CityPenha setembro2015 - page 48

Setembro / 2015 - nº 100
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Luiggi Francesco
conhecido como
Tchesco
• Ator e produtor teatral
– administrador do Teatro Bibi Ferreira, está em cartaz no espetáculo “As
Filhas da Mãe” do autor Ronaldo Ciambroni.
O
pinião
Artista não vem de
berço e sim dos Palcos
Artista, palavra que define “Arte” em todos os seus as-
pectos em torno da cultura, seja branca, parda, preta, amare-
la em todas as suas etnias. Ser artista é gerar de um simples
sorriso a um belo aplauso! Nós artistas somos encarregados
de fazer brilhar e expressar a felicidade em todas as pessoas
que se simpatizam com o prazer de ser feliz ou simplesmente
relaxam ao ver um artista se expressando de todas as formas!
O Teatro surgiu há muito tempo atrás, segundo os estudio-
sos foi a segunda profissão a surgir, quando os governantes
usavam pessoas que tivessem boa desenvoltura para levar ao
povo suas mensagens e até hoje é praticada nas ruas, praças,
palcos de mais diferentes tamanhos e formas.
Hoje é um ensinamento restrito em poucas escolas que
sobrevivem ensinando a arte de interpretar. Na década de 70
lembro que na escola pública onde estudei tínhamos aulas de
teatro e todos éramos obrigados a participar. Isso fazia com
que os alunos se tornassem mais amigos e desenvoltos, con-
tribuindo para terem melhor resultado na continuação de suas
vidas, ajudando com uma comunicação melhor e um melhor
entendimento do dia a dia, pois a nossa vida é um grande espe-
táculo, onde o roteiro é escrito todos os dias por nós mesmos.
O Teatro surgiu em minha vida na década de 1980 quando
ainda morava na região leste de São Paulo. De família humil-
de, mas com determinação, busquei conhecer a arte de inter-
pretar. Inicialmente no circo, me tornei um palhaço de circo,
onde aprendi um pouco sobre a arte de interpretar um perso-
nagem. Busquei conhecimento e me tornei um ator de teatro.
Confesso que achei que seria fácil, mas não é. Pelo contrário é
muito difícil! Eu tinha que decorar e estudar sobre cada pala-
vra escrita por um autor, a pessoa que cria de sua imaginação
textos e personagens para enobrecer suas histórias. Depois de
decorado o texto, tinha ainda que criar o personagem e assim
descobrir que tipo físico, voz, atitudes e ações se encaixa com
os demais personagens para dar o melhor resultado cênico. Se
não bastasse ainda, tinha que ser aconselhado e dirigido pelo
diretor escolhido, o profissional que distribui e organiza ce-
nicamente os espetáculos, determinando assim trilha sonora,
figurino, atores, luz cênica e todas as necessidades para que
um espetáculo fique perfeito para ser apresentado ao público.
Com tudo isso ainda temos que rezar para ter público para
apreciar nosso trabalho. Cabe ao produtor do espetáculo fazer
de tudo para divulgar e chegar ao conhecimento do grande
público que aquele espetáculo está em cartaz.
Fazer teatro não é fácil, é como remar na areia. As vezes
fazemos tudo isso e não conseguimos ganhar nem para pagar
a condução que pegamos, e trabalhamos pelo prazer e a von-
tade de encenar.
O Teatro é um dos braços da cultura que mais sofre pre-
conceito e nem sempre conseguindo atingir um objetivo do
sucesso. O grande público sempre buscou ver grandes es-
trelas da TV nos teatros e acaba se esquecendo que o ator
tem que ter talento e determinação para mostrar a ele sem-
pre o melhor.
Mesmo assim nós atores que amamos a arte de interpretar,
levamos como se fosse uma religião, buscando a realização
pessoal e nos presenteando com qualquer quantidade de públi-
co e de apoio ao um espetáculo. Não tem coisa melhor para os
profissionais envolvidos na criação de um grande espetáculo
teatral do que ver uma plateia lotada e todos de pé aplaudindo
o nosso trabalho.
Hoje tenho uma carreira de 30 anos de encenação entre
teatro, publicidade, programas de Televisão, cinema e nove-
las. Muito estudo e dedicação pois sabia que não bastava ter
talento e desenvoltura, tinha sim que apreender com o palco
e com os mestres nos quais me espelhei como Ronald Golias,
Teobaldo (guarda Juju), Lilico (tempo bom, não volta mais)
Jorge Lafond (Vera Verão) Carlos Alberto de Nóbrega, Cana-
rinho, Felipe Levotto, Moacir Franco, Maria Tereza, Antonio
Fagundes, Saulo Laranjeira, Lima Duarte e muitos outros ar-
tistas que pude dividir palco, cenas ou simplesmente ser figu-
rante de suas atuações. Adoraria ter feito uma faculdade de
arte cênicas para me aperfeiçoar, mais me contento com os
professores com quem apreendi que o palco é lugar de respei-
to e determinação. Atores e atrizes com quem dividi o palco
como Ronaldo Ciambroni (um mestre inigualável), Orlando
Vieira, Lourdes de Moraes, Geórgia Gomide, Valeria Lurci,
Valderez de Barros, Oswaldo Mendes, Kaka de Lima e muitos
outros amigos nos mais de 118 espetáculos como ator e cerca
de 23 espetáculos produzidos.
Ser artista é viver várias profissões e vidas, podemos mor-
rer cenicamente, casar, ser homem, ser mulher, ser animais
e muito mais, mas somos só e simplesmente “Artistas”, e
acredito que o artista não nasce do berço e sim de muita de-
terminação e muita
presença de palco!!
Independente
de qual seja sua es-
colha de profissão,
lute e busque ser
UM e não simples-
mente Mais Um.
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