CityPenha Fevereiro 2014 - page 39

Fevereiro / 2014 - nº 81
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aquela compra adicional na padaria, quando totalizados, representam uma
soma bastante razoável e nada desprezível”, diz Carvalho.
O desequilíbrio financeiro costuma levar as pessoas a utilizarem, de ma-
neira desregrada, os limites de cheque especial e também os cartões de crédi-
to, fazendo com que não haja a possibilidade de se manterem durante o mês
sem a utilização desses créditos. Com isso, as dívidas com esses serviços
tendem a crescer, podendo ultrapassar a renda líquida mensal do usuário. E é
assim que muita gente tem o nome restrito nos órgãos de proteção ao crédito
(SPC, SCPC, Serasa). A agente de viagens Deyse Nogueira, 27, se considera
uma compulsiva por compras, e conta que já sofreu muito com isso. Hoje com
planos de se casar e após ter o nome restrito, ela teve de se reeducar econo-
micamente e parar de gastar com o que considera superficial e irrelevante. “A
época que me vi mais desesperada foi quando meu cartão de crédito estava
com um valor duas vezes maior que meu salário. Eu tive que pedir a antecipa-
ção das minhas férias para conseguir pagar a fatura. Paguei uma parcela, mas
no mês seguinte tive que pedir um dinheiro emprestado para meu pai para
poder pagar as contas do mês pós-ferias. Foi o pior momento que passei por
conta dessa minha compulsão por compras”, conta.
Caso similar é o do jornalista Maurício Martins, 31. Leitor nato, ele ad-
mite gastar além da conta com revistas de cultura, quadrinhos, revistas de
música, pizzas e lanches – mesmo tendo comida pronta em casa. Além disso,
Maurício é músico amador – integrante de bandas de rock da cena alterna-
tiva – e tem gastos periódicos com manutenção de equipamentos e ensaios.
“Dificilmente eu guardo uma parte do meu salário todo mês em poupanças ou
apenas criando uma reserva mesmo, como a maioria dos economistas reco-
mendam. Dá para imaginar um pouco os transtornos que isso me proporciona.
Confesso que até tento, mas sempre me vejo, seja no início ou durante o pró-
prio mês, com a minha conta no vermelho. Mas a culpa é minha, só minha,
pois acredito que poderia evitar a compra de determinadas bobagens”, lamen-
ta Maurício, que garante estar mais atento a essa situação e que, em 2014,
mudará esse quadro. “Neste ano criei um objetivo: resolver todas as minhas
pendências e guardar grana. Nem penso no ‘talvez dê certo’. Eu estou no ‘tem
que dar certo’", enfatiza Martins.
Existe uma concordância geral sobre o limite de comprometimento da
renda mensal individual. Especialistas indicam que 30% é esse teto. Entre-
tanto alguns afirmem que o ideal mesmo é não adquirir dívidas e realizar
ao máximo as compras com pagamento à vista. “O fato é que dívidas nunca
são saudáveis para as pessoas. Evitar o endividamento é uma tarefa árdua e,
embora não exista uma regra específica sobre níveis de endividamento, há um
consenso geral de que 30% é o máximo que se deve ter de renda comprometi-
da com dívidas”, afirma o professor de finanças Yuri Carvalho Fratelli.
Especialista em administração financeira e Sócio-Diretor Administrativo
Financeiro da Praxis Business, Maurício Galhardo dá uma dica praticada por
ele para manter-se financeiramente controlado e conseguir êxito nos planos
estabelecidos. A ideia é colar na carteira uma foto do que se quer conquistar
nos próximos meses ou anos. Por exemplo, a foto de uma casa, de um apar-
tamento, de um carro, de uma cidade ou país – se a ideia for realizar uma
viagem –, etc. “O controle financeiro não tem como objetivo fazer com que
as pessoas não entrem no cheque especial ou deixem de comprar no cartão de
crédito, e sim permitir que elas realizem seus sonhos, de fato. Por mais que
seja um pouco difícil agora, é importante entender que o controle financeiro
aumenta a chance da realização dos sonhos. Não é o simples fato de gastar
menos dinheiro para ter mais dinheiro”, finaliza o Galhardo.
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