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Especial 10 anos / 2016
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como microfone uma lata de extrato de tomate. Era uma
brincadeira, claro. Mas aquela cena chamou a atenção do
pai, que o apresentou, com 17 anos, a alguns conhecidos
da Rádio Clube de Sorocaba, na qual integrou a equipe
de esportes por quatro anos, antes de vir para São Paulo
para atuar na Jovem Pan, onde está desde 1982 e nar-
rou grandes eventos esportivos. Entre o futebol e o au-
tomobilismo, Nilson trabalhou nos três títulos de Airton
Senna, em Copas do Mundo e em diversos jogos mar-
cantes. Entre os mais recentes está a narração do 100º
gol do Rogério Ceni, contra o Corinthians, em 2010, e
os dois gols do próprio Corinthians na conquista inédita
e invicta da Copa Libertadores da América, em 2012.
Entretanto, Nilson procura enxergar sempre o próximo
como o melhor jogo de sua vida; o que ainda está por vir,
que ainda vai narrar. E diz que este é segredo de um bom
profissional. “Para chegar num patamar de titular de es-
portes da Pan não é fácil. Para manter-se é mais difícil
ainda. Por isso o jogo mais importante é o próximo que
se vai fazer”, comenta Nilson.
O contrato de trabalho de Nilson César pela Jovem
Pan era temporário, somente até o término da Copa do
Mundo de 1982. A equipe titular daquela época, forma-
da por José Silvério, Edemar Anuzeck e o José Carlos
Guedes, tinha ido para a Espanha cobrir a competição. E
Nilson foi incumbido de fazer a cobertura neste período
aqui no Brasil. A surpresa veio com o fim da Copa. “Eu
acabei agradando eles [direção da rádio] e, em vez de
ser dispensado, fui contratado. Estou aqui há 31 anos”,
lembra o narrador, que reafirma a necessidade de jamais
achar que já sabe tudo, pois sempre há coisas novas para
se aprender, mesmo com os novatos. “É sempre uma tro-
ca de experiências entre os mais velhos e os mais no-
vos”, destaca.
Marcas e os desafios da narração
“Tá na rede”, “Tirulirulá, tiruliruli, e que gol”, “Pelas
barbas do profeta”, “Abrem-se as cortinas e começa o
espetáculo”, “Ripa na chulipa e pimba na gorduchinha”,
“E que gol”. Esses são alguns dos mais famosos bordões
criados por narradores brasileiros. Os bordões servem,
muitas vezes, como uma marca particular de cada profis-
sional da narração esportiva para chamar a atenção dos
torcedores. E é importante no rádio para que o ouvinte
possa identificar o profissional que está trabalhando na-
quela partida, já que não há o recurso da imagem, como
acontece nas transmissões feitas pela TV. Muitas dessas
frases de efeito são criadas sem prévia intenção, como no
caso do emblemático “Eeeeee queee gooool”, expressada
por Osmar Santos. “Foi numa rádio de Marília. Eu estava
junto com ele. Na hora gol ele deu uma engasgada, mas
acabou emendando. E ficou legal, ele gostou. Ou seja, o
que foi quase uma falha virou uma marca maravilhosa”,
garante Oswaldo Maciel, narrador da equipe de esportes
da rádio Transamérica e amigo de Osmar Santos.
Maciça também tem seus bordões. Entre eles, o mais
conhecido e admirado pelos ouvintes é o “Táááá naaa
rede”, que antecede o grito de gol na transmissão. “O ‘tá
na rede’ acaba sendo uma coisa diferente. Porque quase
todo narrador grita gol direto”, diz Maciel, que explica
que suas frases são, algumas vezes, criadas por acaso,
sem pensar antecipadamente. “Às vezes surge na hora.
Oswaldo Maciel
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