CityPenha Fevereiro 2016 - page 20

Fevereiro / 2016 - nº 105
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A História do Rock na
Penha De França
D
estaque
Nos anos 50, com a descoberta da bomba atômica pelos so-
viéticos, o medo se espalhou pelo mundo com a ameaça de uma
guerra nuclear entre as duas potências rivais, os EUA, até então
os únicos detentores desta arma, e a URSS, acusada de roubar
os segredos para a sua fabricação. Nessa atmosfera surge o mo-
vimento beatnik associado ao movimento antiguerra contra a
nuclearização do planeta. A “trilha sonora” destes movimentos
era o Rock and Roll com efeitos sociais massivos e mundiais
influenciando estilos de vida, moda atitude e linguagem. Foi o
primeiro estilo musical nos EUA que agradava jovens brancos e
negros o que contribuiu bastante para os movimentos dos direi-
tos civis naquela nação. De fato, o rock nasceu numa mixagem
da música do negro americano, o blues, e a música country dos
descendentes irlandeses. As primeiras gravações do rock and roll
foram produzidas por músicos negros, como Jackie Brenston e
os Delta Cats. Seguiram naquela década grandes sucessos de
brancos como Bill Haley, negros como Little Richard e o período
que já não se notava mais a cor da pele com Elvis Presley, Chuck
Berry e Jerry Lee Lewis.
Assim como a mú-
sica clássica erudita
tornou-se universal por
incorporar sons e estilos
de diferentes culturas,
como a música brasi-
leira de Villa-Lobos, o
rock, como é chamado
hoje, é a síntese musical
do planeta Terra de hoje
por também incorporar
as diferenças regionais,
culturais e até de gera-
ções. Nos dias de hoje
ele pode ser ouvido
num templo religioso,
numa abertura de jogos
olímpicos, num festi-
val gastronômico, num
movimento ecológico,
político, e até como
hino nacional, como o
da Argélia, criado como
uma canção de luta pela
independência.
O rock não é ape-
nas um gênero musi-
cal popular com linhas
melódicas subordinadas à um determinado ritmo.
Possibilita também a erudição de instrumentos em
concertos. Na década de 50 houve uma populari-
dade da guitarra elétrica e com ela grandes expo-
entes como Chuck Berry, Link Wray e Scotty Mo-
ore. Nos anos 70, o rock reuniu milhares de fãs no
famoso concerto de Woodstock para ouvir Jimmy
Hendrix e protestar contra as guerras.
O rock influenciou também os músicos de
academia e conservatórios musicais. Jovens que-
riam inserir seus conhecimentos eruditos no rock
surgindo o movimento progressista na Europa.
The Beatles é o símbolo desta transição. Come-
çam com o tradicional rock and roll, passam pela
erudição de Sargent Peppers e culminam com
um rock jazzista mais elaborado de Abbey Road.
John Lennon despontou para o mundo como um
fanfarrão do “ié-ié-ié”, e morre assassinado como
um grande líder pacifista.
O rock chegou ao Brasil pela cidade de São
Paulo em 1959. Os primeiros sucessos do rock
genuinamente brasileiro foram “Banho de Lua” e
“Estúpido Cupido” de Celly Campelo. A televisão
popularizaria o rock brasileiro pelos programas da
Jovem Guarda de Roberto Carlos na era de ouro da
TV Record.
Na Penha, o rock chegou na época dos Beatles
nos anos 60. Na colina houve uma proliferação
do rock de garagem, aquele formado por colegas
de escola ou amigos de rua que ocupavam a gara-
gem da casa de alguém e formavam sua banda. O
rock tinha este tipo de contágio: não bastava ou-
vir, era preciso tocar. As bandas tocavam Beatles
ou Rolling Stones, mas isto também não bastava.
Precisava também compor. Criar. Algumas bandas
de garagem chegaram a tocar nas matinês do Clube
Esportivo da Penha como “Os Caveiras” e “Os Su-
plentes” com repertório próprio, ou seja, rock pe-
nhense. Infelizmente, na época, não havia tecnolo-
gia de alcance popular. Estas bandas não deixaram
nenhuma gravação.
Em 1972, numa simples porta de comércio,
próximo ao que hoje é a Padaria Água Viva no
Jardim Popular, nascia a LED SLAY, iniciativa
de Sandro, Mauricio e outros jovens. Mas foi na
AV Celso Garcia, 5765 que a casa tornou-se uma
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