai dar valor
quando eu morrer”, por exemplo. Mas, segundo especialis-
tas, esse é um comportamento natural entre elas e isso pode
significar instinto de proteção e defesa. O dia a dia corrido e
agitado também é um vilão para a falta de paciência e gera-
dor de estresse na relação entre mães e filhos.
“Essas frases são bem características daquela mãe que
quer educar, mas que às vezes age completamente por ins-
tinto. Ameaçar dizendo ‘você vai ver quando chegar em
casa’, por exemplo, não é algo emocionalmente adequado.
A criança fica ansiosa, com medo e, dependendo do tempo
que passar, a mãe nem se lembra da ameaça que fez quando
chega em casa”, afirma a psicóloga comportamental e espe-
cialista em analise do comportamento Letícia de Oliveira,
30. Para ela, mães possuem um comportamento similar, prin-
cipalmente com relação ao cuidado e a preocupação com os
filhos. “Normalmente vemos mulheres que abrem mão, sem
dificuldade, de seus prazeres, de trabalho e até mesmo da
vaidade em prol de seus filhos. Acredito que amor de mãe é
algo imensurável e incomparável”, diz Oliveira.
A professora e educadora social Eliana Toscano, 43, é
um bom exemplo de mãezona atarefada, que vez ou outra,
na hora do nervoso, acaba desabafando nos filhos e disfe-
rindo as famosas e marcantes frases ditas por quem é mãe.
Com duas filhas, uma de 14 e outra de 9 anos, marido, cinco
cachorros e quatro gatos dá para imaginar a correria que é o
cotidiano da professora, que atua eminentemente em ONGs
da Zona Sul de São Paulo. “Fico brava mesmo. Boto todo
mundo pra correr. Falo, falo e falo nas orelhas. E eu já te-
nho o tom de voz alto. Claro, tudo isso é figurativo, porque
eu respeito o E.C.A. (Estatuto dos Direitos da Criança e do
Adolescente). O importante é nunca perder o bom humor,
porque, se levar tudo em ferro e fogo, você pira e enlouquece
quem está em sua volta”, comenta Toscano.
Hábito comum entre os pais no geral, Eliana também
costuma chamar os filhos pelo nome completo e pausada-
mente, quase separando as sílabas, quando está aborrecida
ou quando eles estão fazendo algo de errado, desobedecen-
do. A professora também se depara repetindo atitudes que
julgava como chatas e inconvenientes antes praticadas por
sua mãe, o que ilustra a ideia de que algumas histórias se
repetem e que às vezes a máxima de que “mãe é igual, só
muda o endereço” pode fazer algum sentido em alguns ca-
sos. “De vez em quando me pego como a minha mãe e fazen-
do exatamente o que antes eu abominava. Aí eu paro, respiro,
penso e mudo a atitude. Mas é tudo
muito rápido, assim, em fração de
segundos”, explica Eliana, que faz
questão de ressaltar a consideração
e o reconhecimento que tem pelos
ensinamentos e educação passados
através de sua mãe. “Tudo que sou
hoje eu agradeço à Dona Elza Cos-
ta de Araújo, que está velhinha, pe-
quenininha, surdinha”, diz.
A psicóloga e psicoterapeuta de
crianças, adultos, casais e orienta-
ção familiar Cristiane Maluf Mar-
tin, 42, acredita que os costumes
hereditários são evidentes no com-
portamento das mães, que tendem a
imitar, ao menos em partes, a forma
de educar e lidar com os filhos que
por Arilton Batista
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