CityPenha outubro14 - page 12

Outubro / 2014 - nº 89
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D
estaque
tas tecnológicas pelas crianças.”Hoje em dia émuito im-
portante que as crianças conheçam as novas tecnologias
para o seu desenvolvimento e conhecimento do mundo,
pois tornou-seumanecessidade social. Porémessemundo
virtual, sem um direcionamento, limita a capacidade das
crianças em criar, imaginar e assimilar diferentes possibi-
lidades e descobertas”, dizRicci.
As brincadeiras de faz de conta, por exemplo, podem
ser úteis não simplesmente como entretenimento para
imaginário das crianças, mas também para o desenvolvi-
mento de habilidades muitas vezes utilizadas no futuro,
noutra etapa da vida, como a adolescência. Como a cria-
çãode situações é infinita, os pais podem colocar osfilhos
pequenos em cenas de histórias em que consigam treinar
o controle do medo, por exemplo. Outro aspecto impor-
tante relacionado às crianças que são imaginativas é que
elaspodemobtermais sucessona resoluçãodeproblemas.
Esse foi um estudo feito pelaUniversidade CaseWestern
Reserve, nosEUA. “O imaginário está intrínseco emnos-
sa existência. Faz parte de nosso dia a dia. Não existe re-
alidade sem imaginação. Por isso buscamos despertar em
nossas crianças a alegria de sonhar”, explicaKarina Fere-
guetti, diretora pedagógica doColégioFereguetti.
Existem algumas atividades que ajudam adesenvolver
a imaginação das crianças. Cabaninhas, quebra-cabeças,
blocosparamontar, roupasdebonecas,materiaisparapin-
tar e desenhar, carrinhos de bonecas ou de supermercados
e brinquedos que imitam o universo adulto são algumas
delas. Julgadas pormuitos como asmais eficazes para tra-
balhar o imaginário infantil, porém, são as relacionadas
à contação de histórias.Além de ler os textos para os pe-
quenos, convidá-los a dar o iníciooufim ao enredo é uma
ideia para estimulá-los.Mesclar algum acontecimentove-
rídico da vida da criança e complementar com a ficção é,
também, uma formadeenvolvê-lanocontexto.Aosque já
escrevem,montar histórias a partir da observação de ima-
gens eaproduçãodeum textocoletivo tambémpodem ser
divertidas maneiras de exercitar o imaginário. A diretora
doColégio Fereguetti destaca a importância das histórias
para as crianças. “As crianças adoram ouvir histórias, e é
muito importante buscar temas de seu interesse. Teatrode
fantoches, cinemas e livrarias com espaços lúdicos tam-
bém estimulam o gosto pela leitura, auxiliando principal-
mente o processo de alfabetização”, comentaKarina.
José CarlosMartins é psicólogo e diretor pedagógico
do Colégio Renovação, localizado no Jardim da Saúde,
Zona Sul de São Paulo, explica que a criança se sentirá
estimulada pela leitura vendo os adultos lendo e que, por
isso, deve haver envolvimento dos pais na hora de contar
as histórias para os filhos. “Quando lemos para as crian-
ças, interpretandoospersonagens,mudandoo tomdevoz,
gesticulando (teatralizando o texto), o interesse se amplia
e o gostinho de quero mais fica presente. O que temos é
quenósnão fomos formadospara sermos leitores emuitas
vezes fazemos ‘leituras’ para nossos filhos sem o verda-
deiro sentido que ela tem”, dizMartins.
Com a intensão de fazer com que os filhos se sintam
interessados pela leitura e que exercitem a imaginação,
muitos pais fazem trocas com eles, como na utilização
do computador e do videogame. Para que eles tenham,
por exemplo, o direito de jogar durante duas horas na
frente da televisão, é necessário ler determinada quanti-
dade de páginas do livro ou colorir ou pintar x números
de desenhos no papel. É ummétodo polêmico. Para al-
guns, é uma saída para o momento em que vivemos, de
constante atualização tecnológica e certa overdose de in-
ternet. JoséCarlosMartins, entretanto, acredita não ser a
melhor forma de conduzir a situação. “Creio que esta é a
negociaçãoquenão forma leitores,mas sujeitosdistantes
da leitura. O computador é atraente. Traz as respostas,
as imagens, o movimento, as falas de forma imediata.
Não é gostoso?O livro contendo imagens, palavras e co-
loridos fica um pouco distante da vivência da criança.
Faz-se então a barganha?Não acredito que isso auxilie a
criança! O livro infantil faz a criança pensar seus confli-
tos, seusmedos, suas angústias. Há nele a representação
do desenvolvimento emocional, dos valores culturais, da
construção histórico-educacional dos sujeitos. Utilizá-lo
para estas descobertas deve ser ensinado e não negocia-
do”, comenta JoséCarlosMartins
Para Soreny de Espírito Augusti Diretora Adjunta e
OrientadoraPedagógica doColégioSãoVicente de Paulo,
“as livrarias estão estruturadas, atualmente, para receber
o público leitor. Disponibilizam espaços para leitura, para
que se faça uma seleção antes de comprarmos um livro.
Levar as crianças para esses espaços é um bom estímulo à
leitura. Auxiliá-la na escolha de assuntos ou histórias que
desejam conhecer. Ler um pequeno trecho do livro para
despertar a curiosidade, o interesse também é um impor-
tante estímulo. Essas pequenas ações agradam muito a
criança e, com certeza, ajudará nessamotivaçãopara a lei-
tura.Acriançaprecisa ser despertadaparaogostodepegar
um livro nasmãos, ir e voltar em suas páginas, manipulá-
-lo, sentir o cheirodopapel, observar ilustrações etc.”
Encontrar o equilíbrio entre as tarefas físicas, de cor-
rer, se exercitar, com as atividades lúdicas, a leitura e
escrita - que estimulam a imaginação - juntamente com
a gama surpreendente de elementos tecnológicos é ainda
umdesafiopara as escolas e tambémparaos pais. Buscar
na internet, por exemplo, por sites educativos, de jogos
e/ou desenhos separados por faixas de idade é uma saída
queuneouniversoda tecnologia como campo educativo
e da imaginação. “Os pais podem fazer a mediação do
uso da tecnologia de forma educativa, com sites adequa-
dos para a faixa etária, possibilitando a interação fami-
liar, extremamente importante na educação infantil”, fi-
naliza a coordenadora pedagógica doColégio Fereguetti
PatríciaRicci.
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