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Novembro / 2017 - nº 126
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Romeu Tuma Jr.
pré-candidato a presidência do Corinthians
E
ntrevista
Recebemos na redação da revista Romeu Tuma Jr., pré-candi-
dato a presidente do Corinthians na eleição que irá acontecer em
fevereiro de 2018. Confira nosso bate papo:
CityPenha:
Conte um pouco de sua história com o clube.
Romeu Tuma Jr:
Minha história com o Corinthians vem desde o
meu nascimento, na Penha, e como meu pai era sócio, já entrei
para o clube. Com o Corinthians existe uma verdadeira relação de
amor. Ser corintiano é uma coisa que só quem tem o corintianis-
mo no sangue sabe explicar. Só a gente sabe a diferença de torcer
para o Corinthians e torcer para outro clube. Nesse sentido meu
vínculo com o Corinthians é uma questão consanguínea. Desde
criança frequentando o clube e já adolescente tive a oportunidade
de participar mais diretamente da vida política na época da De-
mocracia Corinthiana, quando a chapa, presidida pelo Valdemar
Pires, fez aquela revolução, não só dentro do clube, mas também
na política do país. Naquela época recebi o título de remido e
passei a ser sócio independente, com os meus 20 e poucos anos,
e logo fui eleito Conselheiro Quadrienal, sempre tentando parti-
cipar das decisões do clube, buscando novos caminhos, atuando
para fazer o Corinthians um clube mais do que grande, gigante.
CityPenha:
Você já atuou no departamento de futebol, não é?
Romeu:
Sim, fui vice-presidente de futebol no início da ges-
tão do Dualib, entre 1994 e 1995. Tínhamos muita dificuldade
financeira porque o clube chegou a ficar sem patrocínio quase
5 meses, entre a saída da Kalunga e a entrada da Suvinil, mes-
mo assim conseguimos fazer um trabalho bastante vitorioso. Nós
disputamos a Copa Bandeirantes que foi criada pela Federação
Paulista e era um caminho curto para chegar à Libertadores, já
que garantia uma vaga na Copa do Brasil. Nós conquistamos a
Copa Bandeirantes e nos classificamos para Copa do Brasil de 95
que ganhamos e fomos para a Libertadores de 96. Em 1994 con-
seguimos chegar na final do Campeonato Brasileiro com muito
brilho. Em 1995 fomos campeões da Copa São Paulo de juniores
depois de 25 anos. Fizemos um trabalho na base muito eficiente
com o professor Pupo Gimenez e tivemos todo um trabalho de
reformulação com atletas 100% do Corinthians, subimos para o
profissional pelo menos 7 jogadores que foram de extremo suces-
so nas categorias profissionais e muitos foram para o exterior com
o passe todo do Corinthians.
CityPenha:
Isso é bem diferente do que se ouve hoje?
Romeu:
Hoje é uma vergonha. O clube revela atletas para o
empresário, para outros clubes e o Corinthians não tem ganho. A
grande maioria dos jogadores revelados vão para outros clubes, é
uma massificação que é prejudicial ao Corinthians, que inclusive
já recebe alguns atletas com passes vinculados a empresários e
empresas de fachada. Infelizmente comercializaram a categoria
de base, que era a grande maternidade do Corinthians.
CityPenha:
Com uma gestão tão vitoriosa por que você deixou
a direção do futebol?
Romeu:
Realmente nós ganhamos tudo praticamente, a Copa
São Paulo depois de 25 anos, o Campeonato Paulista e a Copa
do Brasil, mas havia uma di-
vergência grande entre a nossa
administração, a Federação Pau-
lista e a CBF. Nós discordávamos
dos métodos impostos por eles
e como isso refletia diretamente
na nossa administração, para não
prejudicar o clube em campo, eu
me afastei. Quando sai me po-
sicionei como oposição, desde
aquela época até hoje, porque
discordo da maneira como ad-
ministram o clube. Mudaram as
pessoas, mas a forma ruim de
administrar continua e só se agravou. Eu lembro que tive uma par-
ticipação importante na saída do Dualib quando o Conselho Fiscal
apontou fraudes financeiras. Denunciei a questão da MSI já como
fiscalizador no Conselho Deliberativo onde sou muito atuante até
hoje. Ele saiu e entrou o Andrés com a proposta de transparência
que ele nunca teve, causando uma enorme decepção. Criaram um
projeto de poder e um presidencialismo de cooptação onde você
traz um grupo de pessoas para se aliar em troca de favores, cargos,
pedaços de administração do clube, diretorias, para ter apoio polí-
tico igual ao que o Lula fazia e o Temer está fazendo, a qualquer
preço e a qualquer custo para se manter no poder, gerando uma
conta que só depois de um tempo você começa a enxergar que ela
se torna prejudicial. É o que acontece no Brasil, você acha tudo bo-
nito, muito bacana e quando você vai ver a fatura é algo impagável.
CityPenha:
Isso inclui a questão do estádio, que é impagável?
Romeu:
Sim, claro. Fazer um estádio bonito, bacana, que era
o sonho de todo corinthiano é ótimo, mas como pagar tudo isso?
Da forma que eles criaram a tal da engenharia financeira, hoje
delatada na Lava Jato como um projeto de poder ou fonte de re-
curso desviados, prejudicando o clube de forma moral, material
e financeira, é algo inadmissível. Fazer algo dessa forma qualquer
um faz, de maneira ilícita e irresponsável. O importante é você fa-
zer o clube crescer de uma forma sustentável e responsável, tendo
patrimônio e recursos, mas sem manchar sua história, seu nome e
sua capacidade de agregar valores e parceiros. AArena é nossa e
temos que fazer valer isso!
CityPenha:
Quando você fala do clube, ser presidente do clube
não é ser presidente do time de futebol. A torcida vê o time de
futebol, mas o clube tem uma dimensão muito maior que só o
futebol. Como você vê isso?
Romeu:
Todos nós temos muito orgulho de falar que o Corin-
thians é uma nação, então o indivíduo que vai presidir o Corin-
thians precisa ter isso em mente, ele vai administrar uma nação.
Ele precisa presidir o Corinthians para todos os seus segmentos,
o futebol, o clube social, os esportes olímpicos, os esportes recre-
ativos, tudo, e o clube está largado, está abandonado. O futebol
é importante, mas não a qualquer preço. Nós precisamos admi-
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