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Novembro / 2015 - nº 102
C
apa
tivar a continuidade aos estudos, como o ingresso na
universidade. Para a professora de português e espanhol
Patrícia Batista, 44, o retorno aos estudos por meio do
EJA, por exemplo, proporciona benefícios que vão além
do campo acadêmico. "Ao retomar os estudos, eles se
socializam, aprendem conteúdo e ganham independên-
cia. Estudar, para esse grupo, significa principalmente
a chance de alargar horizontes", comenta a educadora,
que complementa: "A importância da educação vai além
do aumento da renda individual ou das chances de se
obter um emprego. É pela educação que aprendemos a
nos preparar para vida".
SEMPRE É TEMPO DE ESTUDAR - Nascida na
Vila Maria, Zona Norte da capital, Cleide Del Mando,
65, foi, como ela diz "praticamente criada pela avó".
Nasceu com uma habilidade: aos dez anos já sabia cortar
cabelo. Quando estava na 4ª série, sob oferta da avó, que
sempre a incentivou na carreira, teve de escolher entre o
ingresso no extinto ano de admissão (período entre a 4ª e
a 5ª série) e um curso profissionalizante de cabeleireira.
Cleide optou por dar continuidade na vida profissional.
Se formou no curso aos 16 anos e se casou com 19. Logo
teve filhos e o plano de estudos foi ficando cada vez mais
distante, devido as tarefas domésticas e principalmente
o trabalho fora de casa. "O tempo foi passando e eu fui
deixando de lado algo que sempre quis fazer, mas que
me faltou oportunidade", lamenta.
O retorno à escola aconteceu quando Cleide já es-
tava com 49 anos, após a influência de algumas amigas
do bairro. Segundo a cabeleireira - hoje dona de casa
-, o que mais a incomodava antes de concluir o Ensino
Médio era quando precisava preencher algum formulá-
rio ou quando era questionada em algum local público
sobre seu nível de escolaridade. "Pra mim era a morte
ter que responder que tinha até a 4ª série. Aquilo acabava
comigo. Isso foi o que mais me motivou a voltar para a
escola. Tá certo que eu sempre pensava nesse retorno,
independente dessa questão", diz.
Apesar de não der dado continuidade aos estudos
quando criança, Cleide sempre se mostrou uma pessoa
muito interessada, sobretudo. Fez, além da profissionali-
zação, curso de inglês e estudava outros temas em casa.
"Eu sempre gostei muito de estudar. Ver meus filhos se
formando e eu ter estudado apenas até a 4ª série me fazia
mal. A escola me ajudou muito na autoestima, principal-
mente. Eu enchia a boca para dizer que voltei a estudar e
que me formei", comenta.
A formatura de Cleide aconteceu no início dos anos
2000 na Escola Estadual Dom Miguel Kruse, no Jardim
Danfer, Zona Leste. A vontade de dar continuidade nos
estudos e se matricular no curso de psicologia foi breca-
da em decorrência de uma enfermidade com o marido,
que demandou dela um maior empenho nas tarefas da
casa. "A época da escola foi, para mim, sem dúvida, uma
das melhores em toda a minha vida", finaliza.
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