CityPenha Fevereiro 2014 - page 12

Fevereiro / 2014 - nº 81
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mais participativos aprofunda o sentimento de não perten-
cimento.
O que acontece: Existem as crianças extrovertidas,
como também as tímidas. O respeito à personalidade de
cada uma é essencial para o processo de adaptação e o di-
reito à timidez precisa ser assegurado.
Como podem agir os educadores: As estratégias para
integrar as crianças devem ser procuradas pelo conjunto
de educadores e, certamente, com a ajuda dos pais. Para
tanto, uma entrevista do coordenador pedagógico com os
familiares sobre as preferências dos filhos é fundamental.
Esse material será cruzado, durante a formação, com os
registros de classe, relatórios de adaptação e portfólios. O
que está sendo proposto atende às necessidades da crian-
ça? É possível também fazer visitas à sala ou gravar vídeos
para perceber as práticas que funcionam melhor para cada
criança e para o grupo.
Mito 3
Na Educação Infantil, todos precisam ser amigos
"Que coisa feia! Dá a mão para o seu colega." Fazer
com que as crianças se tornem amigas não é tarefa da es-
cola, mas ensinar a conviver é um conteúdo imprescindí-
vel na Educação Infantil. Nem crianças nem adultos são
amigos de todas as pessoas que conhecem e não por isso a
convivência pessoal ou profissional é inviável. O papel do
professor é incentivar e valorizar o que as crianças têm em
comum. A escolha sobre com quem elas desejam ter uma
relação mais próxima é absolutamente dela.
O que acontece: No período de adaptação, primeiro há
a criação do vínculo para que o trabalho escolar aconteça.
Ele deve estar baseado no respeito entre as crianças e entre
elas e os professores. Aos poucos e naturalmente, a afeti-
vidade vai sendo construída baseada nas afinidades dentro
do grupo.
Como podem agir os educadores: Os educadores de-
vem intervir apenas quando a amizade prejudica a parti-
cipação nas atividades (por exemplo, quando uma criança
só quer ficar com alguns colegas e se isola do coletivo).
O professor precisa desenvolver um olhar atento sobre as
situações ideais para explorar os gostos comuns em favor
da aprendizagem. É interessante investir na criação de
oportunidades para que os pequenos se apresentem e falem
dos seus objetos preferidos e discuta as situações reais que
acontecem em sala.
Mito 4
Quando estão integrados ao grupo, os pequenos não
choram mais
Basta chegar à escola que as lágrimas aparecem. Se a
mãe vai embora, elas aumentam. Na hora de brincar, de
comer, de ler, choro. Muitos professores ficam desespe-
rados e tentam distrair a criança mostrando imagens ou
arrastando-a para um canto com brinquedos. Um engano,
pois essa atitude pode atingir o objetivo imediato que é
acabar com o choro, mas não resolve o problema.
O que acontece: Essa manifestação é apenas um sin-
toma do desconforto da criança. Interpretar esse e outros
sinais como inapetência e doenças constantes é fundamen-
tal durante a adaptação. O que eles significam? Por outro
lado, a ausência do choro não quer dizer que a criança
está necessariamente se sentindo bem: o silêncio absoluto
pode ser um indicador de sofrimento.
Como podem agir os educadores: Uma criança que
passa longos períodos chorando necessita de acompanha-
mento mais próximo. Na falta de auxiliares, ele pode ser
feito pelo próprio coordenador até a criança se sentir mais
segura. Ajuda também ter um plano para receber bem as
crianças na primeira semana de aula. O uso de tintas, água
e brincadeiras coletivas variadas é um exemplo de práti-
cas atraentes que ajudam os pequenos a se interessar pelo
novo espaço. Fazer uma orientação programada para que
as crianças tragam objetos de casa como fraldas, panos e
brinquedos, que vão sendo retirados paulatinamente, auxi-
lia a reduzir a insegurança.
Mito 5
A presença dos pais nos primeiros dias só atrapalha
a adaptação
Na porta da sala, uma dezena de pais se acotovela que-
rendo ver os filhos em atividade. A cena, pesadelo para
muitos professores de Educação Infantil, que não sabem
se dão atenção às crianças ou aos adultos, é representativa
de um elemento essencial para que a adaptação aconteça
bem: a boa integração entre a família e a escola, que deve
acontecer desde o começo do relacionamento.
O que acontece: Nem todo pai ou mãe conhece as fases
de desenvolvimento da criança e as estratégias pedagó-
gicas usadas durante a adaptação. Eles têm direito de ser
informados e essa troca é fundamental na transição dos
pequenos do ambiente doméstico para o escolar. A ansie-
dade dos pais vai diminuir à medida que a confiança na
escola aumenta e isso só acontece quando há informações
precisas sobre a trajetória dos pequenos.
Como podem agir os educadores: É função do coor-
denador pedagógico acolher as famílias, fazer entrevistas
para conhecer a rotina da criança e explicar o funciona-
mento e a proposta pedagógica da escola, além de esta-
belecer um combinado sobre a permanência dos pais na
unidade durante a adaptação.
Um guia de orientação para os pais com dicas simples
como conversar com a criança sobre a ida à escola, a im-
portância de levá-la até a sala e de chegar cedo para evitar
tumulto pode evitar problemas. Além disso, desenvolver
um relatório de distribuição periódica, com informações
sobre os progressos na aprendizagem e na socialização das
crianças ajuda a aplacar a ansiedade dos pais.
V
olta às aulas
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