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Junho / 2014 - nº 85
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Como torcer com
respeito ealegria
O futebol é um esporte democrático, que agrada a
nação inteira: homens emulheres, crianças e idosos, ri-
cos e pobres, sendo o esportemais popular domundo.
Cada vezmais, o futebol ganha novos adeptos, tan-
to como profissionais, como torcedores ou profundo
conhecedores de sua história, aumentando a atenção da
mídia e o interesse de uma infinidade de pessoas.
No início do século passado, as partidas eram even-
tos da alta sociedade, a mulher e a família cumpriam
papeis importantes nestes episódios, com a idéia de co-
piar os hábitos ingleses e tornar a prática restrita a uma
determinada elite.
O esporte ajudou principalmente a mulher a fazer
parte do ambiente público. Estar nos estádios era uma
forma de paquerar, namorar e participar de um evento
sem ser questionada.
O afastamento da mulher e da família dos estádios
deu-se nas décadas seguintes, com a popularização do
futebol pelo país, onde a violência selou a distância.
O caráter violento de alguns freqüentadores, associa-
ções e torcidas organizadas vem sendo largamente enfati-
zadonamídia escrita e televisiva, desdemeados da década
de90, contribuindoparaque se armeumagrandepolêmica
acerca dopropósitoverdadeirodo esporte que se caracteri-
zaria num certo sentido, por uma espécie de “ideologia da
harmonia” que prezaria a não violência, o acatamento das
decisões dos juízes, dirigentes, técnicos, o bom relaciona-
mento entreos atletas eprincipalmente entre torcidas.
Entendidascomoespaçode transgressão, elas foramde-
nunciadas“antrodevandalismo”, local privilegiadodedes-
medidaviolênciaprincipalmentea juvenil, encaradas como
algo foradaordem, doqual seperdeuo controle,
Algumas organizações freqüentadoras são temidas,
pela crença que se tem no seu poder de contaminação, ou
seja, elas seriam ameaçadoras por sua capacidade de ins-
pirar e influenciar atos inconseqüentes.
É neste contexto que as torcidas são percebidas, ora
como “um problema social”, ora como “um caso de po-
lícia”, sem que estas duas visões sejam necessariamente
excludentes.
Do ponto de vista do senso comum, eles são perigo-
sos por desempenharem papéis ambíguos, de torcedores
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