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Março / 2018 - nº 130
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Já reparou como é gostoso observar crianças brincan-
do? Parece que o tempo não existe para elas, não é mes-
mo? Seus gritinhos, a facilidade como caem e levantam, a
alegria com o simples abraço do coleguinha ou o encanto
de um som inusitado de um pássaro que voou perto delas.
Tudo isso nos fascina, pois, em nosso cérebro há a
lembrança deste tempo em que não medíamos a vida, sim-
plesmente a vivíamos, em que não éramos movidos por
promoções ou popularidade e sim, pelo gosto por experi-
mentar a vida em suas cores e sabores.
Ao brincar, a criança exerce sua criatividade livremen-
te. Ela experimenta gostos, prazeres, sons, cria imagens
e até com os aromas ela faz experiências que a entretêm.
O exercício de brincar e criar, porém, não é um mero
passatempo. É um dos exercícios mais importantes que
fazemos na vida. Por meio destas atividades aparentemen-
te simples, aprendemos a inovar, a encontrar soluções, a
viver novos papéis, a lidar com as frustrações, a formar
laços e com isso, áreas do nosso cérebro relacionadas à ca-
pacidade de tomar decisões, à memória, ao raciocínio ló-
gico, à antecipação de consequências e até aquelas ligadas
à empatia e à inteligência emocional são desenvolvidas.
Uma maneira de estimular estas atividades aparen-
temente simples é promover a interação da criança com
livros e brinquedos e/ou brincadeiras. Não por acaso,
grandes empresas entendem a importância e estimulam
essa ação. Um belo exemplo que concretizou estas ideias
foi a campanha “Ler e Brincar” realizada pela empresa
McDonald’s, cujo objetivo é estimular a criatividade e a
imaginação das crianças.
Não seria um exagero dizer que o cérebro como um
todo é aprimorado com o brincar e o criar. Infelizmente,
porém, diversos fatores têm conduzido a uma redução
nesta importante atividade humana. Um estudo baseado
em testes da NASA nos dá números chocantes: aos 5
anos de idade, 98% das crianças se mostram criativas.
Aos 10 anos esta porcentagem cai para 30%, acima dos
25 anos são apenas 2% das pessoas que demonstram
criatividade.
Crianças que crescem em um ambiente que lhes per-
mite e estimula a serem criativas podem ter uma chance
muito maior de obterem sucesso e até felicidade. Isso,
pois, quando chegarem na vida adolescente, em que te-
rão que criar projetos de vida nas diversas áreas da sua
existência, contarão com a percepção treinada e interna-
lizada ao longo dos anos de que a distância entre seus
sonhos e suas conquistas depende em boa parte de sua
própria atitude.
Na fase das paixões, das oscilações e dos impulsos,
contar com um cérebro aberto ao novo, com uma atitude
leve e flexível diante da vida e ter formado laços saudáveis
com amigos dos mais diversos, pode ser a diferença para
uma transição bem sucedida da adolescência para a vida
adulta, pois na hora em que se deparar com as decepções,
quando os planos infalíveis não derem certo, ou no mo-
mento em que precisar ajustar seus desejos aos dados e
fatos da realidade, lá estará ela: a criatividade, que é a base
essencial da resiliência diante da vida.
Imagine agora em sua mente, enquanto lê estas pa-
lavras, a imagem de pessoas empreendedoras, de gente
que você admira, profissionais que foram além, criaram
algo novo ou se reinventaram. Pense agora nos aplicati-
vos que fazem a sua vida mais fácil, mais leve, melhor.
Pense nas empresas, times e equipes de sucesso. Em pra-
ticamente todos estes contextos você verá adultos que
têm muito daquela mesma atitude das criancinhas de que
falamos no começo do nosso artigo. Elas mediram pas-
sos, mas não seus sonhos. Elas pensaram fora da caixa.
Elas ousaram. Elas criaram, pois se permitiram brincar
com as ideias e recriar a realidade. De certo modo pode-
mos dizer que o empreendedor é aquele que “lê” a reali-
dade por novos ângulos e “brinca” com as possibilidades
gerando prosperidade.
Quando é que você tem dedicado algum tempo para
brincar e criar com seus filhos, com seu cônjuge, consigo
mesmo? Nós temos, na prática, a idade que pulsa no cora-
ção. Quantos anos você tem, de verdade?
A criança que brinca,
o adolescente que ousa e
o adulto que empreende
por Leo Fraiman
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