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Agosto / 2016 - nº 111
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D
estaque
A separação de casais quase sempre vem acompanhada
da real necessidade de adaptação, principalmente quando
envolve os filhos menores e, mais ainda, quando surge, pos-
teriormente, a figura de um padrasto – ou, para a criança, o
novo marido da mãe. Sentimentos de ciúmes por parte dos
pequenos e de disputa pelos adultos são comuns nesse tipo
de situação. Ponto importante para a educação e desenvol-
vimento dos filhos, a questão da autoridade entra em jogo e
a relação, sobretudo, passa a exigir ainda mais maturidade e
bastante diálogo. Especialistas, porém, dizem que há espaço
para pai e padrasto na relação com criança, e que cada um
pode exercer seu papel de maneira assertiva.
Algumas atitudes por parte do padrasto podem contribuir
para um bom relacionamento com o filho da companheira,
ou o enteado. Entre elas – e talvez a principal –, o cuidado
para que a criança saiba bem que a figura paterna deve ser
sempre o pai, além de respeitar as normas da casa e de conví-
vio estabelecidas pela mãe, mesmo que não esteja de acordo.
Outro ponto importante apontado por sites especializados é
respeitar o tempo de adaptação dos pequenos, já que o fato
de ter um outro homem dentro de casa, inserido à família,
pode parecer, muitas vezes, ameaçador. A paciência pode ser
a chave nestes casos.
Psicóloga clínica, fundadora do Instituto de Psicologia
IPSI-Brasil e professora convidada da Universidade de São
Paulo – USP, Tina de Souza diz que a mãe também tem pa-
pel fundamental nesse processo de adaptação e que é dela o
dever de pontuar e apresentar aos filhos menores quem é seu
novo marido. “Muitas vezes o padrasto é confundido com
alguém que vai tomar o lugar do pai. Mesmo em casos de
falecimento, o padrasto jamais o substituirá. É muito impor-
tante a mãe deixar bem claro para os filhos que o novo com-
panheiro não ocupará o lugar do pai biológico”, diz.
Pensando em melhorar o relacionamento e dar mais con-
fiança, o padrasto também pode criar o hábito de participar
das atividades cotidianas do enteado, como, por exemplo,
ajudar com as tarefas escolares, acompanhá-lo nas práticas
esportivas ou com algum jogo de vídeo game, entre outros.
“Dar apoio sempre que estiver com as crianças ajuda a es-
treitar o vínculo e para elas será apaziguador saberem que
podem contar com o padrasto além do pai. Acompanhar nos
diversos fatores que ajudam no desenvolvimento pessoal faz
com que o respeito mútuo se instale naturalmente”, orienta a
psicóloga Tina de Souza.
Outra preocupação comum nos casos de separação e da
inserção do padrasto no ambiente familiar é com relação a
educação da criança, que estava acostumada com os orienta-
ções passadas eminentemente pelos pais. Para Tina de Souza
cabe ao padrasto ter o feeling para dar continuidade aos ensi-
namentos que o enteado já vinha recebendo do pai e da mãe.
“Não haverá interferência na educação e na criação do filho
se o padrasto perceber e respeitar a linha de conduta que já
existe. Basta seguir, apoiar e, se for o caso, ampliar o que já
está sendo desenvolvido”, ressalta a psicóloga.
Nos casos em que o casal original, pai e mãe, não tem
um bom relacionamento é preciso uma atenção a mais, pois
a criança não pode servir como instrumento de ataque ou
ofensas ao parceiro, segundo Monize Minatti, psicopedago-
ga, terapeuta comportamental infantil e gerente do Espaço
M&E, localizado na Zona Norte. “O que não pode acontecer
é a mãe, por estar mais tempo com os filhos, falar coisas para
prejudicar o ex-marido, como ‘seu pai não manda em nada,
quem cuida de você sou eu’, ‘quem está com você todo dia
é fulano [padrasto], não seu pai’. Isso faz com que a crian-
ça questione a autoridade ou a importância do pai em sua
criação. A autoridade do padrasto deve ser explicada para
criança e não imposta”, comenta a profissional.
Em famílias reconstruídas após a separação do casal, o pa-
drasto – assim como a madrasta, se for o caso – não deve ser
visto como um sub-membro, mas, sim, como um novo inte-
grante que tem, assim como a esposa, o controle da casa – o
que deve ser explicado às crianças. Mas quem tem o poder de
dar as ordens aos pequenos são os pais, tendo o novo marido
da mãe o papel de aconselhar e orientar. Mas nunca exigir algo
das crianças. Quando essas e outras questões envolvendo a
relação pai x mãe x padrasto x enteado não são claramente
resolvidas é orientado que se procure ajuda de um psicólogo
para que a situação possa ser cadenciada da forma mais branda
e saudável possível. “Às vezes a causa [do desentendimento]
está ligada com a separação dos pais e não com a presença do
padrasto”, finaliza a psicóloga Tina de Souza.
Presença do padrasto não deve tirar a
autoridade do pai na educação dos filhos
Diálogo e respeito regem o convívio entre padrasto, mãe, pai e a criança, que
é a maior beneficiada quando há o bom senso na relação
por Arilton Batista
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