CityPenha Fevereiro 2014 - page 48

Fevereiro / 2014 - nº 81
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Cozinhaterapia contribui no
combate ao estresse do dia a dia
Segundo psicóloga, preparar a própria comida pode ter
efeito terapêutico e facilita a administração de possíveis crises
que afligem o campo emocional
Como quase todo tipo de afazer, há quem goste e também
quem não suporte olhar para o lado da cozinha, do fogão e das
panelas. Algumas pessoas cansam só de pensar em cozinhar,
principalmente as donas de casa, responsáveis por essa e outras
tarefas desenvolvidas diariamente. De fato é uma atividade que
requer tempo e dedicação. E que, se feita sempre por obriga-
ção, com hora para começar e terminar, acaba se tornando des-
gastante. É natural. E aí é que muitas vezes vem a escolha por
comer fora de casa ou pedir delivery – o que também é válido,
saudável, prazeroso e divertido. Mas o que muita gente ainda
não sabe é que cozinhar a própria comida ou preparar a refeição
da família pode ser terapêutico. O ato, inclusive, ganhou um
termo específico. Chama-se “cozinhaterapia”.
O processo de preparação de um prato segue geralmente o
mesmo fluxo, passando pela pesquisa da receita, a escolha e a
aquisição dos ingredientes e a organização dos utensílios, até
atingir o momento de colocar as panelas no fogo e começar a
cozinhar de fato. Depois vêm as provas – para verificar a textu-
ra, a consistência e a temperatura do alimento –, a colocação da
mesa e, por fim, a parte mais aguardada, que é servir e comer.
Todo esse ritual age beneficiando quem o faz. O praticante ten-
de a se concentrar exclusivamente na preparação da comida e
deixa de lado as possíveis preocupações e o estresse. “O ato de
preparar uma receita implica em utilizar alguns comportamen-
tos que seriam básicos na resolução e no enfrentamento de situ-
ações adversas: atenção, concentração, organização, raciocínio
lógico, entre outros. Quando uma pessoa aplica tais condutas
para uma ação que lhe trará prazer, percebe que pode também
aplicá-las para situações mais complexas”, explica a psicóloga
Elaine Cristina de Santa Maria Lopes.
O estudante André Mantovani, 21, descobriu há pouco tem-
po a disposição que tem para lidar com a cozinha. Diagnosticado
em fevereiro de 2009 com Síndrome do Pânico, ele descobriu
que o ato de preparar receitas o ajuda a se manter mais relaxado
e concentrado. O interesse surgiu quando trabalhava numa ofi-
cina de veículos. O diretor da empresa sempre levava parte dos
pratos que preparava em casa para que os colegas de trabalho
pudessem experimentar. “Com o tempo fui criando curiosidade,
até o dia que decidi me arriscar na cozinha e preparei uma torta
de banana. Foi minha primeira receita. Desde então ganhei in-
centivo da minha namorada e passei a cozinhar com frequência.
Acredito mesmo que cozinhar seja uma terapia”, comenta Man-
tovani, que tem como preferência a elaboração de pratos doces,
como tortas, bolos e mousses.
Encontrar inspiração e motivo para começar a cozinhar
em casa cabe a cada pessoa. O importante é tentar colocar em
mente que a cozinhaterapia pode ser praticada por qualquer
um, desde que haja boa vontade e interesse. Existem diversas
receitas, que vão dos níveis fáceis até os muito difíceis. Aos
que acreditam ter um pouco menos de habilidade, basta iniciar
com pratos mais modestos e menos complexos. Bruno César
Carmargo, 24, profissional de sistemas de informação, percebeu
que gostava de cozinhar através da necessidade. “Meu interesse
pela cozinha surgiu quando comecei a ficar sozinho em casa.
Tinha que me virar. Com o tempo fui gostando e até hoje prefiro
fazer meus pratos. Penso em fazer um curso de sushiman. Ado-
ro comida japonesa e já me arrisquei preparando alguns pratos
orientais. A internet me ajuda bastante também”, diz. Caso não
muito diferente é o do securitário Carlos Henrique Viol Cara-
mujo, 31, que percebeu a necessidade de se entrosar com as
panelas e com a cozinha logo que se casou. “Até então, nem
D
estaque
por Arilton Batista
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