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Janeiro / 2015 - nº 92
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Perspectivaspara2015
O
pinião
Quando chegamos ao final de um ano os magos de
plantão começam a ensaiar os prognósticos para o próxi-
mo. Comos economistasnãoédiferente, principalmenteos
versados em futurologia, que buscam antever os resultados
para o próximo exercício.
O que acontecerá com o câmbio, como ficará a inflação,
comooníveldeempregocomcarteiraassinada reagirá, como
ficao escândalodaPetrobrás eo seudesdobramentonomer-
cado corporativo?Seráque as pequenas empresas sobrevive-
rão aos cenários tão agressivos? O governo criará um plano
de incentivo aos negócios no curto prazo, haverá uma nova
política industrial ou teremos uma política fiscal que fará o
governo restringir as benesses sociais dos últimos anos? Te-
remos um superávit, criaremos uma política restritiva às im-
portações, principalmenteoriundas daChina?
Para estas questões relevantes nemmesmo os mais ex-
perientes economistas podem responder com exatidão, e
nem é pretensão deste articulista tentar respondê-las com a
brevidade deste artigo.
Os fatosmostram que fomos todos vítimas de um este-
lionato eleitoral semprecedentes na história republicana re-
cente, pois na última eleição presidencial todo debate sobre
política fiscal apresentado pelos partidos de oposição, tra-
duzidos em austeridade e controle de gastos público, foram
duramente repelidospelacandidatadogovernoqueacusava
a oposição de semear a recessão.
Tudo o que foi falado sobre a política criativa quema-
quiava os números do governo como a inflação, o próprio
escândalo da Petrobrás e as manobras orçamentárias, no
mínimo, contrariando a boa prática contábil, foi veemen-
temente desmentindo pela presidente Dilma e pelos asses-
sores diretos, no entanto, agora no final de seu primeiro
mandato enviou ao Congresso medidas que ratificam esta
contabilidade criativa que foi aprovada e não permitirá que
o governo e a Sra. Presidente seja atingida pela lei por não
ter cumprido o que determina aConstituição.
Isto posto nos remete a luz dos fatos escancarados na
imprensa, mostrar que a credibili-
dade do governo e consequente-
mente do país está duramente afetada, tendo em vista o de-
sempenhodas ações negociadas noBrasil e nosEUA, e nos
permite afirmar numa primeira análise que não haverá com
este quadro disposição de investidores em aplicar noBrasil
enas empresasbrasileiras, oque limitaránosso crescimento
para 2015, já que todos concordamos que sem investimen-
tos em infra-estrutura, portos, aeroportos, estradas ena pró-
pria Petrobras e no Pré-Sal, não haverá recursos suficientes
paraestimular umcrescimentoexpressivodaeconomiabra-
sileira, nos condenará amais um ano de crescimento pífio,
redundará em perdas de postos de trabalho e um retrocesso
no crescimentodo país nos remetendo aos números de qua-
tro anos atrás.
Este fato, corroborado pelo maior escândalo de corrup-
ção da história recente, atingindo, inclusive amaior empresa
Brasileira, a Petrobrás, nos permite prever para as pessoas e
para as empresas um ano de 2015 sem possibilidades de ga-
nhos de renda oude crescimento. Embora ogoverno fale em
estabilidade do emprego, não é o que se pode verificar, prin-
cipalmente na indústria, ondemilhares de postos de trabalho
foram eliminados nos últimos meses. Estes postos de traba-
lhona indústria, combompoder de compra é que alimentam
o comércio e o serviço, que também perderão fôlego e não
conseguirão suprir as perdas de postos de trabalho emoutras
áreas. Razão pela qual a nova equipe econômica do governo
deverá sinalizar com coerência as novas políticas que devem
ser apresentadas com transparência e assimmostrar credibi-
lidade, reconquistar os investidores privados tão necessários
para o crescimento da economia e a confiança de toda socie-
dadebrasileira.
O real deve continuar desvalorizado versus o dólar e não
voltaráaospatamaresanteriores, tendoemvistaa faltadecre-
dibilidade deste governo e das variáveis de fluxos cambiais
que favorecerão a economia americana no curto prazo. Isto
podemelhorar as exportações, mas também alimentará uma
inflação maior que para ficar dentro da meta exigirá fortes
reduçõesdosgastospúblicos, dacontadepessoal dos funcio-
nários públicos, dos programas sociais e outras questões que
podem trazer forte pressão dos sindicatos,
como também, insatisfaçãodaclasse tra-
balhadora.
Quanto ao total de bens exporta-
dos pelo Brasil, 65 % são commo-
dities que dependem da China e
que também sinaliza com reduções
dos negócios e força os preços para
baixo. Temos agora um novo cliente,
a Rússia, para carnes bovina, suína e
1...,4,5,6,7,8,9,10,11,12,13 15,16,17,18,19,20,21,22,23,24,...68
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