CityPenha Setembro 2017 - page 50

Setembro / 2017 - nº 124
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Casamento com mais de
quarenta anos de duração
O
pinião
Há muitos anos queria compartilhar com meus amigos
esta matéria, porque quando um casal que está no começo de
namoro um novo empreendimento começa a fluir em seus
pensamentos, se preocupando para uma vida a dois com
muito amor, se preparando para um futuro melhor a dois, em
um só corpo, em uma só alma, se preparando para o futuro.
Mas na verdade, na vida real as coisas não são tão simples
assim. Ao longo de quarenta anos de amor não é muito fácil
a convivência. Discordâncias acontecem a todo momento,
mas a vida continua onde o mais importante é o respeito e
não agressividade. Deixar de lado suas velhas teimosias ao
procurar conviver com dignidade, compartilhando os afaze-
res da residência para ter paz.
Mesmo os que são almas gêmeas, quando um pensa o
outro responde. Temos nossos deveres como homens e mu-
lheres e não adianta ficar de cara feia quando um não con-
corda com o outro, chamar para uma luta corporal em vez de
usar palavras de carinho. Com gesto simples, todos podem
viver em paz.
O amor deve existir é lógico, e se um dia forem entrevis-
tados para falar da convivência, fica muito fácil dizer a ver-
dade. A mentira não deve existir e nem esconder a razão de
estarem juntos durantes 40 anos ou mais. A paixão, o amor, a
guerra entre as famílias, comportamentos e atitudes do casal
não podem alterar seu caráter nem suas opiniões. A convi-
vência é do casal somente, e eles poderão dar essa entrevista
dizendo dos dissabores existentes, afinal todos temos dissa-
bores, mas com diálogo chegamos a um momento de paz.
O casal está feliz, mas os corvos (familiares) estão em
briga por quererem suas partes da futura herança, afinal o
casal está chegando a uma idade avançada. Essa guerra fa-
miliar acaba com a estabilidade emocional deixando a famí-
lia dividida entre amor e
patrimônio. O casal fica
a mercê da justiça sem
saber qual lado
seguir.
P o u c o
são corvos
que acreditam
que o amor está
recome-
çando
em novo patamar. Menos ciúmes, mais palavras de amor, e
muita sabedoria. Em muitos casos nem mesmo o contato se-
xual é importante, embora o físico de vida e carinho.
Em várias religiões o amor do casal que completa qua-
renta anos juntos é motivo de gloria, bodas com festa, caso
tenham condições, todavia, a verdade dessa união somente
eles sabem sobre quantos dissabores já passaram. As Igrejas
vibram, falam desse amor com tanto orgulho, e não é para
menos, é uma nova vida começando, e querem logo marcar
um novo casamento. Muitos casais vivem de aparência para
deixarem filhos e netos mais unidos, isso porque eles são o
exemplo dessa aliança. Após consumado o ato do novo casa-
mento há felicidade, alegria, beijos são trocados, padrinhos,
novas alianças, tudo é festa. Em qualquer igreja a festa é
suntuosa, são quarentas anos juntos, onde cada um precisa
ceder um pouco do seu espaço para que juntos possam con-
viver sem brigarem.
Todavia quando o casamento se desfaz, mesmo depois
dos 40 anos juntos, a briga para partilhar os bens é feroz,
cada um quer a sua parte sem abrir mão nem de uma parte. O
amor acaba, a família entra no meio, os amigos. Não sei de
onde vem tanta arrogância, ao ponto de um querer comer a
alma do outro, e quanto mais arrogância mais discordância.
“Tome tudo que é dele, até suas peças íntimas, espero que
fique sem nada, sem em tostão”.
Então acontece o pior, dependendo do juiz a balança fica-
rá mais pesada para um lado, porque a justiça que conheço é
caolha só vê um lado. Vão na mesa do tribunal acompanhado
com seu novo “namorado” o Dr. Advogado, mas o pior ainda
está para vir! Onde anda o amor, aquela paixão, elogios e ca-
rinhos? A vida é assim, sempre existirá bodas, festa, alegria
e trocas de alianças. Mas na mesa do juiz, Doutores querem
tirar até as cuecas da outra parte se ele não concordar com
seus argumentos e suas opiniões. O que mais eles querem?
Suas comissões. Sabem o porquê? Ganância, o percentual do
valor da separação tem uma comissão de até 30% do valor
bruto, mais ninguém reclama o valor pago, o maior perdedor
geralmente é o esposo.
Em nosso Brasil vivemos duas situações engraçada. No
Sul, os casais que vivem juntos acima dos 40 anos, são bem
diferentes dos casais do Nordeste. Lá a convivência passa dos
60 anos, com uma grande união, vivem uma vida modesta e
não pensam em separação. O amor nordestino é bem diferen-
te. O pouco que tem são apenas uma pequena casa, criações
e um pedaço de terra, cultuam seus santos, nas festas dançam
até o dia amanhecer, antes de dormir ainda cuidam das cria-
ções e depois repousam juntos. É aquele chamego constante.
Chamam de mainha, de painho, só há amor e não brigam
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