CityPenha outubro 2016 - page 44

Outubro / 2016 - nº 113
42
Desde a XVI Olimpíada, realizada em Roma, em 1960,
imediatamente após as Olimpíadas, e nas mesmas instalações
são realizados as Paraolimpíadas ou os Jogos Paraolímpicos.
Em Roma, a I Paraolimpíada teve a participação de 400 atletas
e 23 delegações.
História das Paraolimpíadas
Para portadores de deficiências físicas, o esporte adaptado
só teve início oficialmente após a Segunda Guerra Mundial,
quando muitos soldados voltavam para casa mutilados. As pri-
meiras modalidades competitivas surgiram nos Estados Unidos
e na Inglaterra. Nos Estados Unidos surgiram as primeiras com-
petições de Basquete em Cadeiras de Rodas, Atletismo e Na-
tação, por iniciativa da PVA (Paralyzed Veterans of América).
Na Inglaterra, o neurologista e neurocirurgião alemão Ludwig
Guttmann, que cuidava de pacientes vítimas de lesão medular
ou de amputações de membros inferiores, teve a iniciativa de
fazer com que eles praticassem esportes dentro do hospital.
Em 1948, o neurocirurgião aproveitou os XVI Jogos
Olímpicos de Verão para criar os Jogos Desportivos de Stoke
Mandeville. Apenas 14 homens e duas mulheres participaram.
Já em 52, os Jogos de Mandeville ganharam projeção, contan-
do com a participação de 130 atletas portadores de deficiên-
cia. Tornou-se uma competição anual.
Em 1958, quando a Itália se preparava para sediar as XVII
Olimpíadas de Verão, Antonio Maglia, diretor do Centro
de Lesionados Medulares de Ostia, propôs que os Jogos de
Mandeville do ano de 1960 se realizassem em Roma, após
as Olimpíadas. Aconteceram então os primeiros Jogos Para-
olímpicos, as Paraolimpíadas. A competição teve o apoio do
Comitê Olímpico Italiano, e contou com a participação de 240
atletas de 23 países.
O primeiro ano de participação brasileira foi 72.
As Paraolimpíadas são disputadas a cada quatro anos, nos
mesmos locais onde são realizadas as Olimpíadas, usando a
mesma estrutura montada para os atletas olímpicos. São 23
modalidades em disputa por atletas portadores de deficiências,
divididos em categorias funcionais de acordo com a limitação
de cada um, para que haja equilíbrio.
Paraolimpíadas: a superação do limite
Contudo, a maior glória das olimpíadas dos deficientes não
está somente na conquista de medalhas e na própria competi-
ção, está sobretudo no exemplo que esses atletas passam para
centenas de milhares que vivem estigmatizados por suas de-
ficiências físicas e mentais e sem perspectivas em suas casas.
A famosa frase do Barão de Coubertin, hoje desgastada
nas olimpíadas, parece ganhar mais sentido como slogan dos
atletas paraolímpicos, pois eles sabem e sentem que realmente
“o importante não é ganhar uma medalha, mas simplesmente
competir”. O atleta paraolímpico antes de competir nacional
e internacionalmente teve que competir com ele mesmo e su-
perar esse primeiro obstáculo subjetivo não tem medalha que
possa premiá-lo.
Os atletas com deficiência física são classificados em cada
modalidade através do sistema de classificação funcional. Este
sistema visa classificar os atletas com diferentes deficiências fí-
sicas em um mesmo perfil funcional para a competição. Tem
como meta garantir que a conquista de uma medalha por um
atleta seja fruto de seu treinamento, experiência, motivação e
não devido a vantagens obtidas pelo tipo ou nível de sua defici-
ência. Na natação, são 10 classes para o nado de costas, livre e
golfinho, 10 classes para o medley e 9 classes para o peito. Os
atletas com deficiência visual, já passam por uma classificação
médica, baseada em sua capacidade visual. Entre os atletas com
deficiência visual, há somente 3 classes. Apesar destas classifi-
cações serem aceitas pelo Comitê Paraolímpico Internacional –
IPC, existe muita polêmica em relação a estes sistemas e muitos
atletas são protestados durante as competições.
Somente o bocha, goalball, rugby e halterofilismo são mo-
dalidades que foram criadas especificamente para a participa-
ção dos deficientes. No geral as adaptações das modalidades
convencionais para a participação dos atletas com deficiência
são mínimas. Como é o caso das corridas com deficientes vi-
suais, nas classes T11 e T12 onde são permitidos guias.
A divulgação dos Jogos Paraolímpicos fez com que ficás-
semos admirados, ou mesmo perplexos com a performance
de atletas em cadeira de rodas, no atletismo, no basquetebol,
de atletas cegos seguindo uma bola com guizo no futebol e de
atletas sem braços e pernas competindo na natação.
Todos reconhecem que à dimensão psíquica, física e social
do esporte paraolímpico é muito significativa para os atletas,
mas também contribui para a construção de um mundo ver-
dadeiramente pluralista, que sabe respeitar e conviver com as
diferenças sejam elas quais forem.
As pessoas com deficiências física e mental não precisam
de nossa pena, ou de nossa compaixão, mas sim de estímulo,
demonstração de apoio e de luta conjunta pela democratização
das oportunidades de acesso para além do âmbito dos jogos,
para que tenham uma existência cotidiana digna e feliz.
Paraolimpíadas
D
estaque
por Marcos Júlio Lyra
foto: Loureiro/MPIX/CPB
1...,34,35,36,37,38,39,40,41,42,43 45,46,47,48,49,50,51,52,53,54,...70
Powered by FlippingBook