CityPenha Março 2016 - page 12

Março / 2016 - nº 106
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Beleza pós-moderna
(de 2000 até hoje) - Corpo ideal:
Hoje em dia, o que conta é um corpo “saudável”, barriga
reta e bumbum grande. Um corpo difícil de conseguir, mas
que, graças a intervenções cirúrgicas, muitas mulheres en-
tram no padrão.
Podemos ver que o conceito de mulher, dona de casa,
mãe e esposa, mudou com o passar dos anos. As mulhe-
res ainda são mães, esposas e donas de seus lares, porém,
junto a tudo isso está no mercado de trabalho atuando
de forma efetiva com diversas funções, no comando de
empresas, na chefia de cargos públicos, entre outros. As
conquistas são constantes, e as quebras de tabus são di-
árias, sendo mulheres independentes, confiantes e distri-
buindo competência, em meio a esta avalanche cultural
que temos vivido.
A sociedade exige uma dupla ou tripla jornada de tra-
balho à mulher e diante de tudo isso vem o stress, a não
aceitação de seu corpo mediante comparações com a mí-
dia, as dietas malucas, distúrbios de alimentação.
Vivemos hoje um verdadeiro massacre humano, de
mulheres, adolescentes se matando para atingir um ina-
tingível padrão de beleza imposto por uma sociedade de-
mocrática, as mulheres tornam-se escravas da indústria
da beleza, tão difundida pelos meios de comunicação, os
quais têm dilacerado a nossa juventude, pessoas que estão
perdendo o prazer de viver, por estarem inconformadas
com sua forma física, controlam alimentos que ingerem,
para não engordar; esta escravidão assassina à autoestima,
produzindo uma guerra contra o espelho e gera uma auto
rejeição terrível.
As cobranças que as mulheres tem feito a si mesma
para atingir o padrão de beleza imposto, e quando obser-
vam não ter conseguido, explode a frustação começando a
complementar com acessórios e roupas inadequadas para
tapar este buraco psicológico.
Indústria da beleza
O discurso da mídia decorre de uma pluralidade de
produtos e avanços tecnológicos a fim de aprimorar a
estética e forma física. O país pode estar na maior crise
financeira de todos os tempos, mas a indústria da beleza
não para de crescer. Para todos os lugares que se olha, se
ve a influência ao culto de um corpo perfeito, uma barriga
sarada, uma constante luta contra a balança, uma conta de
calorias presente em cada refeição. Os meios de comuni-
cação apresentam diariamente o glamour da glória e do
sucesso, de pessoas magras e em forma se dando bem em
tudo que fazem, sem sofrer nenhum tipo de preconceito,
apenas bem e com intensa ascensão social.
Diante desse quadro a sociedade vivencia um quadro
conflitante. De um lado, a mesma recomenda o padrão de
beleza magro; de outro, está à mídia bombardeando tam-
bém com suas publicidades de
fast-food
, alimentos hiper-
calóricos, etc. Todos esses fatores, acrescidos ao avanço
da tecnologia da perfeição cooperam ainda mais para a
procura por opções não naturais.
Mas começamos a ver a luz no fim do túnel; a proibi-
ção de mulheres magérrimas em desfiles de modas, tanto
que nossa referência brasileira de passarela despontou va-
lorizando as curvas e seios fartos e nossas modelos
Plus
Size
fazendo enorme sucesso.
Os novos lançamentos da boneca mais popular que
conhecemos “
Barbie
”, podendo aparentar pessoas de ver-
dade, já que não precisam usar salto alto o tempo todo e
nem estar constantemente impecável.
Até as nossas princesas da Disney começam a ter
corpos reais e fora do padrão habituais ocidentais, como
a nossa “
Fiona
” a protagonista do desenho “
Sherek
” e
o conflito da beleza perfeita e de ser verdadeiramente
como se é.
A mais célebre dessas campanhas, da marca Dove,
com a campanha “Real Beleza”, explora a diversidade fe-
minina e busca o belo em variadas formas de expressão.
E de maneira ainda sutil, estamos a perceber que
Tudo em excesso faz mal
”.
Ser escrava da beleza torna você superficial; mas não
ter vaidade, bombardeia sua autoestima; não fazer exercí-
cios ou cuidar da alimentação, causa aumento de peso e
doenças diversas; ser viciada em exercícios também causa
problemas e deformações.
Cada vez mais as mulheres e parte da mídia estão se
revoltando contra a
ditadura da magreza
e, principal-
mente, contra comportamentos extremos que muitas mu-
lheres praticam para ter um corpo idealizado, colocando
em risco o bem-estar e a própria vida. Mais e mais espaço
vem sendo aberto para que o corpo da mulher real seja
mostrado e apreciado da maneira que é, seja com curvas
avantajadas ou não, estrias, celulites e, muitas vezes, ex-
cesso de gordurinhas.
Acredita-se que muitas mulheres devem estar se sen-
tido aliviadas e muito mais felizes. Se correr atrás de me-
didas perfeitas é uma tarefa difícil e arriscada, o melhor
a fazer é procurar a beleza particular que existe em cada
mulher, ao invés de se envergonhar,
No dia em que aprendermos a valorizar nossas ca-
racterísticas tão pessoais, difíceis de serem imitadas,
certamente encontraremos um Botticelli para pintar-nos
como Vênus, estonteante com sua cintura larga e olhar
misterioso.
Cida Lopes
• Gestora/Produtora de Eventos/Docente – MBA em
Hospitalidade •
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