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Novembro / 2015 - nº 102
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A importância da
alfabetização vai além
do ambiente escolar
C
apa
Segundo uma recente pesquisa feita pelo Pnad - Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios e divulgada em 2014
pelo IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística,
o Brasil ainda possui 13 milhões de pessoas maiores de 15
anos que são analfabetas. O número ultrapassa a população
paulistana (11,8 milhões) e representa mais de 8% da po-
pulação habitante no país. Considera-se analfabeto a pessoa
que não consegue ler e escrever algum pequeno trecho de um
simples bilhete. A importância da alfabetização, entretanto,
ultrapassa as margens do caderno e os portões dos colégios.
Segundo o educador e filósofo brasileiro Paulo Freire (1921-
1997), ícone mundial no âmbito pedagógico, todo ato de
educação é um ato político e tem o poder de conscientização.
A sociedade, mais do que nunca, cobra cidadãos alfa-
betizados, letrados e educados, tendo em vista as diversas
ferramentas de comunicação e tecnológicas criadas dia após
dia. Trazendo a questão ainda mais para o universo digital,
atualmente são raras as pessoas que não possuem celulares
e computadores; livros, e-books, redes sociais; sites e por-
tais de notícias. A forma de se relacionar com o mundo so-
fre cada vez mais modificações. Ser alfabetizado pode ser
a base para uma boa formação e para acompanhar as trans-
formações do mundo. Há duas esferas que exercem papéis
fundamentais no processo de alfabetização da criança, que
são a escola e a família. Segundo a pedagoga e professora de
Educação Infantil Mirian de Sousa, 33, é dar subsídios aos
filhos pequenos para o acesso à educação. "O papel dos pais
se constitui em estimular a criança no contato com os mais
diversos símbolos e códigos linguísticos, seja por meios de
livros, músicas, revistas e tantos outros recursos disponí-
veis", comenta.
Segundo informações do Portal Educação (portaleduca-
cao.com.br), a idade ideal para que a criança inicie a alfabeti-
zação é entre seis e sete anos, podendo durar aproximadamen-
te dois anos seguidos. Para a pedagoga Mirian Sousa, apesar
de alguns especialistas apontarem uma idade adequada para
a alfabetização, o desenvolvimento depende, essencialmente,
do ritmo de cada criança. "Não é possível estabelecer um nú-
mero [idade], visto que a criança é um indivíduo único em
processo de desenvolvimento. Os estímulos e o processo de
maturação irão depender exclusivamente de cada um, o que
pode tornar o processo diferente para cada criança", explica
a profissional, que ressalta a importância de atividades lúdi-
cas para o desenvolvimento educacional. "Devem-se destacar
as interações sociais e o lúdico no processo de construção do
conhecimento, propondo, assim, o contato com jogos pedagó-
gicos que estimulam o processo de alfabetização", diz.
A alfabetização não é um tema que gira apenas em torno
do universo infantil. Infelizmente, segundo um levantamento
realizado pela Plataforma QEdu a pedido da Revista Exame,
1,3 de crianças e adolescentes deixaram os estudos em todo o
Brasil no ano letivo de 2013. Muitos deles não retornam logo
aos estudos, tardando a retomada à escola para a fase adulta.
Muitos, inclusive, já na terceira idade. Os motivos dessas
desistências (evasão escolar) são diversos, como a distância
entre a escola e a residência, a falta de transporte e não haver
um adulto para levar até o colégio. Uma das justificativas
mais comuns, entretanto, é ainda a necessidade de trabalhar
fora e não haver tempo para os estudos.
Muitas instituições particulares e públicas oferecem um
plano especial de estudos para as pessoas que querem re-
tornar às salas de aula. Os dois termos e formatos mais co-
nhecidos são os supletivos e o EJA - Educação de Jovens
e Adultos, que são subdivididos eminentemente em módu-
los de seis meses por período. O objetivo é dar acesso para
quem não pode estudar no tempo adequado, além de incen-
por Arilton Batista
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