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Junho / 2014 - nº 85
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Domodo clássico ao
moderno, namoro funciona
como testeparao casal
D
estaque
porAriltonBatista
Assim como ocorreu em outras esferas da sociedade, o
namoro também passou por nítidas mudanças nos últimos
anos. É comum ouvir de quem viveu as décadas de 1970
e 1980, por exemplo, que àquela época a maneira como se
namorava era bem diferente da atual.Alguns arriscam dizer
que era melhor, por parecer mais inocente que nos dias de
hoje. As moças tinham hora certa para retornar para casa e
os casais namoravam ao alcance dos olhos dos pais, quase
sempreno sofá; o sexo sóocorriaapósocasamento; beijona
boca não acontecia noprimeiro encontro. Emesmo em tem-
pos não tão distantes sempre houve certo tabu com relação
à liberdade e principalmente ao sexo. Tudo sempre ocorria
de formamais lenta. Já os casais atuais estão acostumados a
dormirem um na casa do outro, viajarem juntos e, por con-
sequência, fazem sexomais cedo, sem a necessidade de es-
tarem casados.Aprincipal característica donamoro,mesmo
com essas alterações, continua sendo ade experiência e teste
de uma vida a dois.
Outra diferença entre o namoro de outras épocas com o
atual é o fato da programação do casal para se encontrar.
Noutros anos era quase certo que o homem, por exemplo,
usasse amelhor roupa e estivesse combarba e cabelo apara-
dos, paraqueassimencontrasseanamoradaouapretendente
passando uma boa impressão. A liberdade atual propõe que
aspectos mais naturais do casal sejam expostos, como o ca-
belo desarrumado e a barba por fazer; o rosto inchado pela
manhã e o uso de roupasmenos formais.ApsicólogaCintia
Panes, que atua hámais de dez anos com atendimento para
crianças, adolescentes, adultos e é especialista em casal e fa-
mília, explica que, apesar das mudanças no comportamento
dos casais, a paixão e a força do sentimento não diminuíram
e que as pessoas ainda são capazes de se desdobrarem para
ver a felicidade de alguém amado. “Com o aumento da inti-
midade entre o casal já não é possível esconder omauhálito
ouosolhos inchadosaoacordar,mas issonãoexclui odesejo
de agradar, conquistar ou seduzir o outro. Hoje temos mais
liberdade, intimidadeeconvívio.Mascontinuamosnosapai-
xonando como antes”, diz a profissional.
A estudante de psicologia Bruna Cardoso, 22, e o jorna-
listaViníciusRibeiro, 26, namoramháumanoe seismeses e
começaramo relacionamentonumabaladadefimanodeano
da família – eles são primos distantes. O namoro veio dois
meses após começarem a ficar, quando o jornalista, durante
uma conversa despretensiosa sobre a relação, surpreendeu a
estudante comopedidooficial de namoro. Para ele, a convi-
vênciamais solta entre o casal não tem um caráter negativo
no relacionamento, pois ajuda para que eles possam se co-
nhecerdeverdade.ComoBrunamoranumacidadeamaisde
300quilômetros dedistância, ela acabadormindona casado
namorado quando vem visitá-lo. “Acho que isso contribui.
Não adianta casar com uma pessoa sem conhecê-la. Desta
forma, se algo não der muito certo o casal saberá antes de
consumar o casamento”, define Ribeiro. Bruna concorda
comVinícius e complementa defendendo a ideia de que o
casal que mostra as “partes e situações menos glamorosas
deixa de alimentar a fantasia que a pessoa é perfeita”.
Além de ela dormir na casa dele quando vem para São
Paulo, eles têm o hábito de viajar juntos, o que não era co-
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