CityPenha Fevereiro 2014 - page 14

Fevereiro / 2014 - nº 81
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Há quem estranhe, olhe diferente, com espanto ou
curiosidade quando se depara com a conversação entre
deficientes auditivos dentro do transporte público, em
parques e centros comerciais. Todos aqueles gestos fei-
tos com as mãos, que para os leigos parece não haver
muito sentido, são a forma mais efetiva de comunicação
entre os surdos e deficientes auditivos. Apesar do pouco
conhecimento e acesso da população, a Língua Brasileira
de Sinais (Libras) é a segunda língua oficial do Brasil,
atrás apenas do nosso português. E é essa comunicação
gestual que possibilita a interação e integração entre a
comunidade surda com os ouvintes. Segundo o Censo
de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), cerca de 9,7 milhões de brasileiros possuem de-
ficiência auditiva, o que representa mais de 5% de toda a
população do país.
Mesmo com tanta gente que precisa da Língua Brasi-
leira de Sinais como forma de comunicação, são poucos
os ouvintes que procuram por escolas especializadas no
tema para se qualificarem e conseguirem compreender e
ampliar o leque de comunicação. Hoje em dia, possuir
curso de Libras não só é uma importante ferramenta de
integração social, possibilitando maior interação entre as
camadas sociais – neste caso, os surdos e os ouvintes –,
como também é um diferencial no currículo. O mercado
de trabalho para os profissionais de LIBRAS está em to-
tal expansão. Quem quer seguir a área precisa concluir o
curso de no mínimo 120 horas de Libras e, se possível,
procurar por pós-graduação em Educação Especial e cur-
sos complementares de expansão e técnicos. Há também
instituições espalhadas pela cidade que oferecem cursos
básicos Libras.
Segundo o professor coordenador do curso de Libras
da Universidade Federal do Pará (UFPA) Rafael Dias
Silva, 37, há muitos espaços públicos e privados que ne-
cessitam de profissionais qualificados para a função de
intérprete. “Os profissionais podem atender escolas, uni-
versidades, centros religiosos, repartições públicas de
atendimento ao cidadão, unidades de saúde, trabalhar em
recrutamento e seleção. Empresas de vários setores hoje
estão contratando profissionais que tenham esse conheci-
mento. O momento é este para entrar na área”, diz. A Lei
número 10.436, de 24 abril de 2002, garante o atendimen-
to especializado aos deficientes auditivos e regulamentou
a Libras como segunda língua oficial brasileira. Porém,
como a formação de profissionais preparados para atuar é
ainda pequena, existe um déficit no setor e, consecutiva-
mente, no auxílio aos que precisam desse tipo de serviço.
“Infelizmente os esforços para garantir o acesso da comu-
nidade surda aos serviços públicos, de cultura e educação
Segunda língua oficial do país,
Libras tem como objetivo
integrar surdos e ouvintes
D
estaque
por Arilton Batista
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