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Setembro / 2016 - nº 112
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D
estaque
Como lidar com a crise
profissional dos 30 anos
Como diz a canção da Legião Urbana, “e aos 29, com
retorno de Saturno, decidi começar a viver”. Muitos profis-
sionais sentem isso quando chegam a essa idade, véspera dos
emblemáticos 30 anos. Ou porque acertaram a escolha da car-
reira, mas não sabem que caminhos percorrer no futuro, ou
porque ainda não se encontraram. Vamos refletir sobre essas
duas situações?
Clarisse, por exemplo, escolheu cursar Engenharia e logo
conseguiu um emprego numa multinacional, onde vem cres-
cendo e sendo reconhecida. Ao olhar para trás, vê que já con-
quistou e se desenvolveu muito desde que se formou; ao olhar
para o lado, nota que há colegas de faculdade ou amigos da
mesma idade em situações piores, semelhantes ou melhores do
que a sua. A grande questão de Clarisse é ao olhar para frente:
ela não sabe se deve continuar no mesmo emprego, pois já se
sente numa zona de conforto; se arrisca mudar de empresa para
subir de nível ou vivenciar uma outra cultura organizacional;
se investe num MBA fora do país para realizar um sonho anti-
go. No fundo, Clarisse percebe que há inúmeras escolhas e, ao
mesmo tempo, sente medo de trocar o certo pelo incerto.
Gabriel vivencia essa “crise pré-30” de uma outra forma.
Depois de ter cursado três anos de Publicidade e, insatisfeito
com o curso, decidiu passar um ano fora do país. Apesar de
ter se interessado por outras atividades, decidiu concluir o
curso e trabalhar numa agência de publicidade, mesmo a con-
tragosto. Insatisfeito com seu ramo, saiu da agência e montou
uma loja de cerveja com amigos de infância, algo que sempre
desejou. Passados alguns anos, Gabriel teve que fechar a loja
por não ter dado o retorno financeiro esperado. Ao olhar para
trás, Gabriel sente que viveu experiências diversificadas que
o fizeram ser quem ele é; ao olhar para os lados, vê amigos
de facudade já estabelecidos financeiramente, mas não se vê
na carreira de publicitário; ao olhar para frente, vê que ainda
há muito o que trilhar e não sabe bem em que investir tempo
e energia: num novo curso, num novo negócio, numa nova
carreira. É como se Gabriel tivesse feito escolhas que não o
direcionaram para um caminho, mas para muitos caminhos, o
que o deixa indeciso, inseguro e insatisfeito.
Essas duas histórias apenas ilustram o que muitos profis-
sionais sentem com a proximidade dos 30 anos. Independente
de ter acertado a carreira ou não, ao olhar para trás, esses
jovens percebem que já realizaram e aprenderam muitas
coisas; ao olhar para os lados, deparam-se com a inevitável
comparação em relação a seus colegas, amigos e familiares;
ao olhar para frente, não sabem que ajuste de rota fazer, dian-
te das inúmeras possibilidades.
Esses dilemas podem ser paralisantes ou estimulantes,
dependendo de como o profissional lida com eles. Nesses
casos, é aconselhável refletir, com a ajuda de um coach de
carreira, o melhor ajuste de rota. No processo de coaching, é
possível identificar quais são os seus valores, as suas fortale-
zas, os seus pontos cegos e as suas crenças limitantes; quais
os impactos dos diferentes caminhos que pensa em seguir
daqui pra frente; onde gostaria de estar e o que gostaria de
ter ou fazer daqui três, cinco ou dez anos. Dessa maneira,
o próprio profissional, orientado por um coach, chegará às
respostas para seus dilemas e poderá tomar uma decisão com
maior confiança e embasamento.
Por fim, lembre-se de duas coisas: primeiro, nem tudo
precisa estar resolvido antes dos 30, afinal, vivemos cada
vez mais e o mercado de trabalho tem se tornado mais com-
plexo e cheio de novas oportunidades; segundo, um cami-
nho nunca é definitivo só porque você já tem 20, 30, 40 ou
mesmo 50 anos. Há sempre prós e contras e novos cami-
nhos a serem seguidos.
Vivian Rio Stella
• Doutora em Linguística pela Unicamp, pesquisadora
de Pós-Doutorado no grupo Atelier da PUC-SP, consultora e diretora de
treinamento executivo
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