CityPenha setembro2015 - page 28

Setembro / 2015 - nº 100
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Não pensei que uma das músicas que eu mais gostava
de ouvir na juventude fosse servir um dia para refletir o
meu papel como gestor público. No entanto, o passado
literalmente bateu à minha porta e está latente. “A gen-
te não quer só comida, a gente quer comida diversão e
arte”, mas...
A difícil tarefa de elaborar e implantar políticas pú-
blicas que deem conta de suprir todos os direitos sociais
previstos na carta magna não é uma missão fácil. Todavia,
foi o caminho da vida pública que escolhi, da dedicação
constante na busca pela integridade, emancipação e inser-
ção das famílias vulneráveis, definitivamente com todos
os direitos, na sociedade organizada.
Hoje na liderança da Secretaria de Desenvolvimento
Social do Estado, a porta de entrada dos menos favore-
cidos ou invisíveis, reitero uma tese que sempre defendi:
sozinhos não vamos a lugar nenhum!
Devemos cuidar da segurança alimentar, da saúde,
educação, moradia, trabalho, da família, do saneamento
básico, da cultura. Como fazer isso?
Só temos uma saída: articular as diferentes políticas
ofertadas pelo Estado no atendimento àqueles que nada
detêm, bem como a conscientização de todos os cidadãos
para uma vida mais harmoniosa e saudável.
E lá vem ela novamente: “Você tem fome de quê? Você
tem sede de quê? ”
Temos no Brasil uma política nacional de segurança
alimentar, inspirada nas diretrizes da Organização Mun-
dial da Saúde (OMS) a qual estabeleceu que o Estado
provenha a alimentação de qualidade para um desenvol-
vimento saudável.
Nesse sentido, implantamos há 20 anos no Estado de
São Paulo o Projeto Vivaleite e o Bom Prato, considerados
os maiores programas de segurança alimentar do país. Por
meio deles, oferecemos mais de 102 milhões de litros de
leite e 20 milhões de refeições por ano.
Mas será que a oferta de alimentação de qualidade e o
acompanhamento nutricional são suficientes para darmos
conta da segurança alimentar da população?
O Brasil tem 50% da população acima do peso e um
elevado percentual (30%) de obesidade infantil, o que
evidencia a alimentação inadequada, sobretudo pelo fácil
acesso à comida de baixo custo e alta densidade calórica,
além da falta de atividade física.
Quando pensamos em nutrição, devemos ter em mente
que essa palavra significa o bem-estar físico, psíquico e
social da pessoa.
Atualmente os esforços estão voltados para ações de
prevenção, de modo que hábitos e comportamentos sejam
adequados para uma vida saudável. Precisamos ampliar,
com isso, ações públicas de conscientização para todos.
E volta a música: “desejo, necessidade, vontade, ne-
cessidade, desejo”.
São tantos desejos, necessidades, vontades e compro-
missos que ainda temos um longo caminho a percorrer.
Tenho trabalhado para contribuir com a inserção produtiva
das famílias e investir em ações preventivas e interseto-
riais que permitam a autonomia nas escolhas de cada um,
haja vista vivermos num país multicultural.
O papel de empoderar as famílias por meio de po-
líticas públicas é somente do Estado? Ou será que se a
sociedade mudar o olhar sobre os menos favorecidos não
avançaremos para um Brasil mais humano,
justo e solidário?
“A gente não quer só dinheiro, a gente
quer dinheiro e felicidade; a gente não quer
só dinheiro, a gente quer inteiro e não pela
metade...”
Floriano Pesaro
• Secretário de Estado de Desenvolvimento Social
Você tem fome de Quê?
O
pinião
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