CityPenha Fevereiro 2016 - page 26

Fevereiro / 2016 - nº 105
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Deixe a felicidade bater
em sua porta
O
pinião
Quero aproveitar esse momento e fazer um agradeci-
mento aos meus pais que com sabedoria, ensinaram-me
a conhecer, marés, nomes de estrelas, fases da Lua, po-
sição do vento e até cantos dos peixes quando estão em
grandes cardumes.
Com minha falecida mãe, aprendi adubar a terra,
plantar lindas flores guardar sementes maduras e florir o
campo. Em caso de viagem, quando fosse presentear uma
amiga, com uma linda rosa, precisava cultivá-la com sa-
bedoria, tinha que sacrificar alguns botões para que a seiva
fosse diretamente absorvida por aquela rosa e não distri-
buídas com outros botões. Essa rosa seria especial, iria ba-
ter na casa de uma pessoa especial e lhe trazer algo muito
especial, a felicidade que plantei com todo meu amor.
Felicidade para mim tem um significado, para muitos
tem outro. Tive uma experiência incrível no dia 31 de de-
zembro deste ano 2015. Fechei meu comércio e me dirigi
ao Clube Esportivo, meio cabisbaixo na certeza que não en-
contraria nenhum amigo do meu círculo de amizade. Como
sempre, levei um livro. Vou ler um pouco tomar alguma
coisa e esperar o horário de fechar, 16h. Minha luz ficou tão
radiante, quando vi numa mesa, oito amigos
top ten
. Minha
alegria foi tamanha que parecia uma criança que acabara de
receber um pirulito de algum parente. Batia palmas, abracei
todos, beijei seus rostos, agradecendo a todos por estarmos,
juntos, comemorando a felicidade. Naquele dia ela não ba-
teu em minha porta... Eu a encontrei.
Tem pessoas que precisam de muito, como carros,
joias, viagens, para gritar para o mundo que é feliz... So-
mos egoístas, Cristo era feliz e não
tinha onde dormir, nem mesmo
onde repousar sua cabeça.
Não precisamos de muitas
coisas para que
nossos corações
batam mais forte
até encontrar essa
palavra chamada felici-
dade. No meu tempo de criança,
com meus seis a oito anos, minha
felicidade era ver um botão de rosa se
abrir com suas pétalas vermelhas pa-
recida com uma taça de um bom vi-
nho tinto na taça de cristal.
Não precisamos de tanto para ser
feliz, olhe uma criança pobre e quando al-
guém bate em sua porta com um simples car-
rinho ou uma boneca de pano, você ganha um sorriso que
não tem tamanho, um sorriso que dá gosto de ver. Muito
diferente de uma criança rica.
Preste atenção em uma brincadeira de um amigo se-
creto, quando alguém recebe presente milionário beija seu
amigo com uma falsidade igual a de Judas quando beijou
Cristo, se recebe algo simples sua feição muda e corre para
o banheiro retocar sua maquiagem de tanta raiva. Porque
somos tão egoístas, falsos com as pessoas que amamos?
Na minha infância existia aquela jardineira/ônibus
com frente de caminhão que nos levava estrada a fora. Mi-
nha diversão era encher um bornal de sementes e correr
de um lado para outro, jogando sementes de felicidade.
Quem sabe um dia iria colher flores nas estradas e colorir
a vida com minha felicidade.
Conheço um padre na Penha que só de você se apro-
ximar dele a luz emanada por ele lhe traz uma felicidade
grande. Ele nem precisou bater em sua porta, ela já entrou
em seu coração. Se você tiver a sorte de ganhar um abra-
ço então, é uma gratidão. Esse padre chama-se Ataíde... É
meu grande amigo. Tenho muito carinho e respeito por ele.
Você não ganhou carrões e nem joias, ganhou amor
espiritual. Isso é felicidade. Hoje você não vê mais nin-
guém ao seu lado, no ponto de ônibus, metrô, restaurantes,
cinemas... Estão todos ligados na tal de internet.
Hoje temos até uma nova doença que os médicos cha-
mam de doença da cabeça baixa. Você já prestou atenção
quando vê crianças em uma creche brincando? Todas estão
felizes, unidas em um único amor: a felicidade. Penélope, a
grande Rainha de Troia, desembaraçava um grande novelo
de lã para tecer um belo casaco para seu esposo quando ele
voltasse da guerra. Para ela era uma grande felicidade revê-
-lo. Camões, mesmo na guerra, escrevia contos e poemas
enquanto estava repousando. Homero escrevia, em suas fol-
gas... E todos eram felizes. Alexandre, o Grande, conquis-
tou o mundo, e em seus últimos dias falou com seus orienta-
dores e sábios: conquistei o mundo, e daí? Sem nada vim e
sem nada estou indo embora. Só existe um ser superior
que cura, portanto quero minhas mãos para fora do
caixão para provar que nada estou levando.
Deixe a felicidade bater em sua porta, mesmo
que seja a visita de um amigo.
Agradeço a todos os meus amigos.
Gildásio Paixão
– Empresário Penhense, proprietário
da Ultrasom Car Desing - Revisão do texto: Prof e diretor
aposentado Darbi José
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