CityPenha Março 2016 - page 42

Março / 2016 - nº 106
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A Barbie e suas novas curvas
D
estaque
A Barbie está de parabéns. A boneca com a qual milhões
de crianças brincaram desde a primeira vez em que ela foi
colocada à venda em março de 1959, ampliou sua coleção.
Não se trata de uma nova profissão ou hobby, e sim de uma
grande revolução. Com a inclusão de novas formas, a boneca
é lançada agora com sete tons de pele, quatro tipos de corpos,
22 cores de olhos e 24 estilos de cabelos diferentes, na linha
que chama de “Fashionistas”.
É uma grande gama de opções que retratam muito mais
o perfil feminino, do que o modelo clássico, que continua
existindo. Parece que a Mattel, a empresa que as fabrica, fi-
nalmente escutou os que se queixavam de que ela não repre-
sentava uma mulher real e colocaram forma e volume em
suas Barbies.
A boneca mais popular da história será alta, baixa e com
curvas, algo que se aproxima muito mais da realidade das
silhuetas que popularmente categorizam as silhuetas femini-
nas como o triângulo invertido, retângulo, ampulheta e oval.
Em 2015 a Mattel já tinha introduzido inovações importan-
tes na Barbie: as tonalidades de pele e os tipos de cabelo foram
ampliados. Aempresa quis dessa forma refletir uma diversidade
étnica maior, a mesma de quem consome seus produtos.
Com a evolução do mundo, os ideais de beleza também
evoluíram. As meninas e as jovens de hoje admiram artistas
como Beyoncé, Kim Kardashian, Jennifer Lopez e Demi Lo-
vato, com seus diferentes padrões de beleza e de estrutura
corporal, além do comportamento. Os movimentos feminis-
tas de forma geral reivindicam a aceitação do corpo tal como
ele é. As curvas mandam e a Mattel agora sabe disso.
O momento da mudança da Barbie acompanha a gran-
de mudança no comportamento geral da mulher, em espe-
cial as jovens, dentro de toda a sociedade. Cada vez mais as
mulheres conquistam espaços e fazem valer suas opiniões,
mesmo que choquem de maneira forte as outras pessoas. As
mudanças são principalmente de comportamento, que acaba
se refletindo na forma de se vestir, de se pentear, de se expor
e até de como cuidam do seu corpo. A aceitação de ser como
é, e não de ser, necessariamente, como querem que seja, as
vezes ultrapassa até o limite do bom senso e leva a compo-
sição de grandes tribos. Enquanto muitas valorizam o corpo
esculpido outras gostam de ser Plus Size. Enquanto muitas
valorizam se sentir bonitas, outras fazem questão de expres-
sarem que não estão nem aí.
As novas Barbies vem em um bom momento, mantendo
o sonho do ideal de beleza, que agora tem vários modelos,
mais reais, mais próximos do que pode ser alcançado pelas
mulheres de verdade.
A Barbie causou controvérsia desde sua criação. A cria-
dora do brinquedo, Ruth Handler, se inspirou em outra bo-
neca alemã chamada Lilli, um presente entregue nas despe-
didas de solteiro. E, consequentemente, suas medidas foram
feitas, por exemplo, com seios, algo pouco comum na época.
A Mattel sempre se defendeu argumentando que suas Bar-
bies não são inspiradas no corpo de uma menina e sim no
corpo de sua mãe.
Durante anos, a Mattel tentou dar às Barbies uma ima-
gem de bem-sucedidas mulheres de negócio, profissionais
em diversos campos, feministas e esportivas, mas suas fa-
mosas medidas corporais nunca deixaram de ofuscar essas
tentativas. Talvez agora — ocasião tão significativa que até a
revista Time dedicou uma capa ao assunto — a Barbie 2016
consiga colocar o status feminino ao nível que lhe corres-
ponde, influenciando positivamente as crianças e jovens a
lutarem pelo sucesso, por que ele é mais palpável.
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