CityPenha outbro 2015 - page 16

Outubro / 2015 - nº 101
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Com os avanços da medicina ajudando mais pessoas a viver
vidas mais longas, o número de pessoas com mais de 60 anos
deverá duplicar até 2050 e exigirá uma mudança social radi-
cal, de acordo com novo relatório divulgado pela Organização
Mundial da Saúde (OMS) para o Dia Internacional do Idoso (1
de Outubro).
"Hoje, a maioria das pessoas, mesmo em países mais pobres,
vivem por mais tempo", diz a Dra. Margaret Chan, diretora-ge-
ral da OMS. "Mas isso não é suficiente. Precisamos assegurar
que esses anos extras sejam saudáveis, significativos e dignos.
Alcançar esse objetivo não será bom apenas para os mais ve-
lhos, será bom para a sociedade como um todo."
Vida longa não é necessariamente vida saudável
Ao contrário das suposições generalizadas, o relatório conclui
que há poucas evidências de que os anos adicionais de vida são
desfrutados com melhor saúde do que no caso das gerações ante-
riores na mesma idade. "Infelizmente, os 70 ainda não parecem
ser os novos 60. Mas poderiam ser. E eles devem ser", diz o Dr.
John Beard, diretor do Departamento de Envelhecimento e Curso
de Vida da OMS.
Enquanto algumas pessoas mais velhas podem de fato estar
passando por vidas mais longas e saudáveis, a probabilidade é
de que elas tenham vindo de classes mais favorecidas da socie-
dade. "Pessoas de idade mais avançada, de meios desfavore-
cidos, em países mais pobres, com menos oportunidades e re-
cursos para serem independentes quando mais velhos, também
são suscetíveis a ter menos saúde e mais necessidade", explica
o Dr. Beard.
O relatório enfatiza que os governos têm de garantir políti-
cas que permitem às pessoas mais velhas continuar participando
da sociedade e que evitam as desigualdades que muitas vezes
sustentam a pobreza de saúde em idade mais avançada.
Envelhecimento - uma oportunidade perdida para
a sociedade
O relatório rejeita o estereótipo dos idosos como frágeis e
dependentes afirmando as muitas contribuições deles que são
esquecidas, enquanto as demandas do envelhecimento sobre a
sociedade são frequentemente sobrevalorizadas ou exageradas.
O relatório enfatiza que enquanto algumas pessoas mais ve-
lhas exigirão cuidados e apoio, as populações idosas, em geral,
são muito diversas e podem fazer várias contribuições para as
famílias, comunidades e sociedade em geral. O estudo cita uma
pesquisa que sugere que essas contribuições superam quaisquer
investimentos que podem ser necessários para fornecer servi-
ços de saúde, cuidados de longa duração e de segurança social
necessárias para as populações mais velhas. Outra constatação
Número de pessoas com mais de
60 anos de idade deverá duplicar até 2050
grandes mudanças sociais são necessárias
é de que a política tem de mudar de uma ênfase no controle de
custos, a um foco em permitir que as pessoas mais velhas façam
o que importa a elas.
Isso será particularmente essencial às mulheres, que consti-
tuem a maioria das pessoas mais velhas e fornecem grande parte
dos cuidados da família para aqueles que não podem cuidar de
si mesmos. "Ao olharmos para o futuro, temos de apreciar a
importância do envelhecimento na vida das mulheres, especial-
mente em países mais pobres. E precisamos pensar muito mais
sobre como podemos garantir a saúde das mulheres frente ao
curso da vida", diz a Dr. Flavia Bustreo, diretora-geral da OMS
para a Família, Mulher e Saúde da Criança.
Entretanto, um fator desempenhará papel chave como opor-
tunidade no envelhecimento das sociedades, se elas puderem se
reinventar – a saúde das pessoas mais velhas.
Um futuro brilhante espera
O relatório destaca três áreas-chave de ação que exigem
uma mudança fundamental na forma como a sociedade pensa
sobre o envelhecimento e as pessoas mais velhas. Essas ações
podem dar aos idosos de hoje e amanhã a capacidade de inven-
tar novas maneiras de viver.
O primeiro é tornar os lugares em que vivemos em ambien-
tes amigáveis para as pessoas mais velhas. Bons exemplos po-
dem ser encontrados na Rede Global de Cidades e Comunida-
des Amigáveis aos Idosos da OMS que conta com mais de 280
membros em 33 países. Isso vai de melhorar a segurança dos
idosos nas favelas de Nova Délhi ao projeto “Men’s Shed”, na
Austrália e Irlanda que combatem o isolamento social e solidão.
Realinhar sistemas de saúde às necessidades dos idosos tam-
bém será crucial. Isso exigirá mudança nos sistemas projetados
para curar doenças agudas, em sistemas que podem fornecer cui-
dados contínuos para as condições crônicas que são mais preva-
lentes em idade avançada. Iniciativas já reveladas como bem-su-
cedidas podem ser ampliadas e introduzidas em outros países. Os
exemplos incluem a criação de equipes compostas por diferentes
especialistas como fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas,
terapeutas ocupacionais, médicos e enfermeiros no Brasil, bem
como a partilha de prontuários informatizados entre instituições
de assistência no Canadá.
Os governos também precisam desenvolver sistemas de cui-
dados de longo prazo que podem reduzir o uso inadequado dos
serviços de saúde agudos e garantir às pessoas viverem seus
últimos anos com dignidade. As famílias necessitarão de apoio
para prestar cuidados, liberando as mulheres, que muitas vezes
são os principais cuidadores de familiares mais velhos, a desem-
penhar papéis mais abrangentes na sociedade.
D
estaque
por Tainá Ianone
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