CityPenha abril 2016 - page 36

Abril / 2016 - nº 107
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Atleta penhense vai às
alturas por meio do highline
D
estaque
Caminhar na corda bamba pode ser a definição perfeita para
o highline. O esporte, que nasceu nos Estados Unidos nos anos
de 1970, consiste na travessia entre dois pontos fixos - geralmen-
te montanhas e edifícios - sobre uma fita de poucos milímetros, a
dezenas de metros do solo, e é um subgênero do já mais popular
slackline - que é a caminhada sobre a mesma fita, porém a centí-
metros do chão. Traduzindo do inglês, highline significa a linha
alta, o que retrata a adrenalina vivida pelos atletas da modalida-
de, como é o caso do penhense Maraue Munareti, 24, da equipe
Slackmafia, que há quase dois anos se dedica intensamente ao
esporte. Do chão às alturas, porém, o processo foi desafiador e
exigiu, assim como exige, muita determinação.
Antes de entrar no universo do highline, Maraue praticava
outros esportes por hobby, como tênis, basquete, vôlei, futebol,
skate, patins, capoeira e judô. Os primeiros passos sobre a fita
aconteceram por acaso, durante uma viagem que fez com alguns
amigos para São Thomé das Letras (MG). "Chegando lá vi uma
galera praticando e, então, decidi começar no slackline para mi-
grar depois ao highline. Meu primeiro treino de slack foi em agos-
to de 2014", relembra. Daí em diante o processo fluiu de forma
natural, já que a prática passou a ser constante e o interesse cada
vez maior, junto com o desejo de superar os próprios obstáculos.
O atleta da equipe Slackmafia ressalta, entretanto, que uma
das maiores dificuldades para quem pensa em seguir no caminho
do highline, como profissional, são os apoios e patrocínios. "Pou-
cos atletas hoje no Brasil vivem apenas do highline. Eu estou
tentando ser um desses. Porque é um esporte muito caro, tanto
os equipamentos quanto as viagens. É difícil você andar somente
por que ama o esporte, é preciso de apoio ou até mesmo um pa-
trocínio para estar sempre viajado e evoluindo", conta.
Para manter tanto a forma física como aperfeiçoar cada vez
mais a técnica, Maraue treina três vezes por semana no Parque
Tiquatira, no Parque do Ibirapuera ou no Parque Ecológico do
Tietê. Aos finais de semana quase sempre faz alguma viagem
para realizar treinos mais específicos e desafiadores, como nos
prédios abandonados da cidade de São Bernardo do Campo (SP)
ou na chamada Pedreira do Dib, em Mairiporã (SP). Os atletas
de sua equipe, a Slackmafia, não são apenas de São Paulo, tendo
representantes em outros estados do país, como emMinas Gerais
e Goiás, por exemplo.
Segundo o atleta, um dos maiores prazeres do esporte é ter a
possibilidade de conhecer lugares e paisagens diferentes a cada
treino ou competição. Desde que passou a se dedicar ao highline,
esteve em diversas regiões e pontos turísticos do Brasil, como
os Canyon de Furnas (MG), a Chapada dos Veadeiros (GO), a
Lagoinha do Leste (SC), a Pedra do Baú (RJ), São Bento de Sa-
pucai (RJ), o Morro dos Cabritos (RJ), São Thomé das Letras
(MG) e a Cachoeira da Onça, em Guaratinguetá (SP).
Nessa trajetória, o penhense Maraue alcançou e bateu seus
próprios desafios, além de ter participado de conquistas em grupo,
ao lado de outros atletas do gênero e com sua equipe. Entres as
participações mais importantes, lista abaixo as mais relevantes:
• Travessia de 300 metros de waterline (fita sobre a água)
com algumas quedas;
• Travessia dos 130 metros nos prédios abandonados também
com algumas quedas;
• Travessia sem queda pela ponte Sumaré, de 70 metros de
distância;
• Participação na montagem da maior linha de highline da
América Latina;
• Participação na montagem do maior waterline do Brasil,
com 300 metros;
• Participação na montagem da linha de 130 metros de distân-
cia nos prédios abandonados;
• Travessia free solo (sem proteção numa linha com 40 me-
tros de distância e 15 metros de altura).
"No início o principal desafio era me manter em pé na fita
e conseguir caminhar com a mente vazia, sem pensar em nada,
a não ser caminhar. Depois os desafios foram aumentando e a
meta já não era mais apenas ficar em pé na fita e, sim, atravessar
lugares mais altos e maiores em distância", explica Maraue. Para
quebrar essas barreiras e conquistar seu espaço no esporte, ele
garante que é necessário muito treino, dedicação, além de estu-
dos sobre equipamentos, locais, segurança e tudo que gira em
torno do highline.
Num universo repleto de possibilidades e muitos espaços va-
zios entre dois pontos fixos, Maraue Munareti pretende viajar o
mundo praticando highline e ensinando o esporte a quem mais
se mostrar interessado. "Fui vencendo meus medos, quebrando
recordes pessoais e me acostumando a andar no vazio. Quando
completei minha primeira travessia já sabia que era isso que eu
queria para a minha vida. Quero conquistar um patrocínio e ca-
minhar por lugares onde ninguém passou", finaliza.
Chapada dos Veadeiros, cachoeira Almecegas 1- foto: Paloma Galvão
por Arilton Batista
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