Agosto / 2015 - nº 99
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Andrea Matarazzo visita
redação da CityPenha
O Vereador Andrea Matarazzo visitou a Penha, almoçando
no restaurante Panelão do Norte e indo conhecer a redação da
Revista CityPenha, onde conversou sobre a nova Lei de Uso
e Ocupação de Solo, em discussão na Câmara. Acompanhe
como foi nosso bate papo.
CityPenha:
Hoje as pessoas não fazem muita ideia do que
são as “ZEIS” - Zona Especial de Interesse Social, e aí se ouve
falar assim: “eu não vou mais poder construir casa com 2 ba-
nheiros? ”. Esse medo é real?
Andrea Matarazzo:
É pelo menos para ficar preocupado, por-
que a Lei de Uso e Ocupação de Solo está sendo discutida
agora, ela impõe uma série de limitações ou liberalizações em
cada uma das regiões da cidade. Você tem áreas onde a nova
lei pretende adensar, por mais moradores, liberando a constru-
ção de prédios, por exemplo. Mas é muito perigoso você fazer
isso, como a prefeitura está fazendo, sem ter um estudo de
capacidade de suporte do local.
CityPenha:
Mas o que é a capacidade de suporte?
Andrea:
É você saber se tem no local que será adensado in-
fraestrutura para suportar novas pessoas. Se a rede de esgotos
e de galerias é grande o suficiente. Se tem um número sufi-
ciente de bocas de lobos. Se as ruas de acesso são adequadas
para ter mais gente. Se a rede elétrica aguenta isso.
CityPenha:
É essa lei que define onde será possível fazer
quais tipos de imóvel?
Andrea:
Isso mesmo. E foi por isso que nós viemos aqui. A
região tem muitos problemas como a fábrica da Panco, onde
o zoneamento atual, e o novo proposto, não permitem que ela
esteja lá. A nova lei está eliminando algumas áreas industriais
da cidade, transformando as áreas em ZEIS. Isso vai acabar
fazendo com que esses terrenos sejam interessantes de serem
vendidos para projetos habitacionais de baixa renda, desabri-
gando a pequena indústria, o que nem sempre é uma coisa boa
porque vai tirar o emprego da região. Nós estamos falando de
pequenas indústrias que não interferem no meio ambiente do
local, não isolam o bairro, muito pelo contrário, estão mistura-
das com comércio por exemplo.
CityPenha:
Uma lei que mexe tanto com a cidade deveria ser
mais discutida com a sociedade?
Andrea:
Com certeza. Essas coisas devem ser feitas com
cuidado e eu sempre digo que esse tipo de programa como a
Lei de Uso e Ocupação do Solo, como o Plano Diretor, tem
que ser feito conversando com as pessoas dos bairros, por-
que quem sabe quais são os problemas e prioridades de um
bairro são as pessoas que moram e que trabalham no lugar.
Então não adianta fazer como o prefeito Fernando Haddad faz.
Ele e o secretário de planejamento não conhecem a cidade,
só conhecem pela tela do computador, não andam pela cida-
de, então estão fazendo um trabalho urbanístico como se nós
estivéssemos em Madri ou em Barcelona, e não estamos nem
em um lugar nem em outro. Estamos em São Paulo com todos
os seus atrasos, com todos os seus problemas e com todas as
suas carências.
CityPenha:
Nesse sentido vale lembrar que uma grande rein-
vindicação da região da Penha é que ela não tem possibilidade
de imóveis de alto padrão. Então as pessoas que têm dinheiro
na região vão morar no Tatuapé ou em outros lugares.
Andrea:
Esse é outro problema que este Plano Diretor e o
conceito do prefeito Haddad tem: adensar e levar as pessoas
para o centro. Ele não sabe que as pessoas da cidade de São Pau-
lo, e quem me fala muito isso especificamente dessa região é o
vereador Toninho Paiva, que aliás foi meu colega na Comissão
de Política Urbana e conhece a região da Penha e do Tatuapé
como os dedos da sua mão. Ele fala exatamente isso: a região
economicamente melhorou, mas os moradores, em função dos
vários bloqueios, como as ZEIS, não conseguem ter imóveis de
alto padrão na Penha. Essa é uma das reinvindicações que o To-
ninho Paiva tem levado para a prefeitura e que a gente entende.
É preciso ouvir as pessoas que realmente conhecem o lugar e a
partir disso ajustar. Esse é o papel do Poder Público. Ajustar e
arbitrar a região de acordo com cada necessidade.
D
estaque