CityPenha Janeiro 2016 - page 10

Janeiro / 2016 - nº 104
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Gula ou apenas prazer ao comer
D
estaque
Aalimentação é um ato de socialização, dotado de valores e
características intrínsecas que varia de acordo com cada grupo,
a pratica de comer junto, partilhando a comida faz parte tanto
da ordem humana quanto animal, com diferença de que os se-
res humanos atribuem sentidos aos atos da partilha.
A festa culinária une os homens, relembram historias, ati-
vam memórias, trazem ancestrais, santos, deuses, mitos, todos
reunidos nas mesmas comidas, nos mesmos atos de comer, de
marcar datas, ciclos, eventos que identificam sociedades, e por
isso são singulares de um povo, de uma região, de uma civiliza-
ção, de indivíduos... Tendo sempre na comida o elo fundamen-
tal que identifica e reconhece, explica LODY.
2008
.
Provavelmente desde que o homem existe ele festeja com
comida. O prazer de comer é essencial na vida e comer juntos
é uma grande felicidade social. Comer bem, saboreando e sem
culpa, com variedades e qualidades, é um dos principais fatores
de um estilo de vida saudável.
Até o século XX, muitas descobertas técnico-científicas
importantes levaram ao progresso e também à modificação dos
costumes alimentares, como:
O aparecimento de novos produtos; a renovação de técni-
cas agrícolas e industriais; as descobertas sobre fermentação; a
produção do vinho, da cerveja e do queijo em escala industrial
e o beneficiamento do leite; os avanços na genética permitiram
sua aplicação no cultivo de plantas e criação de animais; a me-
canização agrícola; e o desenvolvimento dos processos técni-
cos para conservação de alimentos entre outros.
Duas tendências se desenvolvem no escopo de obter
ali-
mentos para o futuro.
A primeira, tradicionalista, se baseia em
produtos primários e, concede prioridade absoluta à agricultu-
ra, recomendando a contenção ou parada na industrialização.
Ao esforço de prover alimentos para o futuro, há uma segunda
tendência que se encaminha para fórmulas industrializadas: ali-
mentos "de conveniência"; alimentos sintéticos; proteína textu-
rizada a partir de oleaginosas ou produtos de cereais processados
e além dos tão discutidos alimentos transgênicos e funcionais.
CASCUDO
2006
, compara a
humanidade e os animais. O ho-
mem imagina o
que vai
comer antes mesmo de fazê-lo e com quem irá fazê-lo. Já os
animais comem apenas para suprir uma necessidade, enquanto
o homem “se desarma” ao sentar-se a mesa.
Não comemos apenas porque precisamos de nutrientes e
calorias para manter o corpo funcionando. Comer tem um
sentido muito mais amplo, pois envolve seleção, escolhas,
ocasiões e rituais.
Para muitas pessoas a refeição é sagrada. Entende-se que
comer bem é um ato de respeito com o meu corpo e de ca-
rinho com o meu paladar.
Como distinguir a fome, a vontade de comer ou gula?
Comer com prazer não é comer com gula. Comer com pra-
zer é saborear sem culpa e com moderação. Parece difícil, mas
é só experimentar e persistir.
Comer, também é um ato cognitivo, afinal comer envolve
atenção, percepção, memória, raciocínio, imaginação, pensa-
mento e juízo.
A fome é uma necessidade biológica, um alerta do nosso
corpo de que precisamos sobreviver comendo. Já a vontade de
comer está relacionada ao desejo, ao prazer que você tem ao
comer. E essa vontade de comer (ou a falta dela) vem de inú-
meras circunstâncias do nosso dia a dia. São elas:
Visual
: A apresentação do prato pode nos fazer querer co-
mer mais ou menos. Se você vê um alimento suculento numa
bandeja de prata ele tende a ser mais apetitoso do que uma
“gororoba” num pote de plástico.
Levando em conta o fato de que o primeiro contato que se
tem com o alimento depois de preparado é por meio do olfato
e, em seguida, pela visão, é possível crer que o dito popular
comer com os olhos
” expressa o quanto a imagem do ali-
mento é capaz de influenciar positiva ou negativamente, ou, de
certa maneira, manipular o ato de sua degustação.
Também se observa o trabalho cuidadoso de chefs na elabo-
ração de seus pratos, levando em conta o entrelaçamento de co-
res, a forma e a materialidade dos elementos, para tornar o prato
uma obra de arte, com as associações mentais que os efeitos de
composição conseguem provocar, tece uma malha própria capaz
de produzir um efeito de persuasão com essas imagens.
Hoje nos deparamos com o
Food stylist
também chamado
de
produtor de culinária
ou
estilista de alimentos
. É o profis-
sional que, por meio de estratégias de manipulação dos ali-
mentos, conhece e reconhece as características do alimento,
monta e decora os pratos para que eles fiquem visivelmente
mais apetitosos convencendo o observador a realmente de-
sejar degustar a iguaria.
Facilidade de obtenção
: A implacável preguiça.
Quantas vezes você já optou pelo Fast-food ao invés de
cozinhar em casa? A praticidade é um atrativo para o
seu cérebro também, o que nos faz desejar mais os
alimentos mais práticos.
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