CityPenha dezembro 2015 - page 29

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Dezembro / 2015 - nº 103
E
ntrevista
sos que, na maioria, tem uma renda fixa de previdência. Isso mostra que
parte dessa renda está sendo consumida pela inflação. O idoso hoje não
compra 100% do que ele comprava há 1 ano atrás, hoje ele compra de 87
a 90% do que comprava. Em 2 anos eles estarão 20 a 25% mais pobres
e com a mesma renda, o que vai se refletir no aumento da procura por
serviços sócio assistenciais.
CityPenha:
As pessoas estão efetivamente perdendo poder de compra?
Floriano:
O que está acontecendo, em especial com a nova classe mé-
dia, que foi tão propalada nos últimos 12 anos do Lula e do petismo é
que ela nunca existiu de fato, do ponto de vista conceitual, do ponto de
vista educacional, e simplesmente do ponto de vista do consumo bási-
co. Quando você tem inflação e desemprego, essa chamada nova classe
média imediatamente retorna a sua origem, D e E, que é a origem da
pobreza. Isso porque eles perdem capacidade de consumo, só que não
aproveitaram esses 12 anos para melhorar o seu nível educacional.
CityPenha:
E por consequência eles tem menos oportunidades agora
nesse momento de crise?
Floriano:
Quando o mercado aperta, permanece quem tem maior es-
colaridade. Mesmo os jovens que entraram em programas como FIES
e PROUNI hoje estão sentindo por terem feito faculdades de segunda
e terceira linha. Estão com dificuldade de se manter no mercado. O
que nós estamos fazendo, e isso é uma ação do Estado integrada com
outras políticas, é procurar apoiar a capacitação e a formalização desse
jovem novamente no mercado de trabalho, através de uma formação
mais técnica, dando subsídios a ele do ponto de vista da educação. O
governador Alckmin sempre afirma que é mais importante ensinar a
pescar do que dar o peixe, enquanto as políticas sociais do governo
federal têm se mostrado mais do tipo “sempre dar o peixe”, e isso de
alguma forma acaba deixando refém um conjunto enorme de pesso-
as, que se tornam cada vez mais dependentes. Ou seja, essas políticas
sociais se assemelham a uma dependência química, quanto mais você
precisa dela mais você fica dependente. Aqui no estado de São Paulo
estamos fazendo o inverso, politicas com prazo determinado e com
uma ação muito forte em uma tentativa de emancipar as pessoas e não
deixá-las reféns da pobreza.
CityPenha:
Diante desse quadro como equilibrar a balança para conse-
guir atender a demanda?
Floriano:
Para ter recursos para essas ações e diante da brutal queda de
arrecadação que o Estado vem sofrendo o governador Alckmin propôs
um pequeno aumento do percentual no ICM cobrado da cerveja e do
cigarro e em compensação reduziu o percentual do ICM de 18 para 12%
dos remédios genéricos que passam a ter no estado de São Paulo o menor
preço do Brasil. O governador zerou o ICMS do arroz, do feijão e da
areia que é o combustível da construção civil.
E criou o Fundo de Combate à Pobreza. Esse fundo que será formado
com 2% da arrecadação adicional sobre a cerveja e o fumo nos ajudará
a ampliar os programas sociais nesse momento de aumento da deman-
da dos mesmos. E também vai ajudar a equilibrar as contas do Estado
no que se diz respeito aos programas sociais. Nós não queremos cortar
nenhum programa social, queremos manter e amplia-los, e é claro criar
novos programas voltados a educação, porque nós só acreditamos no
desenvolvimento humano com a educação.
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