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Agosto / 2016 - nº 111
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CityPenha:
A peça “O Topo da Montanha” retornou à capi-
tal paulista e fica em cartaz até setembro. Dá para descrever
o sentimento em contar a história de Martin Luther King,
um dos maiores líderes do movimento dos direitos civis dos
negros, nos Estados Unidos?
Lázaro:
O sentimento é de responsabilidade. São idéias
que até hoje continuam atuais e que poderiam ter sido escri-
tas agora. Mas junto da responsabilidade, vem um conceito,
mostrá-lo homem, com suas fraquezas e humanidade no tipo
de humor. O texto o tira do pedestal, o coloca como um de
nós. Faz pensar que todos podem contribuir para um mun-
do melhor sem precisarmos ser um grande herói como ele.
É um prazer enorme falar de um ícone com proximidade,
como propõe Katori Hall.
CityPenha:
No atual momento político que vive nosso país,
o que considera o maior problema do Brasil: corrupção ou a
burocracia?
Lázaro:
Não dá para medir
essas coisas, há várias questões
que precisam ser trabalhadas. O
desafio é saber como iremos con-
seguir voltar a ter diálogo real no
Brasil, vivemos em uma época
que muito se fala e pouco se es-
cuta. Não conseguimos encon-
trar um consenso do bem comum
de toda comunidade. Ao invés de
eleger o maior problema, prefiro
eleger o maior desafio
CityPenha:
Poucos artistas têm
a chance de transitar tão bem e
simultaneamente em linguagens
distintas como você, que no mo-
mento está com uma série na
TV, uma peça de teatro em SP,
e, recentemene, lançou um filme.
Qual balanço faz de tudo isso?
Lázaro:
Realmente me sinto
um privilegiado. Não esperava
nada disso no começo, minha pre-
tensão era continuar fazendo teatro meu grande sonho de ar-
tista. Mesmo se para alimentar esse sonho precisasse exercer
outra função. Sou extremamente grato às pessoas que acre-
ditaram em mim. Trabalho muito. Carreira de ator é incerta,
hoje pode estar legal e amanhã não.
CityPenha:
Taís e você formam um dos casais mais discre-
tos e carismáticos do meio artístico. Ambos estão convivendo
bastante em dois trabalhos, TV e teatro. Como faz para relação
não se desgastar passando praticamente 24 horas juntos?
Lázaro:
O que guia nossa relação é a qualidade dos perso-
nagens e da história. Antes de nos casarmos já era um admi-
rador de seu trabalho, ela é uma atriz que sempre pensei em
trabalhar. É algo prazeroso e não uma área de conflito.
CityPenha:
Estamos em agosto mês dedicado aos pais. O
que tem a dizer de sua relação com o seu?
Lázaro:
Meu pai é um cara admirável que começou a tra-
balhar aos 16 anos de idade. Mesmo vindo de uma famí-
lia humilde, ele sempre se preocupou em investir na minha
educação. Não tem curso superior, mas é uma pessoa super
disciplinada e correto com o trabalho. O lema dele era estu-
dar, estudar e estudar. Quando se tem uma inspiração dessas
dentro de casa isso influencia todo resto.
CityPenha:
O interesse exacerbado da imprensa e público
na vida pessoal do artista é algo que te incomoda? Como
você lida com a questão dos paparazzi quando se trata de
seus filhos?
Lázaro:
Dentro da cultura em que vivemos quando opta-
mos em sermos figura pública, já sabemos que termos de li-
dar com isso. Porém, alguns limites precisam ser estabeleci-
dos. Criança não pode ser fotografada,
pois elas têm seus diretos defendidos.
E em relação a mim já sei que minha
rotina é essa.
CityPenha:
Seu engajamento em
causas sociais sendo um dos mobili-
zadores do “Criança Esperança”, por
exemplo, é algo que pretende passar
à sua prole?
Lázaro:
Quando penso no melhor
para as crianças que trabalhamos, ao
mesmo tempo é o melhor para os meus
filhos também. Precisamos nos doar e
nos transformar todos os dias.
CityPenha:
Como define a experi-
ência de participar do reality social
“Click Esperança” recentemente no
Fantástico?
Lázaro:
As questões sociais são di-
nâmicas. Foi maravilhoso. Os 12 jo-
vens participantes já eram atuantes,
foi importante dar visibilidade a eles.
Aprendi coisas novas sobre várias
questões, era essencial escutá-los.
Precisamos ficar atentos a esses jovens.
Fizemos também um debate que passou na GloboNews, dis-
cutimos temas importantes como educação, preconceito e
gêneros. Me senti honrado em participar.
CityPenha:
Através de sua imagem e visibilidade, você
consegue influenciar outras pessoas ao engajamento social.
Falta essa iniciativa em muitos colegas do meio artístico
também? Muitos poderiam levantar bandeiras nesse sentido?
Lázaro:
Ninguém é obrigado a nada, gente! As pessoas
precisam fazer aquilo que faz sentido às suas vidas. A pri-
meira função de um artista é produzir sua obra. Claro que
temos de ter a consciência da importância que é segurar um
microfone para potencializar outros assuntos, faz diferença.
Porém é uma escolha individual.
C
apa
Lázaro Ramos e Táis Araújo. Foto Globo/Sergio Zalis
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