CityPenha Abril 2017 - page 21

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Abril / 2017 - nº 119
suíte
Presidencial Cine
suíte
Night Vip
Av. Condessa Elizabeth Robiano, 1792
(a 250 m da Ponte do Tatuapé)
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vejas e os copos ao meu lado, aguardando a sua visita. Sente-se! Sergei viu
uma poltrona de tecido de fundo bege, estampas floridas e babados cobrin-
do os pés voltada para a lareira e, virando-a de frente para Anthony, sentou.
Por alguns momentos olharam-se olhos nos olhos e na mente de ambos
surgiram as imagens de todas as missões em que atuaram lado a lado ou
em lados opostos. Desculpe-me, disse Anthony. O russo levantou-se, pegou
uma cerveja e girando a tampa a abriu, olhou para o rótulo e leu “Péché
Mortel”, então disse, bem apropriada a cerveja, afinal de quantos pecados
mortais somos culpados! Anthony sorriu, pegou a outra garrafa abrindo-a
com a mão e levou-a à frente num gesto de brinde sendo tocada pela garrafa
que estava nas mãos de Sergei; o qual teve de se levantar para isso.
Beberam um gole e as abaixaram. Sergei voltou a sentar e perguntou ao
oponente, o que deu errado naquele dia. Ele respirou fundo e respondeu,
acho que tudo...minha missão era vigiar você e impedir que os líbios o
neutralizassem; mas, eu e minha equipe chegamos tarde..., e o resto você
sabe melhor do que eu. Com uma lágrima no rosto o russo emendou, esse
pequeno atraso custou a minha família e, além dos líbios, eu também o
responsabilizo por isso, compreende! Sem tirar os olhos dos olhos do russo
o americano assentiu com a cabeça e bebeu outro gole de cerveja. O russo
continuou, você e sua agência incomodaram muita gente no meu país, e
eles o querem neutralizado o mais rápido possível. Quando você se afastou,
imaginávamos que estivesse se preparando para uma nova ação, não tínha-
mos ideia de que estaria morrendo. O americano sorrindo disse, é a ironia
de nosso trabalho, passamos anos e anos nos expondo ao perigo e, quando
menos se espera, o que vai acabar contigo estava sempre dentro de você.
Sergei colocou a mão no bolso do casaco e retirou a Makarov com o si-
lenciador, colocando-a em seu colo. Anthony olhou o movimento e apenas
assentiu com a cabeça, quando o russo falou, porque veio
para esse lugar? O americano deu uma olhada ao redor
da sala e respondeu, esse país foi a pátria de minha mãe e
por um tempo fui feliz aqui com ela, até meu pai ter que
retornar para os Estados Unidos. Teoricamente a agência
não sabe que estou aqui, apenas um amigo muito ligado.
Eu escolhi assim e sabia que você me acharia. Na verdade,
pedi que esse amigo vazasse a informação.
O russo pegou sua arma e apontou para o america-
no. Por uns dez segundos a tensão se fez sentir na sala; o
americano olhava-o fixamente nos olhos, quando o russo
disse, Eu o entendo... Antes de vir para cá recapitulei tudo
o que aconteceu naquele dia, inclusive tive uma “boa con-
versa” com os líbios que planejaram o ataque; e, o atra-
so teria acontecido com qualquer um, inclusive comigo.
Nem sua agência nem a nossa conseguiram prever a pe-
quena alteração no plano deles para aquela missão. Então,
não! Termine sua cerveja e adeus!
Ele guardou a pistola no bolso, andou até a porta da
entrada, a abriu, saiu e a fechou. Seguiu para o veículo,
ligou-o e foi embora de volta ao aeroporto. Defronte à
lareira, Anthony bebeu o último gole de sua Péché Mor-
tel, deu um suspiro, sua cabeça reclinou para a direita e a
garrafa caiu de sua mão...
Roberto de Jesus Moretti
• Bacharel em Direito pela Universidade
de São Paulo, Doutor em Ciências Policiais de Segurança e Ordem
Pública.
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