CityPenha Janeiro 2016 - page 22

Janeiro / 2016 - nº 104
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Voluntariado médico do Cangaíba
completa 40 anos
Data é marcada com missa celebrada por Dom Odilo Scherer
D
estaque
O voluntariado médico do Cangaíba comemorou seus 40 anos
com missa celebrada por Dom Odilo Pedro Scherer, Padre Luis
e Padre Emerson e a Igreja Bom Jesus do Cangaíba repleta de
pessoas do bairro e pacientes, que vieram prestigiar os voluntá-
rios. Estiveram presentes os médicos que há 40 anos dedicam os
seus sábados para atender gratuitamente a população necessitada,
Dr. Gilberto Natalini, Dr. Nacime e Dr. Francé, os médicos que
começaram o voluntariado, mas que não puderam continuar, Dr.
Walter Feldman, Dr. Julio César, Dr. Daniel Klotzel e Dra. Sula,
além dos novos e antigos voluntários. O Senador José Serra, o
Cônsul de Israel em São Paulo - Sr. Yoel Barnea e o Presidente do
Conselho Nacional Armênio, também fizeram questão de presti-
giar o evento, entre tantas outras autoridades. Representantes do
CREMESP e da APM também estiveram presentes.
Tudo começou em 1972, dentro de uma cela do DOPS - De-
partamento de Ordem Política e Social, quando se encontraram
dois sobreviventes da tortura, inconformados com a ditadura ins-
talada pelo golpe de 1964 - o estudante de medicina Gilberto Na-
talini e o operário João Chile. Pouco antes de saírem da cadeia,
durante uma das discussões que os presos organizavam na cela, o
operário desafiou o estudante:
"Vocês vão é cuidar dos ricos quando se formarem. Só estão
pensando no povo agora, jovens cheios de ilusões". Natalini de
imediato compreendeu que não havia ali uma provocação incon-
sistente. Chile pensava no contexto social de cada um.
"Nosso compromisso é profundo", assegurou Natalini. "Pro-
meto que vamos procurar você quando a gente se formar".
E assim foi. Os médicos recém formados, entre os quais al-
guns ainda estudantes, organizaram o Atendimento Médico Vo-
luntário do Cangaíba. Na época contaram com o apoio do bispo
da zona leste II, Dom Angélico Sândalo Bernardino, dos padres à
frente da igreja e das senhoras do bairro.
O trabalho dos médicos do Cangaíba nasceu de um sonho. E
esse sonho dura até hoje, porque recebeu o apoio e o carinho da
população. O Ambulatório Médico Voluntário já atendeu nesses
40 anos cerca de 150 mil pessoas e quase 3 mil cirurgias foram re-
alizadas ali, no local. Mas, além do atendimento, o grande mérito
desse trabalho foi, num período difícil, em plena ditadura militar,
começar um trabalho de mobilização e organização popular, pri-
meiro no Cangaíba, depois na Zona Leste e em toda cidade, que
serviu de referência para o país inteiro. Com a parceria da Igreja e
das lideranças populares mais combativas, o grupo de médicos do
Cangaíba organizou parcelas importantes da população pela saú-
de pública, pela qualidade de vida e pelas liberdades democráti-
cas. Não dá para contar o número de reuniões, encontros, eventos,
abaixo-assinados, movimentos sociais, boletins, jornais, panfle-
tos, cartilhas, vídeos, filmes, entidades, intervenções, passeatas,
propostas, reinvindicações e conquistas concretas que foram rea-
lizados nessas 4 décadas pela Associação Popular de Saúde. E o
mais importante, é que a luta continua, hoje com novas formas,
mas com a mesma energia e os mesmos sonhos do início.
AAssociação Popular de Saúde, entidade responsável pelo vo-
luntariado, que nasceu da luta popular por saúde
e qualidade de vida, vem cumprindo bem o seu
papel durante esse 40 anos. Muitas conquistas e
melhorias estão aí hoje para comprovar. Porém,
com a democracia, a sociedade civil e as orga-
nizações não governamentais passaram a fazer
um papel importante na prestação de serviços à
população. E assim aconteceu! Hoje a associa-
ção tem duas grandes creches na região do Can-
gaíba em convênio com a prefeitura. Administra
um Bom Prato no Itaim Paulista há muitos anos,
fornecendo 1800 refeições por dia, em convênio com Governo Es-
tadual. Mantem oficinas culturais, grupos de idosos, eventos e en-
contros populares. Teve um Telecentro da Prefeitura. Esse trabalho
tem um corpo de administração, coordenado pela Cristina e uma
equipe de colaboradores. Portanto, além do tradicional voluntaria-
do médico, outros serviços são oferecidos pela entidade.
"Temos um carinho imenso por esse voluntariado, atendemos
pessoas do bairro, pessoas que vem de fora do estado, pessoas de
todos os credos, enfim quem nos procurar certamente será atendi-
do", disse o Dr. Gilberto Natalini.
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