CityPenha dezembro 2014 - page 11

11
Dezembro / 2014 - nº 91
C
apa
Flávio Bastos
• Psicanalista Clínico e Interdimensional
super-herói que não enfrenta malfeitores na defesa de
fracos e oprimidos, mas o personagem que contem-
pla as virtudes de um ser amoroso e generoso com as
crianças de todas as camadas sociais. O seu carisma
representado pelo "bom velhinho", possui a magia de
aproximar e agregar pessoas desconhecidas e famílias
em torno de um único objetivo: a solidariedade funda-
mentada no sentimento de amor ao próximo.
O espíritonatalino, concentradonafigurado super-
-herói da generosidade, estimula-nos a alimentar espe-
ranças de renovação (renascimento...) individual e de
fé na humanidade, àmedida quemuitos de nós, como
referiu-se Erich Fromm, reprime o "ser humano" que
existe latente e que liberta-se temporariamente ao as-
sumir o solidário espírito deNatal.
Na verdade, ao praticarmos a caridade no Natal,
praticamos obem. E aopraticarmos obemnos identifi-
camos como super-heróiNoel e a sua corrente de bon-
dade e de generosidade que espalha a energia do amor
por todos os cantos deumplaneta castigadopelas dife-
renças sociais, étnicas e religiosas de seus habitantes.
Os super-heróis, portanto, são personagens fictí-
cios, mas úteis, criados pela nossa imaginação. Ima-
ginação que no fundo revela uma quase impotência
em nos sentirmos na maior parte do ano vivido, ver-
dadeiros seres humanos... como Papai Noel, ser que
reúne todas as qualidades de caráter que gostaríamos
de possuir...
No entanto, o espírito de Natal, representado pela
imagem do nascimento do menino Jesus, está sempre
a nos desafiar e a mostrar-nos que a paz, a bondade
e a solidariedade são sentimentos latentes em nossas
consciências e corações, mas que necessitam de des-
pertamento para que possamos realmente assumir no
cotidiano de nossas vidas, aquilo que temos como ca-
pacidade inata: os valores espirituais.
Os super-heróis são uma projeção do inconscien-
te individual e coletivo criado para satisfazer, incons-
cientemente, aquilo que gostaríamos de ser ou de ter
sido. Por essemotivo, afigura doPapaiNoel está sem-
pre a nos desafiar como querendo nos dizer: "Não pre-
cisa ser herói, muitomenos super. Basta ser humano e
assumir as potencialidades inerentes que encontram-
-se reprimidas por uma sociedade que prioriza valores
materialistas. Ummundo mais feliz, unido e em paz
é possível. Basta querer e cada um fazer a sua parte".
Quando atingirmos esse ideal é porque a humanidade
já amadureceu o suficiente para não precisar mais de
super-heróis... e Papai Noel sabe disso!
1...,2,3,4,5,6,7,8,9,10 12,13,14,15,16,17,18,19,20,21,...108
Powered by FlippingBook