CityPenha maio 2017 - page 20

Maio / 2017 - nº 120
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Apontado como um jogo que teve origem na Rússia, o
‘Baleia Azul’ tem um curador ou moderador que distribui
os desafios a partir de um grupo secreto onde os contatos
são iniciados pelo Facebook. Entre os desafios estão provas
mórbidas que de certa forma preparam os participantes para
o suicídio.
O jogo da 'Baleia Azul', que propõe 50 desafios aos ado-
lescentes e sugere o suicídio como última etapa, preocupa
pais, alunos e professores no Brasil. Há pelo menos dois
casos de morte sob investigação policial, em Mato Grosso
e na Paraíba, além de uma tentativa de suicídio, no Rio de
Janeiro, que supostamente podem ter relação com o jogo.
O que atualmente está sendo conhecido como "jogo" na
verdade é uma sequência de troca de mensagens em redes
sociais e tarefas a serem cumpridas.
Nas conversas, um grupo de organizadores, chamados
"curadores", propõe 50 desafios macabros aos adolescentes,
como fazer fotos assistindo a filmes de terror, automutilar-se
desenhando baleias com instrumentos afiados em partes do
corpo e ficar doente.
Segundo o presidente da Safernet, Thiago Tavares, o
jogo foi um “fake news” (notícia falsa) divulgada por um
veículo de comunicação estatal da Rússia que se espalhou
a partir de 2015. “Era um ‘fake news’, mas existe um efeito
que, sendo verdadeira ou não, a notícia gera um contágio,
principalmente entre os jovens. O jogo não existia, mas com
a grande repercussão da notícia, pode ter passado a existir.”
São desafios típicos, por exemplo: escrever frases e fa-
zer desenhos com lâminas na palma da mão e nos braços,
assistir a filmes de terror de madrugada, subir no alto de
um telhado ou edifício, escutar músicas depressivas, mutilar
partes do corpo, ficar doente, ir a uma estrada de ferro de
madrugada, receber e aceitar uma data para a sua morte e
cumprir essa missão.
Na última semana, a morte de Gabriel Antônio dos San-
tos Cabral, de 19 anos, passou a ser investigada após a famí-
lia descobrir que ele jogava o ‘Baleia Azul’.
O caso aconteceu em Pará de Minas, Gabriel tinha mu-
lher e uma filha de apenas 40 dias e segundo sua mãe, Maria
de Fátima Santos, de 37, vinha tentando deixar esse grupo,
mas sofria uma pressão muito grande.
O corpo dele foi encontrado pela mulher sobre a cama
do casal. A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros foram
acionados e os socorristas encontraram cinco cartelas vazias
de um antidepressivo. Estima-se que o rapaz tenha ingerido
dezenas desses comprimidos na noite anterior
Veja algumas dicas de como lidar com esse tema:
Fique atento à mudança de comportamento
Uma mudança brusca de comportamento pode ser sinal
de que a criança ou o adolescente esteja sofrendo com algo
que não saiba lidar, segundo Elizabeth dos Reis Sanada,
doutora em psicologia escolar e docente no Instituto Sin-
gularidades.
“Isolamento, mudança no apetite, o fato de o adoles-
cente passar muito tempo fechado no quarto ou usar roupas
para se esquivar de mostrar o corpo são pistas de que sofre
algo que não consegue falar”, diz.
Compartilhe projetos de vida
Para entender se a criança ou adolescente está com pro-
blemas é fundamental que os pais se interessem por sua ro-
tina. Elizabeth reforça que este deve ser um desejo genuíno,
e não momentâneo por conta da repercussão do “Jogo da
Baleia”.
“Os pais devem conhecer a rotina dos filhos, entender o
que fazem, conhecer os amigos”, afirma a Elizabeth.
Ela lembra que muitos adolescentes “falam” abertamente
sobre a falta de motivação de viver nas redes sociais. Aos pais
cabe incentivar que os filhos tenham projetos para o futuro,
tracem metas como uma viagem, por exemplo, e até algo
mais simples, como definir a programação do fim de semana.
Abra espaço para o diálogo
Filhos devem se sentir acolhidos no âmbito familiar, por
isso, Elizabeth reforça que é necessário que os pais revertam
suas expectativas em relação a eles. “É preciso que o adoles-
cente se sinta à vontade para falar de suas frustações e se sinta
“Baleia Azul”
o risco do momento nas redes sociais
D
estaque
por Adriana Nogueira
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