CityPenha março 2014 - page 47

Março / 2014 - nº 82
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S
aúde
OTranstornoObsessivo Compulsivo ou abreviadamente chama-
do de TOC, ocupa o quarto lugar entre os distúrbios psíquicos mais
frequentes, com quase sete milhões e meio de portadores no Brasil.
Por diversos motivos, muitos dos quais ainda não esclareci-
dos pele ciência, as manias podem virar doença. É quando quem
sofre do TOC é tomado por pensamentos invasivos ou ideias re-
correntes e, para aliviar a angústia causada por essas obsessões,
desenvolve comportamentos repetitivos, ou seja, rituais com-
pulsivos como lavar as mãos diversas vezes ao dia supondo ser
para se livrar de algum micro-organismo, fechar e abrir gavetas
associando o comportamento a algo que possa acontecer de ruim,
cumprir determinadas “tarefas mentais” como repetir inúmeras
vezes uma mesma frase ou palavras para ficar livre de pensamen-
tos que atormentam e assombram, verificar repetidas vezes todos
os dias antes de dormir se portas e janelas foram fechadas.
Ocorre também cuidado extremo com a forma de colocar
objetos, buscando exatidão no alinhamento, pois se não fazê-lo,
acredita que um mal terrível pode acontecer. Medo desmedido de
se contagiar por vírus, bactérias ou substâncias tóxicas, levando a
pessoa a rituais de limpeza exagerados. O nível de ansiedade caso
a “tarefa” não seja executada é muito alto.
De todas as doenças da mente o TOC é uma das que mais
provocam sofrimento. Transforma seus portadores em “escravos
das suas ações e ideias”.
O alimento para o TOC é o medo, assim como ocorre no caso
dos fóbicos, porém, os portadores de fobias tem um medo irreal
em relação ao objeto real e, evitam entrar em contato com o supos-
to perigo para evitar o pânico. No caso do obsessivo compulsivo
é mais complexo pois o que gera angústia é um pensamento que
causa medo. Para se livrar dele adota comportamento compulsivo.
Um dos quadros mais comuns do distúrbio é o que envolve
o medo obsessivo de contaminação. Alguns pacientes chegam a
se lavar com produtos pesados de limpeza, como água sanitária e
detergente, só porque encostaram em outra pessoa. Muitos não se
contentam só com um banho. Só se tranquilizam depois de vários
e longos banhos.
Os obsessivos-compulsivos têm consciência de que seus pen-
samentos e atitudes são completamente ilógicos e também têm
plena consciência do seu martírio, mas não conseguem se livrar
da condenação imposta por suas mentes.
O impacto do TOC no contexto familiar pode ser devastador,
já que o número de relações comprometidas pela mania patoló-
gica é muito grande. Nove de cada dez obsessivo-compulsivos
sofrem de baixo autoestima, que por muitas vezes faz com que o
transtorno se faça acompanhar de outros distúrbios como depres-
são, alcoolismo e fobias específicas.
Além do sofrimento e angústia causada pela doença em si, o
TOC faz com que o paciente carregue o peso da vergonha. Os do-
entes tendem a disfarçar os sintomas demorando a procurar ajuda,
levando mais de quinze anos emmédia. O fato é que, quanto mais
tempo um paciente passa sem tratamento, mais grave torna-se o
quadro. Sem ajuda profissional a doença é incontrolável.
As causas do TOC ainda não foram totalmente descobertas.
Sabe-se que o transtorno tem componentes ambientais e genéti-
cos. Graças ao desenvolvimento de máquinas capazes de flagrar
o cérebro em funcionamento descobriram-se algumas áreas ce-
rebrais que servem de sede para as obsessões e as compulsões.
As duas principais o córtex órbitofrontal e os gânglios da base,
são responsáveis pelo processamento das informações recebidas
e pelo controle do medo.
O TOC não tem cura, mas pode ser controlado. Acombinação
de medicação com psicoterapia reduz em até 80% a manifestação
de sintomas. A psicoterapia utilizada é a cognitiva comportamen-
tal onde o psicólogo desenvolve um trabalho voltado para a cons-
cientização do paciente de que suas preocupações são ilógicas.
Para isso, ele não só usa argumentos lógicos, como expõe o pa-
ciente ao objeto de suas aflições. O objetivo é proporcionar ao pa-
ciente uma forma de controle sobre os pensamentos que atormen-
tam, baixando a ansiedade para uma vida com mais liberdade.
Transtorno Obsessivo Compulsivo:
as manias que tornam-se doenças
Renaura Silva Francisconi Pardal
CRP 35469-7 • Psicóloga Clínica
e Psicopedagoga • Consultório: Rua Jorge Augusto,656 sala 19
• cel: 99299-0932
1...,37,38,39,40,41,42,43,44,45,46 48,49,50,51,52,53,54,55,56,57,...76
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