Agosto / 2015 - nº 99
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S
aúde
Fobias:
o Medo Irracional
A palavra fobia vem do grego “phobos”, que era a di-
vindade mitológica capaz de causar nos homens um medo
incontrolável. Por esse motivo, os escudos dos soldados
gregos muitas vezes traziam estampada a imagem de Pho-
bos, pois dessa maneira, acreditavam ser mais fácil apavo-
rar seus inimigos.
O medo é um dos sentimentos que permitiram à espé-
cie humana multiplicar-se e dominar a Terra. Foi graças
a esse sentimento, que nossos antepassados escaparam de
muitos ataques e de outras ameaças naturais. Portanto, por
motivos diversos, algumas pessoas apresentam um medo
patológico, irracional e persistente em relação a situações
que estão longe de representar uma ameaça real. Pode ser
de avião, altura, elevador, escuro, animal doméstico, inse-
tos, injeções, sangue ou até mesmo de gente.
Três em casa dez pessoas estão predispostas a desen-
volver um tipo de fobia – esse é o nome do medo e da
aversão doentios, ou seja, o medo patológico – ao longo da
vida. As fobias podem ser tratadas com psicoterapia e me-
dicamentos. Não raro, é preciso combinar as duas opções.
Estudos e pesquisas demonstram que o tratamento que
consegue os resultados mais rápidos é a terapia cognitiva
comportamental. Ela tem sucesso em até 80% dos casos.
Entre as fobias mais conhecidas, temos claustrofobia
(medo de espaço fechados), aracnofobia (medo de aranhas),
decidofobia (medo de tomar decisões), eclesiofobia (medo
de igrejas), afania (medo de perder a capacidade sexual),
agorafobia (medo de lugares públicos ou espaços abertos),
acrofobia (medo de altura), hidrofobia (medo de água), etc.
É claro que, dependendo das circunstâncias, as pessoas
podem exibir reações de medo mais intensas do que o de
costume, onde por exemplo, um animal pode parecer mais
assustador. Uma viagem de avião mais turbulenta pode cau-
sar frio na barriga, mesmo a um viajante experimentado.
Mas isso não significa que se tenha adquirido uma fobia.
O medo patológico mais limitante é o de quem sofre
de fobia social generalizada. São pessoas que ficam ater-
rorizadas em situações simples como ir a um supermerca-
do ou a uma loja, comer na frente dos outros, assinar um
cheque quando alguém está olhando ou mesmo usar um
banheiro público.
Veja o que define exatamente essa patologia. A fobia
é sempre em relação a uma determinada situação, objeto
ou bicho.
-É irracional. Por exemplo, não faz o menor sentido
ter medo de galinhas, já que galinhas não fazem mal a
ninguém.
-É um medo desproporcional. Quem tem fobia de avião
leva mais em conta as insignificantes estatísticas de aciden-
tes aéreos do que a altíssima taxa do sucesso dos voos.
-Interfere nas atividades do cotidiano. É comum que
alguém com medo de altura se recuse a trabalhar num an-
dar alto.
Uma fobia pode traduzir-se em reações físicas violen-
tas. Ao deparar-se com o objeto do medo, o fóbico apre-
senta sintomas físicos de extremo desconforto como sudo-
rese, ser acometido por tonteiras, tremedeiras, taquicardia,
pressão sanguínea elevada e dificuldades de respiração.
Muitos têm a sensação de morte iminente.
Para iniciar o controle dos sintomas do medo propria-
mente dito, o paciente aprende técnicas de respiração e de
relaxamento. Depois dessa etapa parte-se para a exposição
ao objeto do medo, de forma gradual. Apesar de todos os
avanços nas técnicas de tratamento, não se pode deixar de
lado um outro remédio: não ter medo de assumir seus me-
dos nem de falar abertamente sobre eles. É o passo inicial
rumo ao tratamento.
Renaura Silva Francisconi Pardal
• CRP 35469-7 • Psicóloga
Clínica e Psicopedagoga • Av. Amador Bueno da Veiga, 1.2030 cj 1002 •
• 99299-0932 • 2791-4005