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Julho / 2016 - nº 110
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D
estaque
Amizade entre homem e mulher ainda é um tema bastan-
te discutido e posto em pauta por grande parte das pessoas.
Há quem acredite ser algo impossível e há muitos que acham
pouco provável esse tipo de relação ser mantida sem que
haja segundas intenções. Casais de namorados, por exemplo,
em sua maioria, já passaram por alguma situação de ciúmes
envolvendo alguma forte amizade do sexo oposto. E lidar
com esse cenário, equilibrar os lados e fazer desse vínculo
algo saudável para todos os envolvidos requer, sobretudo,
bastante jogo de cintura, bom senso, maturidade e confiança.
A assistente comercial Alessandra Anuncciato, 23, que
namora há três anos e meio (quatro meses morando junto),
se viu numa situação delicada quando o namorado passou a
se incomodar com um amigo que ela mantinha na faculdade.
O que mais o incomodava era a presença constante do ami-
go entre os grupos de estudo e, segundo Alessandra, o que
mais causava ciúmes era o fato de eles já terem ficado no
primeiro semestre do curso. “Da minha parte não tinha nada
a ver, nada demais. O cara era meu amigo mesmo, de verda-
de, nada além disso”, garante Alessandra, que se distanciou
do amigo para não prejudicar o namoro.
Para minimizar uma possível crise com o namorado e
melhorar a qualidade do relacionamento, Alessandra decidiu
por conversar com seu amigo e expor a situação. “Eu disse
que era melhor nos distanciarmos, mas que não era necessá-
rio não nos falarmos nunca mais. De certo modo eu entendia
o lado do meu namorado e fiz o que deveria ter feito para não
correr o risco de perdê-lo”, comenta. O amigo estranhou à
princípio e se sentiu incomodado em ter que mudar a forma
como se relacionavam, mas aos poucos também foi compre-
endendo e aceitou. Hoje eles se falam esporadicamente pela
internet. “A gente seguiu caminhos bem diferentes e não nos
vemos há anos, mas mesmo assim meu ‘namorido’ ainda
sente ciúmes”, conta, com bom humor.
A psicóloga Dra. Letícia Paula Seivane Rocha, 39, ex-
plica que é possível, sim, existir amizade verdadeira, sem
interesse, entre homens e mulheres, principalmente em am-
bientes onde se passam muito tempo juntos, como no traba-
lho e na faculdade, por exemplo. Para ela, um dos motivos
do impedimento da amizade entre pessoas do sexo oposto é
se na relação não houver limite e/ou respeito de ambos. Ela
ressalta que o papel de quem namora e mantém amizade com
pessoas do sexo oposto é muito importante para derrubar o
fantasma da insegurança no(a) parceiro(a). “O ciúme pode
existir, porém, se a pessoa passar segurança a outra isso pode
ser controlado. Creio que o desconhecido assusta, então, se
essa amizade for apresentada ao companheiro ou companhei-
ra diminuem-se as fantasias em torno da amizade”, pontua.
O designer gráfico Brunno Ajudarte Davi, 26, teve uma
breve, porém intensa amizade rompida de forma repentina de-
vido aos ciúmes do parceiro da garota. Por seis meses Brunno
e a amiga, que se conheceram por decorrência do trabalho – ela
cliente dele –, saíram e partilharam histórias de seus relacio-
namentos amorosos. “Eu acabei ajudando ela no casamento,
que estava por um fio, mas nada além disso. Eu já namorava
há bastante tempo e sempre respeitei minha namorada. Nunca
houve intimidade nenhuma, somente amizade mesmo e troca
de experiências e problemas”, conta. Quando o casamento da
amiga foi restabelecido ela foi conversar com o amigo Brunno
e explicar que o marido estava incomodado com a amizade
deles, que durou apenas mais algum tempo mantida pelas re-
des sociais e aplicativos de celular. Depois disso ela excluiu
o perfil na internet, trocou de número de telefone e saiu do
antigo emprego, pivô da amizade.
A psicóloga Dra. Letícia Seivane acredita ser cabível
a diminuição da frequência com a amizade a pedido do(a)
parceiro(a). “Infelizmente existem amigos(as) que compe-
tem com o namorado(a), por carência, por inveja ou até ego-
ísmo. Nossas vidas são feitas de escolhas. E escolhas geram
perdas. Precisamos saber qual a importância e a prioridade
das pessoas em nossas vidas, seja ela amigo ou namora-
do”, diz a profissional, que ainda destaca algumas atitudes
que podem evitar estresse no relacionamento por conta de
alguma amizade do sexo oposto. Entres elas, saber dosar
o tempo de dedicação à amizade, cumprir com os compro-
missos - dias e horários - do namoro, dar sempre segurança
ao companheiro(a) em relação aos sentimentos, além de ser
muito importante evitar comparações. “Independentemente
de ser com amigos do mesmo sexo ou do sexo oposto, deve-
mos equilibrar as relações sociais com a vida conjugal. Esse
equilíbrio é possível, sim, sem agredir ou constranger nossos
companheiros”, encerra a Dra. Letícia.
Desconfiança ainda permeia a
amizade entre homem e mulher
por Arilton Batista
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