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Fevereiro / 2014 - nº 81
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ainda são insipientes. Existe uma dificuldade em contratar
profissionais. Os que estão trabalhando já não conseguem
absorver a demanda de serviços. Espero que daqui alguns
anos este cenário seja alterado. Os futuros profissionais
estão estudando agora”, comenta Silva.
Uma das maneiras de incentivar e promover uma in-
tegração maior entre os surdos e os ouvintes certamen-
te seria a disponibilização de aulas para todos os alunos
das redes de ensino público e também particular. Para o
professor Rafael Dias Silva, se os colégios oferecessem
o curso, mesmo que de forma optativa, seria promovido
um grande avanço no sentido de inclusão. “Poderiam ser
incorporados não somente a Libras, mas também aspectos
de outras deficiências, como dislexia, cegueira, déficit de
atenção e outras. Hoje, em decorrência da inclusão esco-
lar, os alunos devem aprender a conviver e respeitar as di-
ferenças. E, conhecendo as limitações dos colegas, podem
também ajudar”, diz.
Além das atividades na UFPA, Rafael Dias Silva dá
aula de Libras na Escola de Artes, Ciências e Humanida-
des da Universidade de São Paulo (EACH - USP Leste)
e é professor interlocutor de Libras na Escola Estadual
Dom João Maria Ogno, no bairro de Vila Esperança, em
São Paulo, onde teve a oportunidade, no ano passado, em
D
estaque
2013, de ministrar aulas para alunos ouvintes e mais três
alunas surdas que já participavam das atividades. Foi um
projeto a parte. “O resultado foi maravilhoso, pois as alu-
nas surdas começaram a interagir com seus colegas em
sala de aula e no horário de intervalo. Todos ganham nesse
processo. De um lado, ouvintes aprendem uma nova lín-
gua e compreendem melhor as diferenças humanas. Por
outro, a comunidade surda ganha liberdade de transitar
nos locais e percebem que sua cultura é valorizada”, ex-
plica o educador.
A ausência de profissionais qualificados em escolas,
faculdades, unidades de saúde, centros comerciais e ins-
tituições em geral causa, sem dúvida, um retrocesso no
sentido de acessibilidade e, no geral, pode até ser uma ma-
neira de discriminar quem necessita de um atendimento
específico e que hoje é insuficiente. “Acredito que no mo-
mento que eu não ofereço acesso aos serviços públicos,
quando um surdo procura uma unidade de saúde e não en-
contra ninguém que saiba sua língua para proporcionar um
atendimento de qualidade, quando um aluno fica invisível
nas escolas por falta de interpretes, a sociedade está dis-
criminando. Por mais que nos últimos anos existam me-
lhorias que devam ser exaltadas, infelizmente falta infor-
mação por parte das pessoas”, ressalta o professor Rafael.
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