CityPenha Fevereiro 2016 - page 28

Fevereiro / 2016 - nº 105
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Profissão de comediante une
risos e prestação de serviços
Em 26 de fevereiro comemora-se o Dia do Comedian-
te, profissional que tem como tarefa fazer as pessoas ri-
rem e se divertirem, seja por meio de piadas, palhaçadas,
danças, personagens; no teatro, na TV, na rua, no bar, na
escola, na biblioteca ou até no hospital. O sinal mais cla-
ro de que o comediante realizou seu trabalho bem feito é
quando o público está contente, feliz. Os que acreditam na
máxima de que "a gente oferece aquilo que tem" devem
crer também que comediantes e humoristas possuem mui-
to bom humor e felicidade quase que constantemente, já
que são estes sentimentos e matéria-prima para o sucesso
do trabalho. Entretanto, acordar para trabalhar todos os
dias com bom humor, alegre e disposto, sem problemas
familiares, financeiros e de saúde é praticamente impos-
sível. E sãos esses os momentos de maior desafio na vida
dos profissionais do humor.
Atores e atrizes que atuam para o público pagante ou
não, mas que está em busca de diversão, é naturalmente
uma atividade que exige muito do profissional. Levar ale-
gria e transformar o dia de enfermos dentro de hospitais é
ainda mais desafiador e faz parte da rotina dos palhaços
da ONG Hospitalhaços, de Campinas (SP). A organização
foi criada em 1999, atende hoje 22 hospitais no interior
de São Paulo e conta com mais de 300 voluntários que
se dividem entre palhaços humanizadores, brinquedistas,
administração, equipes de apoio, comunicação e triado-
res. O dia a dia da ONG é, basicamente, inserir a figu-
ra do palhaço dentro de hospitais e criar uma atmosfera
menos pesada, mais atraente e descontraída tanto para os
pacientes quanto para familiares e equipe médica. As ati-
vidades lúdicas executadas pelos Hospitalhaços envolvem
brinquedotecas e oficinas de artes plásticas, o que cria e
amplia as condições de bem-estar e diversão.
Levar a felicidade para pessoas que teoricamente têm
motivos para estarem indispostas ao riso fácil pode não
ser um exercício simples, ainda mais quando o próprio co-
mediante ou humorista não está num dia bom ou num mo-
mento favorável; com mau-humor, descontente ou infeliz.
Segundo a psicóloga Dra. Letícia de Oliveira, especialista
em análise do comportamento, o fato de o comediante ter
de fazer alguém rir não está ligado ao estado de humor
em que ele mesmo se encontra naquele momento. "Você
não precisa estar de bom humor para poder fazer alguém
rir, assim como não precisa estar triste para fazer alguém
chorar. O ator aprende a entender as emoções e treina
muito para demonstra-las mesmo sem estar as sentindo.
O segredo nem sempre está no real humor do humorista;
o segredo de fato está na habilidade dele em modificar as
emoções de seu público", diz.
Na Hospitalhaços os atores passam por uma orienta-
ção específica, justamente por terem um foco diferenciado
de atuação, se apresentando para pessoas em
condições limitadas de saúde. "Em nosso
treinamento fazemos muito esta reflexão,
sobre os mais diversos sentimentos e que a
rejeição, a dor e tristeza permeiam o ambien-
te. Por estes motivos temos de estar alertas
e preparados para qualquer coisa", comenta
Mário Eduardo Paes, membro do Conse-
lho Municipal dos Direitos da Criança e do
Adolescente em Campinas, voluntário da
Associação Hospitalhaços desde 2001 e res-
ponsável pela coordenação geral dos proje-
tos da ONG desde 2009. Paes complementa
ressaltando que a técnica para lidar com a
situação é saber das diversas possibilidades,
dificuldades e lembrar que se propôs a estar
ali naquele momento. "É lembrar que o ou-
tro precisa daquilo", destaca.
Muito se questiona sobre dom e apren-
dizado, principalmente nos ramos artísticos.
No caso da Hospitalhaços, por exemplo, não
D
estaque
por Arilton Batista
fotos: Divulgação
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