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Junho / 2014 - nº 85
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mum noutras épocas, principalmente antes do casamento.
ParaBruna, viajar comVinícius é comoum exercíciode co-
nhecimento, pois há a oportunidade de conversarem sobre
assuntos pouco rotineiros e aumentar a intimidade de am-
bos. “Sair um pouco da rotina propicia a oportunidade de
conhecermelhor as qualidades, defeitos, os gostos,manias e
planosdooutro.Acreditoquequantomaisocasal seconhece
e enxergam-se compatíveis,maior é a chancedepermanece-
rem juntos”, dizCardoso.
Há-se um conceito de que os jovens casais vivem etapas
do casamento sem estarem casados, já que passam o fim de
semana inteiro juntos, dormem e viajam. Essa ideia, porém,
segundo a psicóloga Cíntia Panes, temmais a ver com pes-
soas que jámoram sozinhas e recebem o (a) parceiro (a) em
casa. “Nagrandemaioriadoscasospercebemosumamudan-
ça relacionada à forma de viver a sexualidade. As famílias
estão cada vezmais permissivas para que um durma na casa
do outro, viagem juntos, durmam fora e etc. Nesses casos,
normalmente os pais que hospedam o casal também assu-
mem os cuidados com o namorado ou namorada como se
fossemais umfilhona casa. Eo casal tem a oportunidade de
viver a sexualidade e commais intimidade sem as responsa-
bilidades vindas como casamento”, explicaPanes.
Entrenamoroecasamento,ValériaAlbano, 47, eFrancis-
coZamora, 50, estão juntos há 31 anos.Quando se conhece-
ram, na década de 1980, a sociedade vivia ummomento de
pós-repressão, propiciadopeloRegimeMilitar (1964-1985),
e a juventude queriamostrar, digamos, tudo que ficou reclu-
soduranteos 21 anos deditadura.Ou seja, já eraumperíodo
demaior liberdade, apesar de omodelo de namoro ser dife-
rente do adotado hoje em dia. Para Valéria, porém, apesar
do estouro da liberdade naquele tempo, a maior diferença
na forma de namorar está na exposição e no respeito. “O
pessoal já tinha liberdade. Mas a gente respeitava mais os
pais, nãoera tãoescrachadocomoagora.Em todasasépocas
sempre se deuum jeitopara namorar,mas eramais escondi-
do, mais discreto”, comentaAlbano. Como os casais de ou-
tras décadas transavam, eminentemente, após o casamento
ou tardavammais que os casais de hoje para transar, havia
certa pressão para que houvesse um entendimento sexual
após o casamento. “As questões pós casamento rondavam a
sexualidade.Atualmente quase nunca recebemos no consul-
tório, por exemplo, casais com dificuldades sexuais marca-
das pelo casamento.Asexualidade éum tema aindabastante
trazido,mas asqueixaspouco fazem referênciaaoeventodo
casamento”, explica a psicólogaCintia Panes.
O que pode ser considerado vantagem do namoro de
hoje em comparação ao namoro de épocas passadas é que
aspessoas estãomais livresparaviverema sexualidade, sem
que sejam rebatidos pela sociedade. Essa liberdade, porém,
deve estar alinhada com cautela, pois, segundo a Dra. Cin-
tia Panes, algumas pessoasmais tradicionais, que escolhem
preservar a virgindade, podem sofrer algum tipo pressão.
“Precisamos ter alguns cuidados, pois parece que agora é
praticamente obrigatório transar antes do casamento, e as
pessoas também ficam sem direito de escolha. Devemos
considerarmos que alguns casais podem decidir esperar a
data tão sonhada”, dizPanes, quedefende a ideiadequenão
dá para considerar que houve uma ocasiãomelhor para na-
morar. “Nãopodemos dizer que somosmais felizes hoje por
transarmos durante o namoro ou o contrário. Esse não é um
fator determinante para a garantia da tão sonhada felicidade
conjugal”, explica a profissional.
Para apsicóloga, as pessoas parecemestar cadavezmais
exigentes, intolerantes e acreditando piamente na existência
de um ser humano perfeito com quem viverá para sempre.
O quemuitos não se dão conta é que a perfeição não existe
e que ditados populares, como “encontrar a tampa da pane-
la” e “metade da laranja”, são apenas expressões simbóli-
cas. Todo relacionamento começa com uma grande paixão,
que faz com que se idealize o (a) parceiro (a) como alguém
semdefeitos eque combinam em tudo. Entretanto, como
passar do tempo e a convivência, a paixão diminui, as
diferenças começam a aparecer e é aí onde os casais
encontram dificuldades. “Todos nós podemos ser fe-
lizesnavidaamorosa,masprecisamos saber quenão
é aquela felicidade absolutados contos de fadas.Ali-
ás, por falar nos contos de fadas, você já parou para
pensar nomotivo de as histórias acabarem quando o
casal seuni?Pensoqueéporqueapartir daí existirão
diferenças para serem resolvidas. E nós precisamos
ter calma, tolerância, flexibilidade para administrar
as questões que virão com a intimidade e convivên-
ciamais próxima”, finaliza aDra. CintiaPanes.
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