CityPenha junho 2015 - page 18

Junho / 2015 - nº 97
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derrota e, com isso, aconteceu a primeira discussão. "Nos
conhecemos em agosto e logo em dezembro já começaram
as desavenças futebolísticas. Tiração de sarro, zoação e eu
logo fiquei brava, mas logo fizemos às pazes", relembra, sor-
rindo, Andréa.
Para ela, o que mais a incomodava no comportamento
do marido, corinthiano, eram de fato as tirações de sarro e a
mania, segundo ela, que todo corinthiano tem de achar que
todo mundo tem inveja do Corinthians ou que eles são Ibope
mesmo quando perdem. “Hoje em dia as coisas estão bem
mais amenas, mas houve uma época em que ele não brin-
cava comigo diretamente, mas ficava mandando os outros
falarem as coisas, contava piadinhas prontas e bizarras em
voz alta quando eu estava por perto e coisas do tipo”, conta a
são-paulina. Já Adilson Garcia sempre se incomodou bastan-
te com a postura da esposa e dos demais torcedores do São
Paulo por se acharem sempre superiores, segundo ele. “Não
gosto dessa mania de soberano, de achar que são melhores
em tudo. Melhor estádio, com mais conquistas, pessoal mais
elitizado e etc.”, comenta.
Apesar de todas discussões e climas desfavoráveis que
se formaram devido à falta de bom senso do casal em al-
guns momentos, a situação, com o passar do tempo, foi se
abrandando e hoje a questão time não interfere mais tanto no
ambiente familiar e no cotidiano do relacionamento. Quem
brecou as brincadeiras com o time rival primeiro foi a An-
dréa, que, numa situação oportuna, pediu ao marido, Adil-
son, que não a provocasse também. Eles não tiveram uma
conversa sistemática, não sentaram para tratar o tema, mas a
compreensão e o exercício do bom senso fez com que ambos
tomassem a consciência de não provocar mais o outro. "Nós
só tivemos chateações de momento. Era mais a Andréa que
ficava de bico. Mas nunca rompemos ou brigamos de verda-
de por conta disso, ainda bem", conta Adilson Garcia.
Apsicóloga Simone Domingues explica que, em algumas
situações, evitar a discussão é uma forma de evitar conflitos
e desgastes, e que times de futebol não devem ser encarados
como problemas para um casal, já que a escolha pelo clube
acontece, quase sempre, muito antes do início do namoro.
“Agora, problemas que vão surgindo no decorrer do relacio-
namento, sim, devem ser conversados, para que a relação
sempre seja transparente e adulta", diz a doutora, que acredi-
ta ser também responsabilidade do casal evitar assuntos em
público ou entre os amigos sobre temas que incomodam o
parceiro ou a parceira. Para ela, a intimidade facilita esse
feeling. “Quando começamos um relacionamento vamos
nos aproximando e iniciamos uma relação de intimidade,
que nos permite antecipar o comportamento do outro e sa-
bermos como proceder para evitarmos situações vexatórias
e constrangedoras. Numa reunião de amigos o objetivo é a
confraternização. Conhecendo nosso parceiro e saben-
do que conversar sobre determinado assunto pode gerar
uma situação constrangedora, devemos administrar essa
questão", diz.
Nos casos mais agudos de incompreensão ou diver-
gências de ideias, que podem estar de fato atrapalhando
a rotina do relacionamento, é importante que um terceiro
interfira no caso e oriente o casal para que a situação seja
ao menos amenizada e, se possível, resolvida de vez. O
contrário disso pode tornar o convívio ainda mais desgas-
tado. “Quando um casal não consegue administrar mais
sua relação, mas ainda se gosta, é importante a ajuda de
outras pessoas. Muitas relações são revistas quando tem
alguém que ajuda a enxergar o que as discussões e de-
savenças não estão permitindo mais ver”, ressalta a Dra.
Simone Domingues.
É importante um resgate no tempo para haver uma
comparação com os moldes dos relacionamentos atuais.
Noutras ocasiões muita gente deixou de expressar seus
devidos desejos, vontades e opiniões por serem diver-
gentes às do parceiro ou parceira. Segundo a Dra. Simo-
ne, as pessoas acreditavam que existia uma alma gêmea
capaz de agir e pensar iguais a elas. “Hoje sabemos que
muitas pessoas se anularam para fazer somente os dese-
jos do outro, sem respeitar sua própria individualidade.
Com o avanço da sociedade e a possibilidade de se ex-
pressar, as pessoas perceberam que podem viver com as
outras, desde que não percam sua individualidade e que
esta seja respeitada”, finaliza.
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