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Agosto / 2014 - nº 87
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estaque
ção significativa desde os tempos da DitaduraMi-
litar (1964 – 1985), quando havia forte repressão
com os artistas e pensadores.Muita gente – osmais
tradicionais e parte dos religiosos – ainda acredita
que pais tatuados, com piercing, brincos, cabelos
compridos ou pertencentes a alguma tribo urbana,
por exemplo, não têm potencial para exercerem um
bom papel ou que servem de mau exemplo para
os filhos. Esse é um cenário que vem mudando,
mas que ainda está presente no convívio social.
Essa ótica, entretanto, de que pais que fogem aos
padrões esperados pela sociedade, são contraditó-
rios. Para o sociólogo Rócio Barreto, mesmo que
as crianças tenham vontade de fazer tatuagem,
brinco, piercing, o que deve ser ressaltado são os
valores morais. “Tatuagem, brinco, cabelo com-
prido podem e vão despertar um comportamento
semelhante nos filhos, mas o que vai prevalecer na
vida dessas pessoas é o caráter, o respeito, a edu-
cação de berço; o que não impede dessas pessoas
adotarem um estilo diferente. Não adianta o sujeito
ser bem arrumado, dentro dos padrões que a socie-
dade considera normal e ter um péssimo caráter,
ser ummau exemplo para os filhos, uma pessoa de
má índole”, diz.
Maurício Martins, 31, jornalista, assessor de
comunicação, músico, escolheu há três anos fazer
uma tatuagem e é pai da pequena Maria Stella, de
dois meses e meio. Para ele, o fato de ser tatuado
não é capital no sentido de definir se a Stella fará
ou não uma arte na pele. Ele sustenta essa opinião
com base em sua própria história de vida. O pai
deMaurício sempre trabalhou commecânica e ele,
por mais que tenha convivido constantemente pró-
ximo dessa profissão, não teve interesse nem por
aprender a dirigir. “Omais importante é demonstrar
que minha filha poderá contar comigo no que ela
escolher para a sua vida, mas claro que irei buscar
orienta-la da melhor forma possível. Pretendo en-
siná-la que as decisões devem ser baseadas no que
ela acreditar ser o melhor pra ela. Não é porque eu
tenho tatuagem que ela precisará ter uma também.
E, se quiser fazer, que seja pelos motivos dela, no
momento dela e não apenas porque o pai dela tem”,
comenta o jornalista.
Sobre uma possível idade adequada para fazer
tatuagem, caso esse seja o intuito de Maria Stella,
MaurícioMartins acredita que não exista uma idade
certa, que o principal fator impactante é a mesmo
a maturidade com relação ao tema, porque muitos
ainda, na empolgação, acabam desenhando no cor-
po por modismo.Martins, porém, não vê isso como
um lado ruim de se fazer tatuagem. “A única coisa
negativa da tatuagem é que ainda existem pesso-
as preconceituosas e que acreditam que ter tattoo
significa que você possui algo errado, o que obvia-
mente está equivocado. Sem dúvida o preconceito
hoje émenor que há dez anos, por exemplo, mas ele
ainda existe”, diz.
Em meio a todas as teorias e princípios sobre
o que é ser um bom pai, é importante destacar
que, mesmo que alguns acreditem que a aparência
ou o âmbito material seja muito importante para
a formação dos filhos, o que mais se deve levar
em conta é o comportamento, a postura, o cará-
ter, enfim, os valores de fato. Especialistas dizem
que, apesar de não haver uma receita do bom pai,
é possível aplicar algumas atitudes que contribuem
para uma boa formação da criança, do filho. É in-
dicado que o pai seja participativo efetivamente.
Ou seja, que não se interesse pela vida escolar dos
filhos somente quando o boletim chega com as no-
tas ou querer saber como anda o desempenho na
natação apenas na véspera de um torneio. Outro
aspecto que muitos pais confundem é com relação
aos campos material e afetivo, e costumam defen-
der que “não falta nada para o filho”. É primordial
que o pai esteja presente, que troque carinho, que
converse com os pequenos. Pode ser essa a falta,
e não um brinquedo, um jogo. Entre muitas outras
características que podem ajudar o pai na criação e
educação dos filhos está o equilíbrio entre o auto-
ritarismo e a permissividade.
O psicólogo Fábio Roesler enxerga que a figura
paterna tem de transparecer aos filhos, sobretudo,
proteção e acolhimento. “Um bom pai é aquele que
melhor encarna uma posição impossível, pois tem
que passar uma proteção ilimitada e um suposto sa-
ber total, isto é, deve passar ao filho que sempre o
protegerá, que sempre estará acima do que omundo
pode causar a ele, e que tem todo o conhecimento
da vida necessário para se saber viver”, diz. O soci-
ólogo Rócio Barreto compreende e destaca que os
ensinamentos do pai devem ter como base o respei-
to às diferenças, principalmente as que envolvem
as minorias da sociedade. “Não existe padrão. Ser
um bom pai é dar uma formação inicial de caráter,
formar pessoas com afeto, baseado em lares onde o
respeito ao próximo seja efetivo”, comentaBarreto,
que finaliza exaltando o valor de se educar os filhos
a serem afetuosos. “É importante participar da vida
dos filhos, ensinando e educando a serem pessoas
com sentimento e amor ao próximo, o que produz
laços de confiança em todas as escalas da vida”.
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